Mário? Que Mário? Aquele, que pegou o Sonic atrás do armário.

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Fui saudado, esses dias, por uma notícia publicada via Facebook  por um dos meus chefinhos nesta bodega, Sr. Delarue. Nela, havia a surpreendente revelação de que a Sega teria feito um contrato de exclusividade de seu mascote, Sonic, para a criação de três lançamentos exclusivos para o novo console-bomba da Nintendo, o Wii Cu, ou melhor, Wii U.

Minha primeira reação foi de quase-perplexidade. Conforme comentei com alguns colegas, naquele momento, foi como se a Warner Bros. tivesse anunciado que o Pernalonga ia passar a aparecer somente em desenhos da Disney.

Bugs Bunny

Quem cresceu jogando videogames (como eu) – ou acompanhou de perto a sua expansão no mercado, durante a década de 1990 – ficou careca de saber da rivalidade Nintendo x Sega, as gigantes do ramo, que dominaram o mercado (e brigaram por ele) por quase 20 anos. Portanto, desnecessário falar mais a respeito desse assunto. Mário e Sonic já eram inimigos clássicos: inconcebível a hipótese de vermos o Yoshi descendo por um loop xadrez dentro da fase Green Hill Zone 1.

No entanto, com o fim da Sega, na virada do século – sim, porque o fim da Sega se chamou Dreamcast, lançado nos idos dos 2000 –, Sonic começou a virar arroz-de-festa. A falência do ramo de consoles da empresa significou a criação do Sonic multiplataformas, o que acabou um pouco com a “nobreza” decorrente da exclusividade de uma marca: a expansão da franquia Sonic para todos os buracos eletrônicos possíveis não foi feita com critério ou qualidade (vide Sonic Jump, uma coisinha escrota e monótona que foi lançada pra tudo que é celular imaginável). Isso, e uma reformulação visual duvidosa do porco-espinho azul (ele abandonou a sua barriguinha e passou a ser mais esguio, além de ter olhos verdes), banalizaram a franquia ao ponto da perda da identidade: Sonic agora estreava jogos em que corria em carros (não consigo entender a validade de um bicho azul que corre a, sei lá, 200 por hora, precisar andar de carro), virava lobisomem, ou descia pelo espaço em pranchas flutuantes, chupadas do filme “De Volta Para o Futuro 2”, em cenas futuristas de uma cafonice sem igual.

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Ou seja, nosso Porco-Espinho, agora anoréxico, com um visual pseudo-bad-boy, e de lentes de contato verdes, não sabia mais qual era a sua corrida. A Sega parecia ter perdido o fio da meada, a razão de ser, o foco do personagem, que aparentemente teria ficado para trás, à época do Sonic CD e do Sonic 3. Essa situação fica mais evidente quando o mascote, pouco depois, começa a participar de jogos crossover da Nintendo. Confesso que fiquei um pouco assustado com essa virada prostituta do meu porco-espinho azul favorito (os outros porcos-espinhos azuis que se danem), mas, considerando que agora Sonic era uma franquia multiplataformas, não foi algo tão surpreendente.

 

De repente, a bomba: Sonic virando figurinha carimbada da Nintendo? Com direito a crachá, lotação e senha para marcar ponto eletrônico?

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Passada a estupefação inicial, cabe algumas poucas reflexões sobre esse fato. A Nintendo sempre soube conquistar bem seu público. Tem noção das faixas etárias que atinge, tem uma visão e uma missão muito bem definidas, enquanto empresa. Missão e visão essas que segue religiosamente. A Sega, que parece que havia perdido o rumo do público que deveria conquistar com seu mascote mais famoso, acho que terá muito a ganhar com essa mudança toda. Mário e Sonic não eram rivais à toa: ambos lutavam pelo mesmo segmento de mercado, segmento esse que a Nintendo continua cativando, ao contrário da Sega. Se a Nintendo souber fazer o jogo direito, trazendo o Sonic às suas raízes infanto-juvenis, com temáticas menos adolescentes, valorizando a jogabilidade simples e envolvente (coisa que a Nintendo é estupidamente craque), creio que essa virada possa ser muito benéfica pra todos.

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Portanto, apesar do choque inicial, vejo com muito bons olhos essa nova virada na história daquele que, certamente, é um dos personagens mais icônicos da história do videogame, legítimo representante de toda uma época e visão de mundo em games.

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 5 comentários

  1. Gustavo Audi

    Tive a mesma reação que você…

    Mas também pensei: pô, Sonic marcou a minha infância, nada mais justo que ele vá para a Nintendo e continue marcando infâncias hoje.
    Afinal, Nintendo é coisa de criança…

    1. Com certeza, marcou sua infância, como a minha, porque a Sega, na época, sabia o que tava fazendo. Tanto fazia que lançou 4 sequências da franquia no mesmo perfil (Sonic de 1 a 3 e Sonic CD, pra Sega CD), e ainda uns spinoffs bem bacanas, como Sonic Spinball, por exemplo. Na mesma leva, o Yuji Naka, criador do Sonic, inventou um dos jogos mais lindos e infantis de que se tem notícia, e que foi injustamente esquecido: Nights Into Dreams. Esse jogo, igualmente infantil, se dá ao trabalho de tentar explorar o mundo lúdico dos sonhos de duas crianças, usando a mesma jogabilidade simples do Sonic, só que em pleno voo. Foi um jogo fantástico, que usava a mesma dinâmica de abordar, de maneira simples e colorida, temas infantis.

      Há muito tempo que a Sega não sabe o que é isso.

    1. Eu to torcendo por isso. As vezes faz falta aquele itpo de jogo despretensioso, em que voce so tem 2 botoes e sua grande preocupacao e pularna cabeca do inimigo…

      Abracos!

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