O Iluminerds esteve no evento! Frente e verso!

Ao sair do metrô, na estação São Francisco “Professor” Xavier, uma senhora, do alto de seus setenta e poucos anos, atônita ao ver uma menina de cabelos azuis e várias tatuagens, abraçada a um garoto vestido de Ryu, do Street Fighter, me perguntou o que estava acontecendo ali por perto. Ela avistara diversos jovens fantasiados nas cercanias. Inclusive um casal de meninas lésbicas com toucas de Pokémon na cabeça.

— É um evento  sobre quadrinhos e desenhos, minha senhora! — foi o que de melhor me veio à mente para tentar explicar o que seria o NerdRIO para a idosa mulher.

— E os pais desses garotos permitem isso? Esse mundo está perdido mesmo, chegamos ao fim!

Essa celebração ao vindouro fim do mundo, profetizado pelos Maias e a corôa tijucana, foi um sucesso, tanto que a quantidade absurda de Jedis, Otakus, gamers e um Trekker (eu, com minha blusa vermelha da engenharia em homenagem aos 46 anos de aniversário da série) por metro quadrado desafiava as leis da física.

Uma coisa que ficou clara é que nerd não sai sábado à noite pra noitada, nem se for pra fazer live action de RPG de Vampire – eu saio porque sou um indivíduo alfa da classe, com uma intensa vida social. Afinal, de que outra forma uma fila quilométrica na frente do evento que abriria as portas às dez da manhã já estaria formada desde às oito? Esse que vos fala se acabou nas baladas cariocas e quando chegou lá, tinha uma olheira roxa que chegava literalmente na altura do queixo. Mas vivi a vida…

Já no início do evento, espalhado em três grandes espaços pelo imenso clube, tivemos música nerd ao vivo, com diversas trilhas sonoras de animes, desenhos, seriados e cultuados filmes (quando o tema do Spectreman foi tocado, eu quase tive um orgasmo, nerd velho do caramba!). Músicas sendo executadas ao vivo para uma plateia de fãs, que variava dos oito aos literalmente oitenta anos, com muitos pais e avós acompanhando seus filhos e vibrando junto na grande farra matutina. Totalmente saudável, diga-se de passagem, contrariando a visão apocalíptica da senhora do metrô.

Muito procurada por diversos frequentadores do NerdRIO foi à palestra com Denis Snider, Marques Zero, MxDeegan, Leon e Monark que são alguns do maiores gamers no youtube brasileiro. Afinal é o estilo de vídeo que mais cresce na rede mundialmente. Eles respondiam perguntas e falavam sobre o seu trabalho na gravação dos seus programas. Sendo os mais fotografados pelo público.

O desfile de cosplay seguido do concurso para definir o fã melhor caracterizado como seu herói ou personagem preferido foi o ponto alto do clima lúdico do evento. Falei que o Felipe Neto, o galã da “molecada” de nove a doze anos, apresentou o debate entre o público e os representantes da Parafernália, a maior produtora de vídeos para o mesmo Youtube. Incrível mesmo, no entanto, foi a participação e interesse do público em cada atividade diferente, nos diversos espaços do lugar.

Já no teatro felizmente lotado do Monte Sinai, ao mesmo tempo, outras atrações eram oferecidas ao público presente. Palestras sobre trollagem na Web (bem divertida por sinal), desenvolvimento de games e Erik Gustavo, o criador do personagem Marcelinho, do canal Alta Cúpula, o maior hit da internet atualmente estavam participando. Quem não conhece o Marcelinho, precisa conhecer! Que pontuou o início do que seria o ponto alto do evento!

Os mestres em comunicação pela UERJ: Gustavo Audi e o nobre iluminerd José Messias (o mais assediado por perguntas e o interesse dos presentes, que orgulho!), juntamente com Pablo Peixoto falaram sobre as linhas de cultura acadêmicas sobre cultura pop, para uma plateia de jovens nerds vidrados no tema: Cultura pop, HQ e games na faculdade! Sim, é possível!

No início da noite, após horas e horas, que para os presentes pareciam não ter passado, os humoristas Fernando Caruso, Rafael Studart, Ulisses Mattos e Henrique Fedorowicz, defendendo cada um: Homem-Aranha, Morfo (aquele putinho dos X-Men, que é uma mística genérica), Wolverine e Batman, participaram de um debate para que fosse decidido pela plateia, qual o maior herói de todos os tempos! Apesar de o Caruso ter defendido com unhas, dentes e teias, maravilhosamente o Amigão da Vizinhança… a disputa no fim foi entre o Morfo (pasmem, apenas pelos argumentos safados do Studart) e Batman, com a vitória absoluta do campeão de Gotham City ao final.

O NerdRio foi um evento totalmente acertado, do ponto de vista do maravilhoso público principalmente, que agora, após décadas de bulling e preconceito, se veem como o filão “queridinho” da sociedade. São reconhecidos como legais, descolados, divertidos e, principalmente, consumidores de peso (metafórica e realmente). O que faltará então se eles começarem a casar com a mocinha ruiva e disputada no fim da aventura? Nada… esse mundo está perdido mesmo…