“Havia uma terra de fidalgos e plantações de algodão. Chamava-se ‘Velho Sul’…
Lá, nesse belo mundo, o cavalheirismo teve o seu último grande momento…
Lá puderam ser vistos pela última vez os cavalheiros e suas damas, os senhores e os escravos…
Você só vai encontrá-la nos livros, pois ela não é mais que um sonho relembrado.
Uma civilização que o vento levou…”
Em junho de 1936, foi lançado o livro Gone with the Wind, de autoria da jornalista Margaret Mitchell, que começou a escrevê-lo durante um período de convalescência. Best-seller instantâneo, recebeu um Prêmio Pullitzer em 1937. Seus direitos para o cinema foram adquiridos pouco mais de um mês após o seu lançamento, pelo produtor David O. Selznick, que pagou a bagatela de US$ 50.000,00 (um recorde para a época).
O produtor tinha planos de fazer um filme ambicioso, algo que as pessoas lembrariam eternamente e que seria um marco na história cinematográfica. Para isso, resolveu contratar os melhores – desde que estes, é claro, estivessem mais do que dispostos a seguir suas ordens. Embarcaram no projeto o diretor George Cukor, o diretor de arte Lyle Wheeler e o desenhista de produção William Cameron Menzies, que produziu detalhados storyboards para cenas capitais que seriam trabalhadas posteriormente.
O roteiro, creditado apenas a Sidney Howard, sofreu severas intervenções de Ben Hecht, F. Scott Fitzgerald, William Faulkner e do próprio produtor. Cenas chegaram a ser reescritas no mesmo dia em que eram filmadas.
O elenco coadjuvante não deu muito trabalho. Olívia de Havilland conseguiu o papel de Melanie Wilkes. Leslie Howard – depois de condicionar sua participação a que Selznick, que não queria outro ator, produzisse seu próximo filme, Intermezzo, também de 1939 – envergonhadamente topou o papel de Ashley Wilkes, mas fez um trabalho completamente apático, pois se achava velho para o papel e que E o Vento Levou seria um filme de mulherzinha. Terminou sendo um dos pontos baixos da obra, pois ninguém que assistia a película se convencia que a forte Scarlett pudesse desdenhar do vibrante, valente e simpático Rhett em benefício de um apagado e sem graça Ashley.
Terminados os trabalhos de filmagem (que duraram dois anos e sete dias), haviam de 28 a 83 horas de filmagens para serem editadas (de acordo com diversas versões). Trancado em uma sala com seu assistente, o editor Hal C. Kern não só não consultou nenhum dos diretores envolvidos na montagem final, como chegou a exigir a filmagem de cenas adicionais, no que foi atendido. A edição final ficou com quase quatro horas de duração, e o filme foi dividido em duas partes (inclusive há um “intervalo” no meio do filme).
O filme conta a história de Scarlett O’Hara, filha de um irlandês rico radicado no Sul dos EUA. Apaixonada pelo seu vizinho, Ashley Wilkes, fica arrasada quando descobre que o mesmo se casaria com Melanie e depois partiria para a guerra. Ela conhece o mulherengo, boa pinta, debochado e rico Rhett Butler. Aparentes coincidências do destino parecem sempre colocá-lo no caminho dela, inclusive salvando sua vida por mais de uma vez. Apaixonado por Scarlett, reluta em se entregar a esta paixão por sabê-la amando um homem comprometido. Enquanto os anos passam, Scarlett aprende com a miséria decorrente da guerra a se tornar uma mulher manipuladora, sempre declarando fazer tudo porTara, a fazenda de sua família. Ela chega a se casar com Butler, mas uma tragédia terrível e os anos de desprezo da parte dela por conta de uma inexplicável paixão por um homem fraco e apagado terminam fazendo com que esta história não tenha um final feliz.
E o Vento Levou, que chegou a ser apontado como candidatíssimo a ser um dos maiores fracassos da história do cinema, triunfou. É até hoje o filme com o maior número de ingressos vendidos de todos os tempos, com seus mais de 200 milhões de ingressos comercializados (pra comparar, o campeão de arrecadação, Avatar, vendeu pouco mais de 60 milhões de ingressos). Ficou em cartaz ininterruptamente durante toda a Segunda Guerra Mundial em diversos cinemas dos EUA. É um dos três filmes – ao lado de Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White anda Seven Dwarfs, 1937) e O Exorcista (The Exorcist, 1973) – a ser reprisado com lucro ao longo dos anos. Cenas empolgantes como a do incêndio de Atlanta (uma filmagem original de 115 minutos, em que foram destruídos antigos cenários), a de Scarlett caminhando entre os mortos da Batalha de Gettysburg e a mesma personagem em Tara, declarando que nunca mais sentiria fome novamente, são consideradas clássicas até hoje.
Venceu oito Oscars: Filme (primeiro filme colorido a alcançar o prêmio), Diretor, Atriz, Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniel), Roteiro Adaptado, Direção de Arte (trabalho estupendo de Lyle R. Wheeler), Fotografia e Montagem.
Ainda recebeu mais cinco indicações – Ator, Atriz Coadjuvante (Olivia de Havilland), Efeitos Especiais, Trilha Sonora e Som – e recebeu um Especial (para R. D. Musgrave pelo pioneirismo na utilização de equipamentos coordenados durante a produção) e um Honorário – para William Cameron Menzies.
A obra hoje recebe severas críticas. Muitas pessoas acham o filme monótono, outros o consideram extremamente piegas. Isso é verdade, principalmente na sua segunda parte, em que há uma bruta queda, se recuperando apenas no fim com o diálogo arrasador de Rhett e Scarlett. Mas, se formos situar as coisas no seu devido tempo, até que as coisas não ficaram tão ruins. Era mais do que comum, na época, que romances transpostos para as telas se tornassem dramalhões constrangedores de tão ruins.
Muitas pessoas não gostam da forma como os negros são retratados, como se fossem quase felizes de servirem aos seus patrões, que, por sua vez, são mostrados de forma extremamente benevolente. Isso, na época, fazia parte de um movimento que tentava mostrar que o Sul não era o “inferno para as pessoas de cor” retratado por anos. Mas a mão pesada dos roteiristas, diretores e produtores acabou criando este clima ao colocar todos os personagens nortistas como bandidos, sabichões ou tolos.
É um bom filme. Sua concepção artística, sua ousadia técnica e atuações acima do padrão da maioria dos seus atores fazem com que seja extremamente satisfatório, ainda nos dias de hoje, (re)assistir esta obra.
Em 2001, a escritora Alice Randall lançou uma versão de E o Vento Levou na ótica dos escravos. Foi processada pelos descendentes de Margaret Mitchell.
Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.
Que sensacional! Eu era pequena em uma das vezes que passou e ficava sozinha até tarde assistindo. Não sei como meus pais deixaram, porque passava de madrugada. Grande clássico! Me fez lembrar que quem gosta de filmes antigos agora pode assisti-los online no Oldfllix http://www.oldflix.com.br
Vale a pena investir na Edição de Colecionador, com quatro discos. Além de um monte de extras sensacionais, tem o filme com a versão dublada clássica (o que não é fácil de encontrar)!
Primor de artigo, adorei! Adoro esse filme, adoro cinemão, adoro akele final q te deixa no contrapé forever, adoro o anti-herói e a anti-heroina! Sempre amei o filme sem saber nada da produção caótica ou incríveis estatísticas! Agradeço a ótima leitura. Favoritei pra de vez em qdo ler de novo, qdo esquecer algum detalhe! 🙂
Que sensacional! Eu era pequena em uma das vezes que passou e ficava sozinha até tarde assistindo. Não sei como meus pais deixaram, porque passava de madrugada. Grande clássico!
Me fez lembrar que quem gosta de filmes antigos agora pode assisti-los online no Oldfllix
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Se bem me lembro, E o Vento levou era um dos filmes “de fim de ano” da Globo. Lembro de várias vezes assisti-lo entrando pela madrugada também…
Assisti como série. Acho que passou em uns 4 dias.
Gezuisssss…. Me lembro disso! Faz teeeeeeeeeempo.
Eu lembro, tava com os VHS do Vento Levou e também Ruas de Fogo.
Do Vento só lembro de ” Scarlett me BÊXE! ” e também que o ator
nunca escovava os dentes e vivia entupido de perfume!
HAUHAUHAUHAUAHUAHUAHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUAHUA
Texto maneiro, JoJota! =D
Bom lembrar que o Gable não era um “imundo”. Ele fazia isso de sacanagem com a Vivien Leigh, que vivia às turras com o Fleming, amigo do ator.
Curto tanto que tenho o Dvd original.
Gostei de saber que foi uma das obras pioneiras a adotar o processo de Storyboard.
Adorei o tema.
Valeu, Luciana.
Vale a pena investir na Edição de Colecionador, com quatro discos. Além de um monte de extras sensacionais, tem o filme com a versão dublada clássica (o que não é fácil de encontrar)!
http://images.livrariasaraiva.com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_id=167699&qld=90&l=370&a=-1
Primor de artigo, adorei! Adoro esse filme, adoro cinemão, adoro akele final q te deixa no contrapé forever, adoro o anti-herói e a anti-heroina! Sempre amei o filme sem saber nada da produção caótica ou incríveis estatísticas! Agradeço a ótima leitura. Favoritei pra de vez em qdo ler de novo, qdo esquecer algum detalhe! 🙂
Valeu. fica pra você a mesma dica da Luciana: compre Edição de Colecionador! Vale a pena.