Iluminamos: A Culpa É Das Estrelas – O Filme

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Antes de qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – peço que o querido leitor não espere que eu me afaste do objeto, do filme. Durante quase quatro anos de faculdade ouvi que o jornalista deveria ver tudo de longe, ser um observador atento e apenas isso. Neste caso, não consigo. Sou participante disso tudo e me emociono como tal. Não acho que isso vá ser um review, mas sim um relato. O mais sincero e possível de todos.

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O Antes.

Aos meus 14 anos já estudava a língua inglesa há um bom tempo e todo mundo resolveu me dar livros de presente, especialmente se estivessem em inglês. Foi assim que Looking For Alaska (Quem É Você, Alaska? No Brasil) veio parar em minhas mãos e eu conheci John Green. Li aquele livro como se fosse uma missão, sexta-feira 11 de novembro de 2005, tudo em uma noite só e simplesmente adorei. Era como se eu tivesse achado minha alma gêmea em páginas contadas. 221 para ser mais exata.

Alguns anos se passaram e resolvi me cadastrar em alguns fóruns sobre o autor, ler e participar de discussões sobre um livro que eu tinha amado tanto. Foi então que fui recebida na nerdfighteria (comunidade de fãs do John Green) por uma garota chama Esther. Não éramos confidentes, mas ela me dava o caminho das pedras para conseguir mais material do John e, inevitavelmente, de seu irmão Hank. Transformando uma longa história em conto, Esther partiu em 2010 por causa de um câncer, deixando um buraco na nerdfighteria, uma dor até em quem não teve a chance de conhecê-la.

Ela fora inspiração (e peço para que prestem atenção nessa palavra) para Hazel Grace, personagem principal de A Culpa É Das Estrelas, agora adaptado para o cinema pela FOX.

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O Depois.

O livro – The Fault In Our Stars (A Culpa É Das Estrelas) – foi lançado em 2012 e aclamado justamente por ser um livro que tratava os personagens com câncer como pessoas e não como tumores. O humor, a ironia, a raiva e o não romantizar uma doença são atributos que fizeram do livro o que é hoje, um best-seller.

Podem falar o que quiserem do John Green – e eu já ouvi de tudo –, mas ele acertou demais a mão nesse livro. Dentro de seu objetivo – ser uma literatura Young Adult (infanto-juvenil por aqui) – ele é primoroso, quase sem falhas. O livro narra a história de dois personagens, Hazel Grace e Augustus Waters, que se conhecem – e se apaixonam – em um Grupo de Ajuda A Adolescentes E Crianças Com Câncer. Duas pessoas que se aceitam e se apoiam em todos os momentos. Pessoas quase reais.

Eu sinceramente esperava isso do filme, duas pessoas quase reais vivendo uma história de amor dentro de seus dias de vida, esquecendo algumas dificuldades que já são lembradas pela sociedade inteira quando veem o carrinho de oxigênio da Hazel ou a prótese na perna de Gus. Existem algumas tentativas deste mundo utópico no filme, boas tentativas inclusive, porém parece-me que o tema câncer foi abordado muito mais que o tema amor. Fora quase um desespero o que eu sentia toda vez que a tal palavra era citada no filme. Não me entendam mal, o longa é maravilhoso. Emotiva que sou comecei a chorar já na segunda cena, muitas memórias me vieram a cabeça – tanto do livro quanto da vida, da comunidade –, porém, a minha questão é: será que todos sentirão a mesma coisa?

Não posso e não vou me pegar como parâmetro, acho sim que a maioria das pessoas que irão ver o filme leram o livro, ou conhecem um pouco sobre, mas nem todos têm uma ligação tão forte com o autor ou com a história. O longa é um blockbuster: feito para emocionar e ser repetido incansavelmente em sessões de filme da parte da tarde em redes fechadas; para passar antes do Altas Horas por muitos e muitos sábados. Eu esperava mais. Bem mais. Sei que a missão de Boone aqui era complicada, é difícil passar tanto conteúdo do livro para a tela, de forma que todos os bons atributos fossem ressaltados, mas ainda saí com aquela sensação de que poderia ter visto mais, me emocionado mais, sorrido mais, gargalhado mais… Quase como aquela música do Titãs.

Aos mais emotivos: levem lenços, chocolates e alguém que possa te levar pra casa, porque a possibilidade de lágrimas é alta. MUITO alta.

Gaby Molko

Paulista, musicista, jornalista, detalhista, sessentista, comentarista, imediatista e polemista.

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