Iluminamos: Juiz Dredd Megazine

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Juiz-Dredd

Marvete, Decenauta… Quem lê (ou é tarado por) Batman, Superman, Homem-Aranha, Vingadores e X-Men recebe um carinhoso dístico. E quem vibra com os quadrinhos viscerais, irônicos e criativos da revista referência das HQs inglesas de fantasia e ficção-científica, a 2000 AD?

Ceeerto, ainda não tem nome pra isso, mas torço para o sucesso da nova empreitada mensal da editora Mythos, que traz às bancas do Brasil os personagens idiossincráticos da revista inglesa na qual surgiram artistas da arte sequencial que promoveram a invasão britânica nos EUA nos anos 1980, resultando em obras do quilate de Monstro do Pântano, de Alan Moore.

canas

O Sr. Moore, aliás, surge nessa nova revista, em HQ curtas, sendo a primeira uma aventura (melhor dizendo, desventura) dos Cronocanas, agentes da lei que agem nas linhas temporais, com direito a paradoxos, algo típico do gênero. No entanto, os personagens são deliciosamente explorados pela mente ímpar de Moore e pela pena de Dave Gibbons (sim, de Watchmen).

A qualidade da revista está em não depender dos mestres acima para funcionar. Entram no mix histórias do Juiz Dredd, Sláine e de outros menos conhecidos e não menos instigantes, como Nikolai Dante e Área Cinzenta.

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A HQ curta de Dredd, que abre a edição, realmente apresenta o personagem, abrindo com a ação desenfreada que já é característica e mostrando toda a impetuosidade, violência e mau-humor do Juiz mais famoso de Mega-City Um, na captura de um franzino criminoso vingativo. No entanto, é o desenhista dela, Brian Bolland, quem dispensa apresentações. Basta saber que ele desenhou para a DC Camelot 3000 e Batman: A Piada Mortal.

Em seguida, a primeira parte de Área Cinzenta, sobre a Zona Global de Exossegregação, uma espécie de área de espera de alienígenas que chegam à Terra, controlada por uma milícia força militar que tenta manter os diferentes visitantes na linha até a liberação de entrada.

area cinzenta

O argumento é de Dan Abnett, velho conhecido dos Marvetes, pela colaboração com Andy Lanning nos roteiros de personagens cósmicos da Marvel. A linguagem e a abordagem adulta e sombria criam competentemente um cenário de tensão.

Algumas páginas depois (as HQ são curtas, se comparadas às de super-heróis norte-americanos, de 22 páginas em média), surge a primeira aparição de Slaine, pelas mãos de seus criadores, Pat Mills, e sua então patroa, Angela Mills.

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Em preto e branco, com traços detalhistas e rebuscados, que lembram um pouco os do alternativo ElfQuest (embora mais realistas), encontramos uma aventura de Sláine narrada pelo seu acompanhante, o covarde e falastrão anão Ukko (o teu!).

A semelhança da figura de Sláine com a de Conan é notória: Peito desnudo depiladinho, cinturão e adorno de metal enrolado nos bíceps. Todavia, o humor de Sláine é mais ferino, e sua moral mais duvidosa. Talvez, você já o conheça da minissérie publicada em 2000 pela extinta Pandora Books, pintada por Simon Bisley (que completei apenas ano passado, mas que ainda não li – audácia da pilombeta!).

nikolai

Nikolai Dante é a estrela da história seguinte. O malandro sedutor da “Rússia” do ano de 2666, já estreia sob os lençóis de uma mulher, cujo corno pertence a um esquadrão de Hussardos (mais militares…), e por pouco não faz picadinho de nosso (anti-)herói .

Não obstante, é a habilidade de Nikolai com a luta e as palavras que o salvam de todas as enrascadas em que se mete em pouco mais de nove páginas cheias de galanteios, boas sacadas e ilustrações inspiradas de Simon Fraser.

guerratotal

Encerra a edição a primeira parte de uma saga do bom Juiz, centrada na ameaça de ataques terroristas massivos por um grupo chamado Guerra Total, que deseja o desmantelamento da estrutura dos Juízes, com sua renúncia ao poder. As Hq do Juiz Dredd vão de total surrealismo ao humor nonsense e o grande carisma do personagem, e de seu universo, permitem facilmente um tom mais sério, caso de Guerra Total, que segue num ritmo acelerado e trágico, evidenciando os métodos neofascistas nem um pouco ortodoxos dos Juízes.

A Juiz Dredd Megazine é uma bela edição, bem cuidada, com poucos erros perceptíveis, como as letras que se confundem com o fundo na página 55. É muito simpática e bem-vinda a detalhada matéria que apresenta as séries, seus autores e comenta a publicação das mesmas no Brasil e fora dele.

A revista está prevista para ter seis edições mensais iniciais de 68 páginas, em papel especial, formato magazine, a R$ 10,90, cada. Que repita o sucesso que as veteranas Marvel Max (infelizmente já extinta), e a longeva Vertigo (que está em seu ciclo final) fizeram e fazem nos quadrinhos adultos de qualidade, e siga todo mês nas bancas.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. Bom Post, Sava! Fiquei curioso pra ler essas edições. Talvez eu finalmente consiga quebrar o jejum de quase 10 anos e finalmente comprar essa revista em uma banca de jornal… hehehe

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