Tecnologia

Inteligência Artificial Olfativa: Projeto Brasileiro Desenvolve Tecnologia para Sentir Aromas em Realidade Virtual

Imagine viver experiências digitais em que, além de ver e ouvir, você também pode sentir cheiros — como o perfume de flores ou o aroma de um café recém-passado. Essa inovação está cada vez mais próxima de se tornar realidade graças ao projeto SOFIA, desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG). A sigla significa Estrutura Sensorial Olfativa de IA Imersiva, e o objetivo é simples e ambicioso: permitir que a realidade virtual tenha cheiros reais.

Sob a liderança da professora Carolina Horta Andrade, da Faculdade de Farmácia, e com apoio do Instituto de Informática (INF) e do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), o projeto SOFIA utiliza inteligência artificial (IA) para criar simulações de odores e integrá-los em dispositivos de realidade virtual e aumentada.

A iniciativa acontece dentro do Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (AKCIT), da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), e promete revolucionar áreas como educação, saúde, entretenimento e até a indústria automotiva e de cosméticos.

Como Funciona a Realidade Virtual com Cheiros?

O grande diferencial do projeto SOFIA é o uso de modelos de IA baseados em padrões químicos e perceptuais para mapear a relação entre moléculas e a percepção olfativa humana. A tecnologia analisa bancos de dados complexos com ajuda de machine learning, buscando simular com precisão os cheiros que conhecemos no mundo físico.

De acordo com a professora Carolina Andrade, um dos maiores desafios está na própria complexidade do sistema olfativo humano. “Estamos desenvolvendo mapas de interação entre substâncias químicas e os diversos receptores olfativos do corpo, para entender como essas combinações resultam na sensação de um determinado odor”, explica.

Aplicações Inovadoras: Da Terapia ao Entretenimento

A tecnologia criada pela UFG tem aplicações práticas promissoras. Por exemplo, ao ser integrada a óculos de realidade virtual, pode oferecer uma imersão sensorial completa em jogos, experiências educativas ou tratamentos de saúde.

Na área médica, a IA olfativa poderá auxiliar em terapias voltadas para ansiedade, depressão e doenças neurodegenerativas, utilizando aromas para criar ambientes mais realistas e emocionalmente positivos para o paciente.

Além disso, a indústria de perfumes e o setor automotivo já vislumbram formas de aplicar essa inovação ao marketing olfativo, criando experiências sensoriais únicas de marca por meio da simulação de fragrâncias em ambientes virtuais, como showrooms e eventos promocionais.

Desafios e Avanços Tecnológicos

Apesar do potencial, o projeto enfrenta desafios técnicos consideráveis, especialmente no desenvolvimento de um hardware compacto capaz de liberar aromas de forma sincronizada com o ambiente virtual. Esse dispositivo deverá ser integrado a headsets de realidade virtual, o que exige precisão e eficiência energética.

Mesmo assim, os avanços são significativos: o projeto SOFIA já rendeu publicações científicas internacionais e apresentações em eventos especializados, consolidando sua relevância global no campo da tecnologia sensorial e realidade virtual com IA.

Atualmente, o foco da equipe está em refinar os modelos de inteligência artificial para simular as respostas olfativas com ainda mais precisão, além do desenvolvimento do prototipador de cheiros que será acoplado aos óculos de realidade virtual.