A era de ouro do cinema do Camboja é lembrada com carinho pelo povo, que não pode matar a saudade revendo seus filmes prediletos, pois a maior parte de sua História foi obliterada pela chegada ao poder do governo comunista do ditador Pol Pot. Pouco restou das 400 obras produzidas entre 1960 e 1975.

O documentário tenta reconstituir, através de depoimentos dos atores e diretores sobreviventes, a memória de um pedaço do orgulho nacional do país. Hoje, apenas fotos das filmagens, pôsteres guardados por cinéfilos e sites na Internet com tais relíquias fomentam a memória do que, forçosamente, tornou-se um episódio da fragilidade da cultura em estados despóticos.

A narração, pelos artistas do passado, de trechos dos filmes destruídos, ao mesmo tempo em que vemos na tela os antigos edifícios e galpões que funcionaram como majestosas salas de projeção e ouvimos velhas trilhas sonoras que hoje são cantadas com paixão em karaokês, nos transportam de volta a um mundo em que já estivemos, no qual as tradições orais e histórias eram recitadas em volta de nada mais que uma fogueira.

Um belo documentário sobre uma autêntica estação das brumas.

Nota: 7,5

*Programe-se: Haverá uma nova sessão no domingo, 7/10.