O que vimos (e ouvimos) de Peter Milligan na Anime Friends 2016 – Parte 1 de 2: DC/VERTIGO

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O Extremista está merecendo uma reedição por aqui

Dentro do voluptuoso Anime Friends, famosíssimo evento paulista de cultura pop japonesa, ocorre o Brasil Comic Con, recheado de palestras, estandes e convidados mais voltados aos quadrinhos ocidentais. Na edição 2016, conferimos a entrevista de Peter Milligan, concedida a Heitor Pitombo (da revista Mundo dos Super-Heróis) e a alguns espectadores sortudos, que também lhe fizeram perguntas.

Integrante da horda de escritores do Reino Unido que mudou a cara dos quadrinhos da DC nos anos 80, levando à criação do selo adulto Vertigo, por onde foram publicadas obras seminais como Monstro do Pântano, Sandman, Homem-Animal e Shade, Peter Milligan é o inspirado roteirista deste último, que vem sendo lançado pela Panini na forma de encadernados.

Menos conhecido (e reconhecido) que seus companheiros de ‘invasão britânica’, Milligan deixou claro que nunca foi fanático por quadrinhos. Tendo os livros como foco, se interessou primeiro pelos livros ilustrados, e, dado seu interesse por literatura e artes plásticas, voltou-se profissionalmente às HQs, por ser um meio que misturava ambos.

Começou a carreira na emblemática revista inglesa 2000 AD, berço de muitos outros craques da nona arte, na qual fez Future Shocks e Bad Company, pontuando que sem a revista não haveria Vertigo.

Antes de chegar às majors americanas, escreveu Freakwave para a extinta editora Pacific. A história era uma espécie de Mad Max submarino (alguém disse Waterworld? Ou O Despertar?). Rezaria a lenda que sua entrada na DC se deve a um convite de Karen Berger para fazer Skreemer… quando a encontrou saindo do banheiro.

Shade e Constantine juntos?
Shade e Constantine juntos?

Peter contou que os autores ingleses eram vistos como loucos e excêntricos, capazes de contaminar com sua insanidade quem se misturava com eles. E enfatizou que ele e os demais não acrescentaram ao mainstream americano mais aventura, mais literatura, cultura literária. E a Vertigo exalava uma sensibilidade diferente, atraindo gente que não curtia HQs.

Sobre escrever Shade, o Homem Mutável, esclareceu que a editora Karen Berger pediu-lhe para usar um herói abandonado, esquecido. Peter achava o personagem criado por Steve Ditko genial, e tinha o plano de acrescentar ambigüidade a seu mundo, fazê-lo viajar e conhecer a América, o que seria, basicamente, a própria história de Peter Milligan descobrindo o país.

A viagem de Milligan, bancada pela DC, transformou sua visão sobre os Estados Unidos, principalmente sobre o assassinato de JFK, algo que o marcou muito pelo fato de sua família ser tão católica quanto o presidente.

Inclusive, respondendo a um fã, que perguntou como ele se sentia ao ter encerrado o título Hellblazer, ‘matando’ John Constantine, Peter disse que, ao saber que o mago apareceria em Os Novos 52, pensou que teria de matá-lo, e se sentia como uma espécie de Lee Oswald para ele.skreemer-03

O bem-humorado – embora comedido – escritor brincou ao responder à última pergunta da platéia, sobre o título e personagem da Vertigo que mais curtiu trabalhar: Alvo Humano. Na verdade, disse não ter um preferido, pois em cada um há algo o entusiasma, e reflete um momento da sua vida.

*Não perca a segunda e última parte dessa matéria, sobre seus trabalhos para a Marvel ; )

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. Joao Gabriel de Oliveira

    Peter Milligan é um autor que passei anos sem dar a devida atenção. Agora que o estou descobrindo, estou achando fantástico!

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