Faça um pequeno exercício de imaginação. Seus pais moram no Kansas. Eles se chamam David e Laura Kent. Você nasceu com cabelos pretos, pele branca… Que nome você acha que, num surto de inspiração, seus pais lhe dariam? Pois é… Esta é a história de um Clark Kent do mundo real. Um cara simples, sem nada de especial.
Será mesmo?
Clark detesta o próprio nome. Ele não aguenta mais ganhar revistas, bonecos, camisas, canecas e trocentas outras coisas com o logo do Homem de Aço. Não suporta mais as piadinhas no colégio. Também está cansado de explicar aos nerds que não, ele não entende nada de revistas em quadrinhos, DC ou cronologia.
Ele costuma, para fugir disso tudo, acampar nas montanhas sozinho. E é numa dessas viagens que ele descobre que, de uma hora pra outra, tem todos os poderes do personagem de HQ cuja identidade secreta é seu homônimo.
Como acho que aconteceria com qualquer pessoa normal, ele vai do espanto ao êxtase. Se enche de dúvidas e de medo. E termina se focando em uma questão básica: o que fazer com esses poderes?
Kurt Busiek montou uma HQ emocionante, dando uma resposta plenamente aceitável para “o que aconteceria se o Superman existisse?”. Ele se foca não apenas no próprio Clark como na mídia e no governo. O roteirista pode até ser acusado de ser um pouco otimista demais ao achar que alguém com tantos poderes seria altruísta, mas da forma que a história foi montada ficou crível e muito bem balanceada com a reação externa das pessoas.
Uma das coisas (sim, são muitas boas sacadas!) que torna essa história indispensável é que Busiek aproveita para refletir sobre dramas que – pelo menos – podem existir na vida de cada um de nós: amadurecimento, relacionamento, paternidade e velhice. Seu Kent se mostra tão humano que os poderes parecem ressaltar ainda mais sua humanidade ao invés de afastá-la.
Stuart Immonen e sua arte dispensam comentários. Ele brinca com as cores, afastando a monotonia nos momentos em que o escritor precisa se estender mais em algumas reflexões do personagem e nos presenteia com pequenos quadros de força íntima (reparem nos olhos dos personagens) e depois nos entrega uma cena mais forte, mais aberta, de dizer p$#@ que pariu!
Ah, e você achará bem mais de uma cena de Man of Steel que saiu daqui.
Uma leitura não só para os fãs do personagem como para os fãs do conceito do Homem de Aço desenvolvido ao longo dos anos, principalmente pela sua humanidade, bondade e boa vontade.
Show de bola. Sou uma lesma e não tinha lido esta história. Erro crasso que precisa ser sanado…
Vale mesmo a pena, King. Qualidade de texto e arte bem acima da média.
Parece ser bom! Também ainda não li isso. Vou correr atrás desse preju, até porque o Busiek é um escritor bastante interessante. Parabéns pelo post, Jota.
Colossus, pode ir sem medo. Os trechos que usei como legendas dão mesmo uma amostra da qualidade do texto. Apesar de ser um HQ, poderia ser um livro numa boa, com excelentes reflexões sobre amor, amizade, confiança, paternidade, velhice…
Lerei!
A melhor história do Clark Kent já escrita.
Sem dúvida alguma, uma abordagem interessante para um “e se os heróis realmente existissem?”
Espetacular a resenha e o comic.