As animações sempre foram meio que tomadas como algo infantil, talvez pelo seu grande apelo entre a criançada. Mesmo assim, a mídia conseguiu evoluir muito nos últimos 20 anos, até se tornar um meio muito mais interessante de se contar uma história do que o cinema. A linguagem surreal permitida ao meio animado deixa que você conte história por meio de parábolas visuais e piadas que muitas vezes não seriam aceitas em mídias mais tradicionais.

Eis que um belo dia navegando pela infinidade de opções do Netflix, me deparo com Bojack Horseman, uma criação original da empresa de streaming, em destaque na home. A princípio achei que se tratava de apenas de uma daquelas séries animadas “para adultos” que se limitam a fazer piadas sobre sexo, drogas e outras coisas que não estariam no desenho do Pernalonga ou do Pato Donald. Mas eu nunca estive tão feliz em estar enganado.

Atraído por uma estética de comédia descerebrada, acabei assistindo 12 episódios de uma série muito bem escrita e dirigida sobre depressão, o vazio mundo das celebridades e uma ácida crítica a sociedade americana do “showbiz”.

Bojack Horseman (Will Arnet) é o protagonista desta obra. Um cavalo (sim, um cavalo), que vive da fama de ter sido um protagonista de um sitcom de sucesso nos anos 80. Sua vida regada de álcool, drogas e sexo é mostrada ao espectador quando uma editora cobra o contrato de um livro sobre sua vida. Bojack ganha uma ghost writer por conta de sua inaptidão com prazos e ela acaba por buscar o lado do personagem que ninguém conhece.

Aos poucos somos apresentados aos personagens que fazem parte da vida de Bojack. Princess Carolyn, sua ex-namorada e agente. Todd (dublado por Aaron Paul), seu companheiro de casa que um dia apareceu em uma festa e nunca mais foi embora. Dieane Nguyen, sua ghost writer e Mr. Peanutbutter, um cão famoso por ter feito um seriado cópia do de Bojack.

O que apenas parecia ser um cavalo teimoso e embebedado pela falsa sensação de importância, acaba revelando ser um personagem profundo e com sérios problemas. Ao longo da série o espectador percebe o quanto a vida de Bojack é marcada por más decisões e a escolha por permanecer na zona de conforto.

Ao mesmo tempo em que critica, a série mostra que todos tem seu lado egoísta e que isso apenas é direcionado para uma única pessoa às vezes. Com todos os personagens se desenvolvendo ao longo da trama. Bojack acaba por se tornar uma pessoa marga e solitária, diferente daquela do início da temporada, onde era apenas um farrista ranzinza.

A primeira temporada possui 12 episódios e é exclusiva do Netflix. Nem precisa dizer que recomendo bastante ao amigo leitor.