Literatos – On the Road – Jack Kerouac

Você está visualizando atualmente Literatos – On the Road – Jack Kerouac

ontheroad

Olá, meus amigos Iluminerds! Tudo beleza? Meu nome é Joel, e hoje me foi designada a missão de resenhar um livro. Na verdade é algo um pouco diferente do que é visto por aqui, mas não deixa de ser muito bom: trata-se de um romance. E não se trata de um romance qualquer, mas sim de um marco para a explosão do que seria um movimento literário; eis aqui a resenha de On the Road, do autor Jack Kerouac.

Jack Kerouac é um escritor norte americano que nasceu em Lowell durante os anos 1920. Filho de católicos franco-canadenses, o jovem Kerouac, cujo nome real era Jean Louis, teve uma educação rígida e formal, estudando num colégio de jesuítas e ajudando o pai trabalhando desde pequeno.  Aos nove anos, vira a morte de seu irmão Gerard – um profundo episódio que marcaria não somente a sua vida como também seu próprio trabalho.

Conseguiu, anos depois, uma bolsa de estudos na Universidade de Columbia devido ao seu talento como jogador de futebol americano. No entanto, se machucou durante uma partida. Impossibilitado de jogar durante algum tempo, o jovem Kerouac ficou imerso na literatura de nomes como Thomas Wolfe, Jack London, Celine e Rimbaud, influenciando-o diretamente e incentivando sua tentativa de escrita. Durante esse tempo, alistou-se na marinha mercante e conheceu o que seria o embrião da geração beat com nomes como Allen Ginsberg, William Burroughs e posteriormente Neal Cassady.

E é ai que entra em cena a história do livro: On the road (ou Pé na estrada, como é conhecido aqui no Brasil) é um relato sobre as andanças de Sal Paradise, um escritor iniciante que tenta ser publicado. Sal conhece Dean Moriarty em Nova Iorque, um vagabundo que havia passado metade de sua vida na prisão e a outra metade nas bibliotecas públicas. Inspirado por Dean e alguns outros colegas, o jovem Sal sai de Nova Iorque em direção ao Oeste, disposto a atravessar o país e viver as experiências que eram necessárias para a vida e para o sucesso.

Embalados por narrativas compostas de andanças em trens de carga, trabalhos braçais em um país pós-guerra, caminhoneiros velhos e bêbados, jazz e muitas bebidas e drogas diferentes; On the Road revela uma América não vista dentro dos canais de televisão ou nas colunas de jornal. Um relato sobre uma cultura imersa no iminente perigo de guerras nucleares e na negação dos padrões sociais, tentando dar o grito de liberdade a uma juventude que inspiraria os movimentos políticos de décadas posteriores.

v0_master

O romance é considerado até hoje a bíblia do movimento beat. Jovens dos anos quarenta e cinquenta que, inconformados com os movimentos artísticos e políticos da sociedade norte americana, decidiram criar um movimento artístico próprio que despreza praticamente todas as formas de tradicionalismo (como se isso fosse alguma novidade na arte) e dá início a uma literatura com uma escrita compulsiva e a adoção de uma linguagem informal em seus trabalhos.

A geração beat inspirou uma série de músicos e artistas como Bob Dylan e Johnny Depp. A caracterização de um “movimento” viria a ser contestada por Kerouac que, anos mais tarde, se voltaria contra alguns de seus seguidores e tomaria posições mais conservadoras. Apesar de já ter passado mais de meio século, até hoje se pode notar símbolos dessa época em nossa sociedade, sendo esse um dos mais importantes movimentos intelectuais já vistos durante o século XX.

Eu havia decidido ler Pé na estrada há cerca de um mês atrás, e acabei há poucos dias.  Eu li alguns pequenos artigos há respeito da geração beat, mas nunca me debrucei numa obra. Para ser sincero, não fiquei decepcionado. A narrativa de Jack assemelha-se a um improviso de Jazz – dotado de espontaneidade e de um charme natural, trazendo o leitor até o ambiente do romance. O discurso indireto livre é muito utilizado e toda evidenciação dos símbolos daquela época fazem do romance uma verdadeira viagem, acompanhado de várias histórias. Sal narra sua “idealização” do companheiro Dean Moriarty como o homem mais incrível que havia conhecido na vida, e todos os fatores que se desembocam a partir daí se transformam em uma história digna de ser tratada como um “marco” da literatura americana, em minha opinião.

Algumas curiosidades a respeito do romance:

  1. O manuscrito de On the road é um pouco diferente de todos os outros que você encontra por aí. Jack utilizava vários papéis presos por fita durex para escrever seus romances, pois assim ele não perdia sua “linha de raciocínio” como ele mesmo dizia. Além do mais, o romance trata de fatos tão verídicos que os nomes utilizados em seu manuscrito são os reais.
  2. O livro fora escrito em apenas três semanas. Três semanas! Jack utilizou de muito café recheado com benzedrina, uma anfetamina popular pelos jovens dos anos 1950. Apesar disso, durante os anos em que procurava uma editora para publicá-lo, Kerouac fizera diversas alterações em seu conteúdo, como fora dito anteriormente.
  3. O diretor Francis Ford Coppola chegou a ensaiar um projeto do filme, mas foi somente em 2012 pelas mãos do diretor Walter Salles (também diretor de Diários de motocicleta) que o livro de Kerouac acabou indo para as telas de cinema.

on-the-road-movie-wallpaper03

Termino dizendo que, apesar das controvérsias, achei o livro muito bom. Apesar das explosões de sexo e drogas, existe também muito existencialismo, subjetividade e a idealização de nossos sonhos através de metáforas e conquistas. Isso é o que chamamos de um trabalho de arte. Sem mais delongas, deixo para vocês um trecho do que seria essa viagem louca pela América e até mesmo (arriba!) o México!

“Assim, na América, quando o sol se põe, eu me sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de Nova Jersey, e consigo sentir toda aquela terra crua e rude se derramando numa única, inacreditável e elevada vastidão, até a costa oeste, e a estrada seguindo em frente, todas as pessoas sonhando naquela imensidão, e em Iowa eu sei que agora as crianças devem estar chorando na terra onde deixam as crianças chorar, e você não sabe que Deus é a Ursa Maior? A estrela do entardecer deve estar morrendo e irradiando sua pálida cintilância sobre a pradaria, reluzindo pela última vez antes da chegada da noite completa, que abençoa a terra, escurece todos os rios, recobre os picos e oculta a última praia, e ninguém, ninguém sabe o que vai acontecer a qualquer pessoa, além dos desamparados andrajos da velhice. Penso então em Dean Moriarty, penso no velho Dean Moriarty, o pai que jamais encontramos, penso em Dean Moriarty.”

 

Joel Junior.

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

Este post tem um comentário

Deixe um comentário