Dessa vez não deu: precisava vir aqui para falar um pouco da que, para mim até o momento, é a graphic novel nacional do ano.

Me chamou atenção de cara a capa desse álbum. Um fantoche me encarando com essa cara de indiferente, daquelas que fazemos na hora de tirar fotos em reuniões familiares com parente que não temos proximidade alguma. Jonas parece mais um proveniente de shows de TV infantis como Caco, Piggy, Gonzo, Garibaldo, Beto ou Cookie monster. Não só ele, praticamente todos os personagens aqui têm a forma usual que nos faz crer em sua inocência.

Mas a a aparência infantil de Jonas acaba em seu sorriso meio frouxo. Neste álbum figura infantil do fantoche não existe. A Vida de Jonas tem conteúdo adulto, mais do que parece, mas ao contrário do meu pensamento antes de ler, não chega à escatologia ou insinuações exageradas de FurTv
O protagonista do álbum, como já esperado por sua natureza, é mais um manipulado. Tentando escapar de seu vício pelo alcoolismo, perde sua amada Júlia, a confiança de seu amigo e se afunda mais no seu próprio abismo. Quem lê mais quadrinhos de heróis é difícil não ouvir esta premissa e não lembrar dos clássicos Demônio na Garrafa e A Queda de Murdock, se heróis são suscetíveis a caírem nesta vala, por que um simples “humano” também não?

Quando se cai, tenta-se levantar. Jonas levanta e cai várias vezes, sua personalidade frágil e combalida por tudo que deu errado mostra que Jonas é humano, poderia ser eu, você ou qualquer um. A agonia de ver alguém degradando passa do papel para os olhos do leitor como se, eu anteriormente disse, Jonas fosse um humano, e pode ser considerado um, no fim das contas.
Os desenhos não são limpos nem sujos; não são claros nem escuros. E isso foi o que mais me chamou atenção, é difícil ter um traço para chamar de seu, e Magno conseguiu encontrar sua assinatura, e ainda acerta nas cores, muito bem escolhidas para cada ambiente. Aliás, com esse mesmo traço o Autor desenhou quem escreve estas linhas no lançamento deste álbum, e ficou assim:

No fim, depois de tantas situações corriqueiras ao dia a dia do ser humano, vemos que os manipulados somos nós, nós que somos os fantoches, controlados por muitas pessoas e fatores, às vezes até por nós mesmos.

Nota: 9,5

• Ficha Técnica
• Título: A Vida de Jonas
  Autores: Magno Costa (roteiro e arte)
  Qtde de páginas: 64
  Editora: Zarabatana
  Preço: R$40,00
  Publicação: Abril de 2014