Homens de Aço, Ferro e Adamantium

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Finalmente me desincumbi da missão de assistir aquelas que foram as três maiores apostas dos Estúdios no quesito “adaptação de HQs” do ano. Acho que isso nem está em discussão, já que o próprio investimento dos estúdios mostra a veracidade desta afirmação. Mas… E aí? Valeram a pena?

Devo antecipar que estas análises são feitas na ótica de um fã do material original, os quadrinhos. Entendo que filmes são adaptações e não transposições, mas tenho uma ideia de até que ponto a coisa pode funcionar. Para evitar que minhas opiniões aqui expressadas fossem toldadas por empolgações momentâneas ou antipatias imediatas, tive o cuidado de assistir e re-assistir, calmamente, cada um dos filmes.

OBJETIVOS

As três obras são os principais lançamentos de seus estúdios este ano (e acho que não apenas no nicho “filme de quadrinhos”), todas com objetivos bem traçados. Homem  de Ferro 3 (Iron Man 3) é o início da Fase 2 da Marvel nos cinemas, com todo o peso e o bônus do sucesso da primeira volta, que culminou com a estrondosa bilheteria de Os Vingadores (The Avengers – 2012). O novo filme do Latinha inicia assim um projeto que inclui novos filmes de Thor e Capitão América (Hulk, infelizmente, dançou no processo), além de um inesperado filme d’Os Guardiões da Galáxia e o mais que previsível segundo filme d’Os Vingadores.

Homem de Ferro 3 não contou com a direção de Jon Favreau, que se afastou alegando diferenças de objetivo. Boatos, na verdade, sugeriram que a Marvel não renovou com o sujeito porque um acordo anterior teria garantido a ele um salário maior (cerca de quinze milhões de dólares) e uma participação na bilheteria. Shane Black assumiu a cadeira e também a responsabilidade pelo roteiro. Outras mudanças foram nos efeitos especiais (saiu a industrial Light & Magic e entraram a Digital Domain e a Weta Digital. Para ajudar no roteiro, foi contratado o estreante em cinema Drew Pearce.
Homem de Ferro 3 não contou com a direção de Jon Favreau, que se afastou alegando estar envolvido em outros projetos. Boatos sugeriram que, na verdade, a Marvel não renovou com o sujeito porque um acordo anterior teria garantido a ele, em caso de retornar ao comando na terceira parte, um salário maior (cerca de quinze milhões de dólares) e uma participação na bilheteria. Shane Black assumiu a cadeira e também a responsabilidade pelo roteiro. Outras mudanças foram nos efeitos especiais (saiu a Industrial Light & Magic e entraram a Digital Domain e a Weta Digital) e no roteiro, onde, além de Black, foi contratado o estreante em cinema Drew Pearce.

Já a Fox parece empenhada mesmo em retomar o caminho que vinha traçando em X-Men (X-Men2000) e X-Men 2 (X22003), buscando corrigir os erros de X-Men – O Confronto Final (X-Men, The Last Stand2006) e, principalmente, X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine – 2009). Apesar destes dois últimos terem ido muito bem nas bilheterias, foram espancados sem dó pela crítica profissional e amadora, especialmente pelo abandono da abordagem mais científica utilizada nos filmes de Singer, das crises existenciais e do bom-mocismo de Wolverine e o fato de, em quatro filmes, o estúdio ter conseguido estabelecer uma cronologia mutante tão confusa quanto a que a Marvel levou mais de quarenta anos pra “construir” nos quadrinhos. Diga-se de passagem, X-Men – Primeira Classe  (X-Men First Class – 2011) não ajudou muito neste quesito, embora tenha mostrado uma sensível melhora no tocante a roteiro.

A Fox, quem diria, teve problemas até pra convencer Hugh Jackman - que já declarou simplesmente "adorar" ser reconhecido nas ruas como o Wolverine - a retornar ao papel. Mas a simples informação de que este filme seria uma adaptação de Wolverine, de Chris Claremont e Frank Miller, convenceu o sujeito, que disse que, desde a primeira vez que interpretou o canadense, vinha esperando pra levar esta HQ para as telas. De repente, o problema terminou sendo o diretor Darren Aronofsky, que abandonou o projeto sem mais seis meses depois de se engajar a ele, alegando problemas familiares (sua bela esposa Rachel Weisz havia engatado um romance com Daniel "Bond, James Bond" Craig). Depois de uma série de especulações, que incluiu até o brasileiro José Padilha (Tropa de Elite), o diretor de Os Indomáveis (3:10 to Yuma - 2007), James Mangold, foi anunciado oficialmente como comandante da obra.
A Fox, quem diria, teve problemas até pra convencer Hugh Jackman – que já declarou simplesmente “adorar” ser reconhecido nas ruas como o Wolverine – a retornar ao papel. Mas a simples informação de que este filme seria uma adaptação de Wolverine, de Chris Claremont e Frank Miller, convenceu o sujeito, que, desde a primeira vez que interpretou o canadense, vinha esperando pra levar esta HQ para as telas. De repente, o problema terminou sendo o diretor Darren Aronofsky, que abandonou o projeto seis meses depois de se engajar a ele, alegando problemas familiares (sua bela esposa Rachel Weisz havia engatado um romance com Daniel “Bond, James Bond” Craig). Guillermo del Toro recusou a empreitada. Depois de uma série de especulações, que incluiu até o brasileiro José Padilha (Tropa de Elite), o diretor de Os Indomáveis (3:10 to Yuma – 2007), James Mangold, foi anunciado oficialmente como comandante da obra.

Enquanto Marvel e Fox buscam consolidar seus universos cinematográficos, a Warner tenta, mais uma vez, criar um! Depois da bisonha tentativa no equivocadíssimo Lanterna Verde (Green Lantern – 2011), o estúdio apostou todas as suas fichas no seu mais poderoso personagem. Diferente de todas as produções anteriores (não vou MESMO levar em consideração o péssimo filme de Hal Jordan), neste o estúdio inseriu os personagens dentro de um universo mais amplo, onde outros heróis e vilões conhecidos podem existir (ou vir a).

Grande aposta da Warner para, finalmente, iniciar um Universo DC nas telas, Homem de Aço tentou evitar os exageros de Lanterna Verde.
A Warner convidou Christopher Nolan, diretor dos melhores “filmes de quadrinhos” da Warner, para assumir a cadeira também nesta obra. Depois de um sonoro “não”, o diretor mudou parcialmente de ideia e mandou avisar que ele e o roteirista David S. Goyer haviam tido uma ideia que “poderia funcionar” como relançamento do – já nem tão – último sobrevivente de Krypton nos cinemas. Assumindo o cargo de produtor, Nolan, depois de considerar alguns nomes – entre eles Guillermo del Toro, novamente – e sondar Ben Affleck, terminou contratando Zack Snyder, cara que ficou à frente de 300 de Esparta (300 – 2006) e Watchmen(2009), para ser o diretor do primeiro filme do Superman a não trazer o nome do personagem no título. Quando Nolan se afastou para cuidar do péssimo The Dark Knight Rises, a produção de Homem de Aço ficou em stand by.

ASPECTOS TÉCNICOS

Nada a se condenar aqui. As três obras tem boa fotografia (destaque para a do filme da Warner), efeitos especiais bem feitos e bem dosados e, mesmo que não se possa dizer que foram trabalhos primorosos, os diretores executaram suas funções dentro daquilo que foi pedido a eles. Mesmo uma cena que achei simplesmente ridícula em Homem de Ferro 3 acho que foi feita propositalmente ruim por conta do “clima” da produção.

Surfando na onda de comentários que diziam que a Marvel havia despedido Favreau porque pretendia dar uma "amadurecida" na franquia do Homem de Ferro, o es´tudio passou a divulgar diversas imagens em que se via o herói agredido, derrotado, acuado. Mesmo o primeiro teaser passou a ideia de que estaríamos diante um filme muito mais "pesado" do que todos os anteriores.
Surfando na onda de comentários que diziam que teria despedido Favreau porque pretendia dar uma “amadurecida” na franquia do Homem de Ferro, a Marvel passou a divulgar diversas imagens em que se via o herói agredido, derrotado, acuado. Mesmo o primeiro teaser passou a ideia de que estaríamos diante um filme muito mais “pesado” do que todos os anteriores.

Na verdade, não gostei apenas da edição de Homem de Aço. Fiquei, nas três vezes que assisti ao filme, com a sensação de que, como em The Dark Knight Rises, se filmou demais e algumas coisas muito importantes terminaram no chão da sala de edição (algo sem explicação, pois, se era pela metragem do filme, porque se manteve tantas cenas sem sentido algum para a história, por exemplo, todas com Perry White). É como se algumas cenas deixassem claro que ficou faltando algo entre elas. Mas isso só saberemos quando a Warner disponibilizar uma versão do diretor (ou do produtor). Além disso, achei o uso do flashback exagerado, cansativo.  Menos “quebras” na história a deixaria menos cansativa.

PROTAGONISTAS

Pode-se dizer que todos os protagonistas tiveram uma estrada mais fácil com seus personagens. Mesmo sendo o primeiro filme de Henry Cavill como Superman, o ator há anos vem sendo cogitado para o papel. Na verdade, ele foi dado como certo em Superman – O Retorno (Superman Returns – 2006), mas Bryan Singer terminou optando por Brandon Routh (boatos na época afirmaram que o motivo teria sido que o diretor não queria que um não-americano interpretasse um personagem que considerava um ícone nacional).  Problemas relativos a idade também foram resolvidos pelo roteiro, que optou por apresentar o herói com mais de trinta anos. Também não há nenhum trabalho em relação a Clark Kent: ele e Kal-El, neste filme, são rigorosamente a mesma pessoa (o que considerei um erro terrível). Somente na continuação, em que Superman adotará o disfarce de Kent, se poderá realmente avaliar a capacidade interpretativa do primeiro britânico a interpretar o kryptoniano nos cinemas.

Henry Cavill superou a concorrência de nomes como Armie Hammer, Joe Manganiello e Matt Bomer (nunca que vou aceitar que Zac Efron chegou a ser sequer cogitado!). Ele disse que perdeu a ligação de Snyder confirmando sua escolha porque estaria ocupado jogando World of Warcraft. Ao contrário do desejo do diretor, ele vestiu uma versão modificada do uniforme, sem a tradicional cueca vermelha por cima das calças.
Henry Cavill superou a concorrência de nomes como Armie Hammer, Joe Manganiello e Matt Bomer (nunca que vou aceitar que Zac Efron chegou a ser sequer cogitado!). Ele disse que perdeu a ligação de Snyder confirmando sua escolha porque estaria ocupado jogando World of Warcraft. Ao contrário do desejo do diretor, ele vestiu uma versão modificada do uniforme, sem a tradicional cueca vermelha por cima das calças.

Mais à vontade que Robert Downey Jr. é impossível. Algumas pessoas chiam, mas reafirmo minha convicção de que ele faz bem pouco trabalho interpretativo com Tony Stark desde Homem de Ferro 2. Como um novo Jack Nicholson, ele baseia seu trabalho nas telas muito mais em suas toneladas de carisma do que em esforço para criar uma personalidade para o alter-ego do Homem de Ferro. Para piorar, a cada produção o ator parece ter uma opinião pior sobre adaptações de quadrinhos.

Atrasos na produção provocadas por desastres naturais que assolaram o Japão serviram para que Hugh Jackman conseguisse, pela primeira vez, na sua opinião, alcançar a forma física ideal para interpretar o invocado canadense.
Atrasos na produção provocadas por desastres naturais que assolaram o Japão serviram para que Hugh Jackman acreditasse ter, pela primeira vez, alcançado a forma física ideal para interpretar o invocado canadense. Para tanto, ele pegou uma dicas com Dwayne “The Rock” Johnson.

Hugh Jackman deixou de lado suas opiniões emocionais sobre o Wolverine e voltou a acertar o tom com o personagem. Definitivamente, não sinto nem um pouco de inveja do ator que um dia o suceder neste trabalho. Mandou bem nas cenas de ação, conseguiu, quando necessário, ser engraçado sem ser debochado e, principalmente, trabalhou muito bem as emoções nas cenas que envolveram Mariko e Jean Grey. Hoje é, de longe, o ator que mais fielmente interpreta um personagem baseado em HQs.

ELENCO

O elenco de apoio de Homem de Ferro 3 segue a toada do seu astro. É difícil imaginar que alguém ali não veja o filme como uma comédia debochada com os super-heróis. Há momentos em que lamento profundamente o desperdício de atores da qualidade de Ben Kingsley e Guy PearceGwyneth Paltrow, Don Cheadle e Jon Favreau mantém as atuações apagadas do filme anterior. Rebecca Hall agrega beleza e só. Pra piorar, desta vez não temos nenhuma participação de Samuel L. Jackson interpretando… Bom, ele mesmo de tapa-olho.

O papel de Maya Hansen, cientista que descobre a tecnologia Extremis, terminou com a atriz Rebecca Hall, depois da desistência de Jessica Chastain. Diane Kruger, Gemma Arterton e Isla Fisher foram algumas das outras atrizes cotadas para o papel.
O papel de Maya Hansen, cientista que descobre a tecnologia Extremis, terminou com a britânica Rebecca Hall, depois da desistência de Jessica Chastain. Diane Kruger, Gemma Arterton e Isla Fisher foram algumas das outras atrizes cotadas para o papel.

O filme da Fox, até por ter tido uma boa parte da sua produção no Japão, reúne o maior número de caras novas para o público ocidental. Apesar de estarem estreando, as modelos Tao Okamoto e Rila Fukushima não decepcionam. O resto de elenco quase todo faz um trabalho na medida. A exceção fica por conta da bela Svetlana Khodchenkova que, além de não ter acertado o tom, teve a desgraça de ver seu péssimo personagem, a Víbora, ganhar um espaço completamente desnecessário na trama.

Apesar de estarem estreando, as modelos Tao Okamoto e Rila Fukushima não decepcionam. A primeira convence como Mariko, principalmente na transição entre a garota tímida e sufocada pelas obrigações "de honra" da sua família e a mulher que vai vencendo as barreiras - próprias e do Logan - em direção ao amor. A segunda, apesar de ser feia de doer na vista, foi a melhor surpresa que tive, fazendo de sua Yukio um personagem bem legal, embora distante milhas de sua contraparte nos quadrinhos.
Tao Okamoto e Rila Fukushima. A primeira convence como Mariko, principalmente na transição entre a garota tímida e sufocada pelas obrigações “de honra” da sua família e a mulher que vai vencendo as barreiras – próprias e do Carcaju – em direção ao amor. A segunda, apesar de ser feia de doer na vista, foi a melhor surpresa que tive, fazendo de sua Yukio um personagem bem legal, embora distante milhas de sua contraparte nos quadrinhos.

No tocante a elenco, o show está mesmo em Homem de Aço, pelo menos em matéria de nomes. Do lado dos vilões, Michael Shannon aos poucos vai acertando o passo com seu Zod e Antje Traue respeita suas limitações na construção de Faora-Ul. Richard Schiff e Christopher Meloni esquecem a completa desnecessidade de seus personagens e atuam dignamente. O resto do elenco, mesmo diante de personagens mal construídos ou completamente sem sentido, entregam interpretações dentro dos padrões esperados por nomes de tal quilate.

Mostrando que não estava disposta a deixar as coisas ao acaso, a Warner, que há décadas sabe que o personagem Superman nunca funcionaria na pele de um ator famoso, balanceou a presença de um relativo desconhecido escalando atores famosos - e muito bons - para papéis secundários. Assim, os fãs foram brindados com boas atuações de Kevin Costner (Jonathan Kent), Diane Lane (Martha Kent), Lawrence Fishburne (Perry White), Amy Adams (lois Lane) e, principalmente, Russel Crowe como Jor-El.
Mostrando que não estava disposta a deixar as coisas ao acaso, a Warner, que há décadas sabe que o personagem Superman nunca funcionaria na pele de um ator famoso, balanceou a presença de um relativo desconhecido escalando atores famosos – e muito bons – para papéis secundários. Assim, os fãs foram brindados com boas atuações de Kevin Costner (Jonathan Kent), Diane Lane (Martha Kent), Lawrence Fishburne (Perry White), Amy Adams (Lois Lane) e, principalmente, Russel Crowe como Jor-El.

HISTÓRIAS

Aquela que tinha tudo pra ser a história mais empolgante terminou sendo a mais chata.

Homem de Ferro 3 é baseada em Extremis uma boa história do Vingador Dourado escrita por Warren Ellis e que teve profundas consequências sobre a cronologia do personagem. No entanto, bem pouco além do conceito da tecnologia Extremis foi aproveitado. O filme parece ter problemas pra se aprofundar nas questões. Se Tony Stark tem crises de ansiedade provocadas por sua experiência contra os Chitauri em Os Vingadores, bom… Ele poderia parar de tentar fazer uma gracinha a cada vez que abre a boca, não é?

A Marvel, aparentemente, trabalha dentro do pensamento de que os fãs dos personagens irão ao cinema de qualquer forma. Por isso, visando cativar outras parcelas do público, opta por tramas e personagens com um mínimo de desenvolvimento, faz a opção por um humor cada vez mais pobre e presenta relações mais e mais assexuadas.
A Marvel, aparentemente, trabalha dentro do pensamento de que os fãs dos personagens irão ao cinema de qualquer forma. Por isso, visando cativar outras parcelas do público, opta por tramas e personagens com um mínimo de desenvolvimento, faz a opção por um humor cada vez mais pobre e apresenta relações mais e mais assexuadas.

O pior é que o humor (que continua excessivo, como nos outros filmes da Marvel, frustrando aqueles que acreditaram nas primeiras notícias de um filme mais amadurecido) não parece ser para todos os públicos. Explico: várias piadas de Homem de Ferro 3 parecem ser dirigidas justamente contra os quadrinhos e seus fãs. É simplesmente patético ver Downey Jr. falar “Eu sou o Patriota de Ferro” como o Batman e depois sair para vestir a armadura que deixou “estacionada” na porta de um bar. Por sua vez, a invasão que Tony promove na mansão onde está o Mandarim é de chorar de tão simplória e mal executada. Downey a faz como uma dança, mas como agiria um dançarino amador.

O que foi feito do Mandarim neste filme é simplesmente constrangedor. O personagem poderia, sim, funcionar muito bem, com as devidas adaptações. Em vez disso, tornou-se um dos principais lavos de desdém dos produtores, elenco e direção em relação às histórias em quadrinhos, material que ajudou esta indústria de filmes a sair do buraco em que se meteu nos anos 90!
O que foi feito do Mandarim neste filme é simplesmente constrangedor. O personagem poderia, sim, funcionar muito bem, com as devidas adaptações. Em vez disso, tornou-se um dos principais alvos da falta de respeito dos produtores, elenco e direção em relação às histórias em quadrinhos, material que ajudou Hollywood a sair do buraco em que se meteu nos anos 90!

E as forçadas de barra são muitas! As coincidências de tempo são demais: tudo parece estar sempre cronometrado para dar certo no último momento, visando a criação de uma tensão desnecessária. Claro que não é um filme de arte! Mas precisava forçar tanto a amizade a todo momento? E o garoto… Ah, nem vou perder meu tempo falando nisso.

Pepper Potts e Aldrich Killian. Dois bons atores fazendo dois personagens de grande potencial, mas completamente perdidos dentro da produção simplória. Pepper permanece no seu relacionamento idiota com Tony, baseado quase que sempre em comentários mordazes e quase que nenhum contato físico. Killian, o grande vilão, termina o filme sem que se soubesse, exatamente, que diabos ele pretendia com um plano tão mirabolante.
Pepper Potts e Aldrich Killian. Dois bons atores fazendo dois personagens de grande potencial, mas completamente perdidos dentro da produção simplória. Pepper permanece no seu relacionamento sem sal com Tony, baseado quase sempre em comentários mordazes e pouquíssimo contato físico. Killian, o grande vilão, termina o filme sem que se soubesse, exatamente, que diabos ele pretendia com um plano tão mirabolante.

Se o filme da Marvel peca por levar na galhofa os quadrinhos, Homem de Aço erra ao se levar a sério demais em alguns momentos. Parece haver uma excessiva reverência em alguns momentos. Como já citei antes, há personagens desnecessários atuando em cenas desnecessárias e um uso excessivo de flashbacks (diferente de Batman Begins, de 2005). É como se a todo momento o ritmo da história fosse quebrado pra mostrar algo desnecessário no passado de Clark.

Zod, pelo menos, é um vilão que claramente passa a todos o que quer: construir na Terra uma nova Krypton, eliminando a humanidade no processo. O que ninguém entende era que diabos ele queria fazendo uma revolta em Krypton às portas da destruição do planeta e por que, no fim das contas, ele se entregava a ataques maciços de ódio sem sentido, principalmente quando voltados contra o filho daquele que ele reconheceu que "estava certo" sobre os erros da sociedade kryptoniana.
O roteiro apresenta algumas coisas que não batem bem na construção dos personagens, desde um Jonathan Kent que acredita que a manutenção do segredo valia as vidas de crianças dentro de um ônibus escolar, um Jor-El que encarava um esquadrão de soldados (ué, os kryptonianos não são geneticamente predeterminados a suas funções e Jor-El não era um cientista?) e um Zod que fica o tempo todo alternando entre um militar frio e um sujeito nervoso que se entrega a paroxismos de ódio constrangedores de se ver.

O completo desinteresse em relação a identidade secreta de Kal-El é um tremendo erro. É difícil crer que se construiu um personagem com intenções tão sem sentido como Jonathan Kent (que, pela manutenção do segredo, não só declara que Clark deveria ter deixado dezenas de crianças morrerem afogadas como se sacrifica de maneira patética e desnecessária para manter o mistério) para, no fim das contas, Kal-El ser flagrado por Lois Lane (!), de carona em um carro da polícia (!!), uniformizado (!!!) diante da casa dos Kent (!!!!) conversando com Martha (!!!!!!). Aliás, alguém em Smallville será que não sabia quem era aquele sujeito de capa vermelha ajudando aqueles alienígenas a destruir sua cidade? E, no fim, inexplicavelmente, ele deve construir este disfarce do nada? Será que alguém não poderia ter lido O Legado das Estrelas, de Mark Waid e Leinil Francis Yu?

A destruição exagerada foi outro ponto contra o roteiro, principalmente por terminar trazendo lembranças de dois outros filmes muito recentes: Transformers 3 e Os Vingadores. É desnecessário, principalmente se você quiser mostrar um universo onde existem outras pessoas com habilidades extraordinárias (onde elas estariam?) ou caracterizar o Superman como uma inspiração (o suejito mata o Zod porque ele diz que vai matar uma família... mas e as milhares que, com certeza, já jaziam mortas do lado de fora?).
A destruição exagerada foi outro ponto contra o roteiro, principalmente por terminar trazendo lembranças de dois outros filmes muito recentes: Transformers 3 e Os Vingadores. É desnecessário, especialmente se você quiser mostrar um universo onde existem outras pessoas com habilidades extraordinárias (onde elas estariam?) ou caracterizar o Superman como uma inspiração. Terminar o filme com o Superman pedindo confiança… Sério, seria mais sensato se ele fosse preso novamente!

O momento snap… Bom, pode até ser que naquele momento um ainda despreparado Kal-El não dispunha dos meios necessários pra saber como impedir Zod de executar aquela família (ah, mas Bruce Wayne saberia!). O problema, na verdade, é que o roteiro tenha se encaminhado para aquela situação. Era desnecessário. A falta de reação posterior ao ato cometido é até mais problemático do que o ato em si.

O grande combate contra um Samurai de Prata - que lembra mais o Monge de Ferro - termina sendo o mais fraco do filme. Tivessem substituído isso por uma sequência onde Logan estripasse alguns ninjas...
O grande combate contra um Samurai de Prata – que lembra mais o Monge de Ferro – termina sendo o mais fraco do filme. Tivessem substituído isso por uma sequência onde Logan estripasse alguns ninjas…

Wolverine – Imortal é o mais honesto dos três. Apesar de ser baseado em uma das duas mais famosas histórias feitas com o personagem (a outra é Arma X, de Barry Windsor-Smith), a história se desenvolve mais à vontade. Há muita ação? Sim, mas é uma quantidade justificada (afinal, ele está protegendo uma pessoa perseguida pela Yakuza). O humor é bem dosado e feito para todos rirem juntos, e não uns dos outros.

O desenvolvimento do relacionamento amoroso entre Mariko e Logan é, de longe, o mais bem trabalhado se considerarmos os três filmes. Nada de amor à primeira vista, de devoção submissiva ou trocas de gracejos idiotas... Mesmo sendo jovem, a garota possui um código de conduta e se fascina aos poucos pelo "ronin" que insiste em protegê-lka apesar de suas agruras físicas. E ele vai aos poucos se desarmando diante da delicadeza e da leveza da japonesa.
O desenvolvimento do relacionamento amoroso entre Mariko e Logan é, de longe, o mais bem trabalhado se considerarmos os três filmes. Nada de amor à primeira vista, devoção submissa ou trocas de gracejos idiotas… Mesmo sendo jovem, a garota possui um código de conduta e se fascina aos poucos pelo “ronin” que insiste em protegê-la apesar de suas agruras físicas. E ele vai aos poucos se desarmando diante da delicadeza e da coragem da japonesa.

Uma grande ideia foi a localização temporal da história. Em vez de ser uma continuação do primeiro filme solo, Imortal se passa após os eventos de X-Men, O Confronto Final, com o canadense tentando superar o trauma de ter sido o instrumento da morte de Jean Grey, seu grande amor.

A utilização da personagem Jean Grey foi um verdadeiro achado! A cena final entre "ela" e Logan passa uma emoção que os seus concorrentes da Marvel e da Warner não chegam sequer a arranhar!
A utilização da personagem Jean Grey foi um verdadeiro achado! A cena final entre “ela” e Logan passa uma emoção que os seus concorrentes da Marvel e da Warner não chegam sequer a arranhar!

Uma falha, a meu ver, é colocar o Wolverine como um completo estranho ao Japão (apesar da cena inicial, que se passa na Segunda Guerra Mundial e parece retirada da história Logan, de Brian Vaughan e Eduardo Risso). Além de ir contra um pouco do personagem (que possui, nas HQs, grande admiração pela cultura japonesa), atrapalha um melhor andamento da história, com os problemas de idioma apresentados, além de, mais uma vez, colocar Logan como um sujeito excessivamente tosco.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bom, acho que todos os filmes merecem ser assistidos. Homem de Aço, apesar de seus equívocos, aponta para um caminho diferente das “comédias de ação” marvetes. Wolverine – Imortal é certinho e agrada. Homem de Ferro 3… Ah, tem dias em que você quer ser feito de paspalho e ver as pessoas debochando da sua cara. Vá lá.

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

Este post tem 9 comentários

  1. Egon - Caça-fantasmas/dragões/

    “O desenvolvimento do relacionamento amoroso entre Mariko e Logan é, de longe, o mais bem trabalhado se considerarmos os três filmes.”

    Ela era noiva de um, apaixonada por outro e após um dia ela corneia os dois com o Logan.

    Dois 3 wolverine foi o que eu achei pior.A primeira metade quando tinha a yakuza tinha umas forçadas de barra, mas era boa, já depois quando o Logan recupera o fator de cura o filme vai pro buraco de vez,

    1. JJota

      Sem dúvida, não é perfeito, Egon, mas eu comparo com os dos outros filmes. Mariko e Logan tem um relacionamento na tela melhor desenvolvido que Pepper-Tony (que em quatro filmes nunca me convenceu) ou Lois-Superman. Na minha visão, o relacionamento entre o Wolverine e a japonesa corre de forma mais crível. O noivado dela era forçado, o “amor” da vida dela era um relacionamento infantil e se nota a fascinação que vai tomando aos poucos conta dela ao perceber o esforço dele em protegê-la. Já Logan aos poucos vai deixando esvair uma tensão que o acompanha desde o início do filme, não sem ter – através de seus diálogos com Jean – sérias dúvidas sobre o envolvimento.

      Como eu disse, são opiniões. Achei a última parte do filme mais ruim que o resto também. Mas vendo todo – e, repito, analisando também como um fã de quadrinhos – o filme do Carcaju ganhou dos outros.

      1. Egon - Caça-fantasmas/dragões/

        “O noivado dela era forçado, o “amor” da vida dela era um relacionamento infantil ”

        Sim era forçado, mas a Mariko da HQ era fiel as frescuras culturais japonesas(acho que no filme falam disso também, não lembro mais). A relação deles foi alah filme brucutu dos anos 80/90 ela viu o abdomen dele e ficou molhadinha.

        A de Lois/Clark ficou forçada, mas pode se dizer que não foi uma relação que foi criada em apenas um dia, a Lois ficou obsecada após o primeiro encontro com ele e blá blá blá claro minha opinião.

        1. JJota

          No filme, ela fica noiva por obrigação familiar, um “dever de honra”, como ela diz. Vi o incio da atração de forma diferente: ela tenta afastá-lo de todas as formas e ele continua acompanhando-a, visando sua proteção. O primeiro momento em que ela se aproxima dele é quando, por conta dos ferimentos, ele termina desmaiando na sacada do motel. Depois, aos poucos, muito pela atitude respeitosa dele, ela vai se aproximando mais e depois relembra a história do avô, que dizia pra ela que o Wolverine a protegeria como um dia o protegeu. Ela vai aos poucos se sentindo protegida e eu, vendo o filme, reconheço o quanto isso deve ser importante pra ela, que não encontrou a mesma proteção no noivo ou no pai (que, na verdade, queriam que ela morresse) nem no antigo namorado, que parecia mais empenhado em cumprir a missão dada a ele pelo avô dela.

          Já Lois buscou o Superman mais como uma história. Só quando ele conta a história do sacrifício do pai dele pelo segredo é que ela começa a mudar de ideia sobre revelar sua identidade, abandonando a matéria. O que o filme, pra mim, não explica é o motivo dele se sentir atraído por ela.

  2. toddy

    Ótimo post Jota, escreveu pra cacete, mas o superman é o pior filme desses três ai! valeu

    1. JJota

      Beleza, Toddy. Muita gente que conversou comigo concorda com você.

  3. Inacreditavel_Neo

    Todo mundo sabe o Thor vai chutar a bunda dessa cambada!

    1. JJota

      Thor conseguiu ser um filme pior que Capitão América. Expectativa zero para esta segunda parte.

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