Nós assistimos: A Bela e a Fera

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Este não é o A Bela e a Fera que sua mãe assistiu.

Em tempos de Moana, o novo A Bela e a Fera surpreende.  Ok, não é um filme sobre dois parceiros que vivem uma aventura, é uma lenda clássica onde os personagens aprendem uma lição de moral, expiam suas iniquidades e terminam “felizes para sempre”, mas isso não impede que esse feijão com arroz seja feito com um tempero diferente.   A começar pela inclusão.

Além dos vários atores negros, ainda temos o Lefou – Josh Gad, que gerou várias polêmicas sobre sua sexualidade, que além de não comprometer a história, só foi entendida pelos adultos. As insinuações entre ele e o Gaston – Luke Evans, passam despercebidas no meio do diálogo e seu final feliz é tão dúbio que é mais engraçado que ofensivo. E daí que decidiram tirá-lo do armário? Esta e outras inovações fizeram deste um filme capaz de agradar a mulheres de todos os sexos. Bela – Emma Watson – é a intrépida camponesa que mora com o pai Maurice – Kevin Kline, se casará com a Fera – Dan Stevens- e se tornará a princesa de tudo que sua vista alcançar.

Mas  esta não é a bela dos tempos de sua mãe. Esqueça aquela heroína romântica ingênua que se tornava a empregada de seu captor. Se a Bela de 2017 não sabe exatamente o que quer, ela sabe exatamente o que não quer e se recusa a virar uma mera esposa apagada. Ela  é uma leitora ávida e inventiva que chega a ser punida por isso pelos homens que não entendem, nem aceitam uma mulher mais capaz. Proscrita nesta comunidade machista, ela encontra apoio e incentivo no também proscrito Fera. Juntos, os dois vão se adaptando um ao outro e evoluem como personagens.

Outra liberdade criativa desta versão foi a transformação de Gaston, pretendente da protagonista. Muitos reclamões dirão que ele virou um daqueles homens caricatos e diminuídos de filmes feministas recentes, mas ele sempre foi assim.  O que fizeram foi evidenciar suas qualidades e defeitos criando um personagem que apesar de servir apenas para guiar uma parte da trama, é bem rico. Nada foi escondido, principalmente sua falha de caráter que impulsiona a trama do terceiro ato e leva o suposto machão a seu fatídico destino. Na verdade, esse momento foi resolvido por um Deus Ex Maquina apressado, como se o filme já estivesse com tempo demais e precisasse correr para a sua conclusão.  Um erro que não arranha a qualidade deste que de longe foi o melhor filme de princesas moderno. Apesar disso, todos os personagens que realmente interessavam tiveram seu momento de brilho). Nenhum deles foi jogado ou abandonado no meio da história. Alguns até tiveram pequenas subtramas ou futuros insinuados.

Essa história já foi contada em várias mídias e esta versão pegou o melhor de todos os mundos.  É basicamente uma aventura musical, mas também funciona como comedia romântica.   A parte musical foi primorosa e nostálgica, chegando a homenagear cenas famosas de outros filmes do gênero. “How Does a Moment Last Forever (Montmartre)” homenageia a Noviça Rebelde e “Be Our Guest” é uma mistura das coreografias caleidoscópicas de Busby Berkeley com as danças dos filmes de Bollywood.

Um detalhe que vai passar despercebido na versão dublada, é o sotaque híbrido. Apesar de ser um filme americano, a maior parte dos personagens é interpretada por atores britânicos, o que gera uma interessante diferença de sotaques ao longo de boa parte das conversas. Todo o núcleo do castelo é composto por ingleses que não escondem seu sotaque.  Atores que como Ewan McGregor, cujo Lumiere junto ao relutante Cogsworth, interpretado Ian McKellen, cria o pretexto que amarra a trama do amor impossível, a Sra. Potts de Emma Thompson, que ao lado de seu filho Chip roubam todas as cenas que aparecem.

A Bela e a Fera é um daqueles filmes pipoca que sempre divertem. É o velho feijão com arroz bem temperado que garante diversão para toda a sua família. Vale o ingresso. E se na sua cidade tiver uma cópia em 3D, pague um pouquinho mais e garanta uma imersão ainda maior neste mundo de contrastes.

The Sumpa

The Sumpa é um dos muitos disfarces de Alexandre D'Asssumpção. Roteirista, redator e professor de roteiro, The Sumpa é uma lenda urbana, um sujeito que muitos dizem já ter avistado, mas nenhum dos relatos parece falar da mesma pessoa.

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