Desde o início, Fabulosos Vingadores tem sido uma boa revista, com um bom enredo que gira em torno da tentativa de Rick Remender em contar sua história sobre o vilão Apocalypse, o que nada mais é do que a continuação de seu trabalho passado em Fabulosa X-Force.

Agora num título de maior visibilidade, Remender foi bem sucedido em alguns aspectos da adaptação entre revistas: as ameaças são maiores, os vilões são mais importantes e personagens menos conhecidos do grande público não colecionador regular de quadrinhos, como Fantomex  e Deadpool, foram substituídos por Thor e o Capitão América.

Por outro lado, essas mesmas ameaças maiores fazem com que a revista pareça querer se tornar mítica em muito pouco tempo de existência. A página inicial, em que o deus do trovão se prepara para dispersar os destroços que ameaçam nossa querida e maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, poderiam ter sido melhores apreciadas se não fossem pelas intermináveis caixas de texto ao estilo Chris Claremont. Sim, elas servem para mostrar toda a preocupação em salvar a cidade querida do prefeito Eduardo Paes, mas esse exagero impediu que o fã curtisse toda a ação que esperou trinta dias para ver.

Já a participação de Sol Nascente nessa revista está cada vez melhor, esse mês ele protagonizou grandes momentos, meus parabéns ao roteirista por incorporar esse personagem ao grupo.

Enquanto isso, os filhos gêmeos de Apocalypse continuam se estabelecendo como os herdeiros por direito de seu pai no Universo Marvel e particularmente no contexto mutante. Se por um lado muito de seu passado e motivações continuam pouco claras, isso deve-se mais as manipulações de Kang em transportá-los pelo tempo e espaço do que uma fraqueza na construção deles como personagens.

Suas ações no presente por outro lado fazem deles grandes antagonistas. A reação dos dois ao estado atual do Clã Akkaba e ao evento “Dinastia M”? Fantástica! Seus poderes? Muito legais! E sua participação em tudo isso? Ainda confusa, mas, como dito acima, parte é culpa de Kang e a participação do vilão Massacre pode ser considerada o fio condutor para que a revista tenha pulado tão drasticamente da ameaça do Caveira Vermelha para os herdeiros de Em Sabah Nur…

Se todas essas conexões promoverem um confronto no futuro próximo entre os Vingadores, Apocalipyse, Kang e o Caveira Vermelha, tudo terá valido a pena.

Por enquanto, os únicos embates reais que esse título tem mostrado nesses últimos meses são entre os integrantes desse esquadrão de Vingadores e os novos membros mutantes. A tensão cresce a cada edição por inúmeras razões: os heróis humanos desconfiam dos mutantes, Wolverine guarda inúmeros segredos sujos, Vampira critica a atitude hipócrita dos Vingadores veteranos pelo perdão dado à Feiticeira Escarlate após seus crimes contra a raça mutante..

Remender é muito bom em trabalhar conflitos entre integrantes de um grupo e seu estilo pode por muitos ser considerado melhor aproveitado em revistas com temática obscura como Vingadores Secretos e Fabulosa X-Force do que propriamente em Vingadores.

Acuña não é um desenhista ruim e seu traço tem melhorado a cada trabalho, mas sua narrativa visual pode causar estranheza em leitores acostumados com Cassaday e Coipel. Contudo, se tivesse que escolher entre os três para ter um artista que melhor apresentasse uma história de Apocalypse escrita por Remender, seria Acuña com certeza.

Fabulosos Vingadores é uma revista estranha. Os conceitos até agora são todos retirados de um de seus títulos passados, na franquia mutante. A diferença é que agora muito do que antes era mantido nas sombras está vindo cada vez mais à luz. É mais ou menos como se Brian Michael Bendis tivesse assumido a revista dos Vingadores e continuasse trabalhando os conceitos que vinha desenvolvendo por anos no Demolidor… Entretanto, se você tiver boa vontade e se permitir esperar para ver o resultado disso tudo, algo de bom com certeza vai acontecer. Eu estive no futuro ao lado de Kang, eu sei!