Iluminamos: iZombie – Morri pra vida

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izombie

Quando fizerem um censo populacional no universo Vertigo*, não faltarão vampiros, assim como no nosso universo real**, e nem bruxas, magos e arcanos de toda ordem. Tampouco demônios de variadas cores e distinta educação linguística e filosófica. Sensitivos então, nem se fala. Em suas pranchetas e palms***, agentes censitários contarão muitos lobisomens, monstros do pântano e diversos elementais.

Zumbis, todavia, serão a minoria das minorias, sem voz ativa e relegados ao papel secundário de monstros do mês e eternas vítimas do propagado preconceito de que são descerebrados selvagens em busca de miolos.

Recentemente, entretanto, acendeu-se uma luz no fim do túnel para essas pobres criaturas. E não, não estou falando do pós-vida, mas de dignidade: iZombie, revista em quadrinhos cujas cinco primeiras edições reunidas compõem o álbum Morri Pra Vida, recém-lançado pela Panini no Brasil da Terra 1****.

goodstuff3A velha e conhecida arte pop de Mike Allred atrai o leitor de cara, bem como a temática sobrenatural. Mas é de se esperar que a existência de um seriado de TV faça maravilhas para os números de uma HQ de zumbis. Que o diga The Walking Dead.

iZombie virou série. Não sei se estreou, se foi cancelada. Enfim, não vi, mas é inegável que representa mais propaganda (na TV ou na internet) que muitos outros produtos culturais com maior investimento conseguiram em seus lançamentos e mesmo depois.

De todo modo, iZombie, série ou HQ, não é The Walking Dead. A abordagem é radicalmente diferente. Sai o realismo fantástico e entra a fantasia, só pra começar. Arranca a violência explícita e mete sutileza e elegância no lugar.

E, principalmente, iZombie não repete generalizações sobre essas criaturas menosprezadas. Tudo bem que alguns clichês estão lá, mas apenas como barômetro de um universo promissor e divertido, no qual lobisomens (ou terrieromens), múmias, vampiros e fantasmas convivem (quase) numa boa.

Praticamente a versão Vertigo e adulta para a Turma do Penadinho. Aliás, referências de toda a sorte não faltam à história. Alguns personagens, em primeiro lugar, soam como homenagens a outros clássicos. Gwen Stacy, Starr e Gnort são alguns deles. É fácil encontrar easter eggs ao longo da leitura, culpa da afinada dupla de criadores.

Sem título

Se, por um lado, não há como esperar menos do Mike, “irmão” line art de Steve Dillon, é uma doce surpresa (e mesmo um alívio) encontrar em Chris Roberson um roteirista inventivo, suave e com equilibrado senso de humor.

falecidaMichael Allred é, desde sempre, um dos meus preferidos. A doçura de seus estilosos losers, com suas faces carregadas de expressividade, cativa qualquer um. Além disso, o cara conhece o tema, já desenhou a Falecida, mutante de nome sugestivo, cujo sucesso integrando uma anterior encarnação da X-Force (ou X-Táticos) a catapultou para uma minissérie solo pela Marvel.

Os autores contam ainda com a luxuosa contribuição da colorista Laura Allred, (acho que ainda) esposa de Michael. Com suas assombrosas retículas e tons frios, Laura cria um clima todo especial, e se coloca à disposição como uma espécie de George Romero Brito.

Dá vontade de correr enlouquecidamente à gibiteria pra ficar arranhando a porta e grunhindo até aparecer o próximo álbum. Vai vendo.

Notas (?)
*que teoricamente não existe
**sim, vampiros existem. E lucram muito com licenciamento de imagem.
***tios dos smartphones
****(dependendo do seu ponto de vista)

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 4 comentários

  1. JJota

    Pô! Ia hoje mesmo perguntar no feice se essa HQ valeria a pena (só a arte do Allred já valia 75% do desejo, mas eu já li a Falecida dele e tinha medo de ser mais do mesmo).

    Comprando AGORA!

    1. SandroR

      Eu li só os scans e gostei bastante. O autor cria toda uma mitologia sobre o sobrenatural que é bem diferente do que a gente vê por aí.

      1. Rodrigo Sava

        Lendo esse primeiro volume, me passou pela cabeça que o autor, além de criativo pacas, é um pusta fã de Highlander…

    2. Rodrigo Sava

      JotaJota, cê sabe dizer se a mini da Falecida foi publicada aqui na brazuca?

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