Ainda pequeno, fiquei maravilhado com a descoberta das magnificas HQ brasucas de Drácula, majoritariamente realizadas pelo tremendo desenhista que foi Nico Rosso, escritas primeiro pelo radialista Helio Porto, e depois , durante longos anos, pela fulminante roteirista Helena Fonseca, cujas outras atividades desconheço. No comecinho do presente seriado de aventuras, falei que consegui de meu pai a aquiescência com a continuidade da minha leitura de HQ mostrando a ele as revistas COMBATE – documentários gráficos de alta categoria realizados pelo hoje lendário quadrinhista Sam Glanzman, veterano de guerra que soube deixar bem claro que a dita é o inferno, e isso antes de Joe Kubert adotar a frase como fechamento das aventuras do Sargento Rock, que sabia reconhecer sua influencia.
Pois bem, nunca corri o risco de mostrar esses gibis ao meu pai! Ainda mais que, com outros moleques, graças ao modo sexy como Rosso sempre desenhou mulheres, gostava de imaginar o que aconteceria se o vampiro mordesse as bundas das moças!! E, naquela época, os hoje distantes anos 1970, qualquer sugestão de sexo era muito proibida em minha casa!! Sim, os bem informados sabem que escondi com rigor maior ainda os gibis (“catecismos”, como a gente chamava aquelas ousadas publicações que nos ensinavam os rudimentos da missa que nos interessava) do Carlos Zéfiro, iniciador sexual de gerações inteiras de brasileiros!
Hoje, nas releituras que tenho feito, deparo muito, também, com o caráter francamente feminista das aventuras de Naiara, a filha de Drácula, criação da muita produtiva colaboração entre os mesmos Nico Rosso e Helena Fonseca. Naiara, moça fina, só bebia sangue em taças! Mais importante – ela escolhia muitíssimo bem suas vítimas! Apreciava, isso é ponto pacífico, o sangue dos canalhas em geral e, em especial, dos molestadores de mulheres! Estudava o que faziam com elas, e depois fazia com eles, antes de beber seu sangue… Sim, o Pedro Paulo, infeliz candidato do PMDB à prefeitura do Rio de Janeiro, teria sérios problemas com essa “moça fina”!
Sua trajetória (a dela) ilustra muito bem o forte papel do roteiro na realização de boas HQ!! Pois Nico Rosso, era evidente, claramente apreciava seu texto e rendia muito bem com ele, feito igualado apenas por seu grande amigo, o príncipe do roteiro das HQ de terror brasileiras, R.F. Lucchetti!! Creio que essa foi a primeira vez que fui exposto às virtudes do feminismo, muito antes de aprender a palavra…
Chegamos, portanto, ao momento em que devo justificar o aparente erro no título que dei a esse seriado de aventuras… COMBARTE!! Evidentemente, manteremos o suspense, continuamos no próximo e emocionante episódio!!
De acordo com o R. F. Lucchetti, a Naiara foi criada pelo René Barreto Figueiredo
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Ana