O Terno Dois Anos Depois

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Há pouco menos de dois anos, fiz minha primeira postagem pro Iluminerds. Falava sobre uma banda paulistana, moradora da região de Pinheiros, que tinha acabado de gravar seu primeiro álbum em parceria com um dos maiores nomes da música alternativa, Maurício Pereira (que vem a ser pai do vocalista).

Neste último sábado (12), fui conferir um dos últimos shows da turnê “66” e ouvir alguns sons do disco novo d’O Terno ao vivo.

O mais legal de ir aos shows d’O Terno é o elemento surpresa, você nunca sabe como vai ser de fato. Lembro-me do primeiro show que fui deles numa casa bem pequena aqui em São Paulo – na realidade a menor casa de shows daqui – e fui surpreendida com a versão unplugged de um CD que estava totalmente acostumada a ouvir com distorções na guitarra de Tim Bernardes e a bateria bem marcada de Chaves. Logo depois, me peguei indo a outro show, num parque na Zona Oeste, onde ouvi um dos melhores covers de “Trem Azul” e pude finalmente escutar as distorções e a bateria ao vivo.

Este show de sábado foi especialmente desesperador; eram lugares marcados num teatro extenso com pessoas caladas enquanto uma banda dava sangue, suor e lágrimas pra eles. Via poucas reações, algumas pessoas balançando a cabeça ou acompanhando a bateria com os pés.

Veja bem, estou acostumada com festivais – gente pulando em cima dos outros, cheiro de cerveja e maconha e pessoas cantando com a banda -, mas lá tudo que podia ouvir era silêncio durante as músicas e palmas ao final delas, como se fossem atos de uma peça, de uma ópera, e não um show de rock.

O mais legal deste show em especial é que O Terno foi de fato O Terno, e não a banda de apoio de Maurício Pereira, eles tocaram músicas de sua autoria e versões de bandas que gostavam. Isso demonstra cada vez mais que a banda amadureceu muito em um curto espaço de tempo.

Ao ouvir as três músicas liberadas do novo álbum – Harmonium, Tic Tac e Quando Estamos Todos Dormindo – posso afirmar que, se Tim Bernardes continuar assim, temos um dos melhores compositores da nossa geração em fase de autoconhecimento.

O ápice de Tim, por enquanto, foi uma canção composta para um EP de Tom Zé, Papa Francisco Perdoa Tom Zé, que é simplesmente magnífica, uma mistura de deboche e ironia na medida certinha.

A melhora vocal e instrumental da banda também é notável. Desde aquele primeiro show acústico que comentei acima – que foi bem legal e eu iria em outros tranquilamente – até o show de sábado, parecia outra banda, aprimorada em tudo. E o fato de ter seus álbuns disponíveis em vinil só me deixaram ainda mais apaixonada.

Se alguma coisa ficou daqueles últimos VMBs, quando a MTV ainda era brasileira, foi o justíssimo prêmio de banda revelação ao grupo. Se você ainda não ouviu O Terno, faça este favor aos seus ouvidos.

Gaby Molko

Paulista, musicista, jornalista, detalhista, sessentista, comentarista, imediatista e polemista.

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