Resenha dos Clássicos: Tropa de Elite I – Parte 1/2

Você está visualizando atualmente Resenha dos Clássicos: Tropa de Elite I – Parte 1/2

Fala galera! Hoje resolvi trazer uma resenha para a seção de clássicos e o filme escolhido é o polêmico Tropa de Elite.  Não gostou? O problema não é meu, seu nerd ignorante que só curte ver peitinho balançando.

Por que este tema? Honestamente, viso aproveitar o gancho da continuação levantando as principais ideias do primeiro filme e também comentar as discussões referentes à repercussão deste.

Primeiramente deveremos levantar as questões:

 a)      Tropa de Elite é um filme fascista? Não o é claramente, porém seria muita hipocrisia negar que no decorrer da trama não existe apologia a tortura ou que tanta truculência somente narre a dura vida dos “paladinos da justiça”, por isso, prefiro tratá-lo como um filme que esmiúça a o cotidiano de um Estado Fascista (Sim, este o é.).

 b)      Tropa de Elite é um filme violento? Sim! No entanto, devemos concordar que sem a sua devida dose o projeto soaria falso e se tornaria algo pouco palatável a maior parte do público brasileiro,  que certamente sentiria falta deste tipo de ação, que para o nosso azar  representa muito bem as nossas  autoridades.

 A narrativa é implacável. Elaborada pelo onisciente Capitão do BOPE que ambienta a todos os espectadores no denso clima, apresentando  um drama policial digno de primeiro mundo, repleto de bordões marcantes que certamente permanecerão no imaginário popular no decorrer de décadas. Certo, seus “fanfarrões”?

 O filme, de início, apresenta a missão imediatista de chacina imposta pela ilustre presença “de Sua Santidade, o Papa”.  A trama é centrada no singular Capitão Nascimento que, devido à vinda de seu primeiro filho, recebe a oportunidade de deixar as atividades do Batalhão Especial. Todavia, tal dádiva no decorrer do filme metamorfoseia-se num problema, pois, da lama, este teria de buscar pérolas, posteriormente localizadas em dois jovens “aspiras” a Oficial da Polícia Militar, conhecidos como Matias e Neto.

Uma gratificante surpresa fica por conta do roteiro enxuto, verossímil e devidamente ajustado que, sem papas na língua, expõe situações naturalmente encontradas no dia a dia de qualquer soldado, mas que, com um toque cinematográfico, abusam do carisma de seus personagens centrais. Infelizmente, passando a borracha na evidente personalidade delituosa dos mesmos, cedendo-lhes à ideia de anti-heróis, que fazem o que “tem de ser feito”. Então, partindo deste pressuposto, fica clara a legitimação que damos  a “suposta” inevitável barbárie empregada contra o marginal, academicamente também conhecido pela alcunha de  “O outro”.

Então, cambada, quem estaria neste coletivo de sujeitos denominados “o outro”?

Resposta fácil, entretanto, atemorizante, pois o outro é aquele que simplesmente atrapalha a evolução e perpetuação da ordem vigente ao ser, espólio desta, como os nativos foram no passado, os negros em um tempo menos distante e hoje a classe não detentora dos meios de produção, vulgo nós, pobres. Então pasmem, pois quando clamamos por mais violência na ação policial fatalmente pedimos tais atitudes contra aqueles que dependem deste serviço, nós mesmos. O que a grosso modo pode ser comparado como um Suicídio alienado.

 Voltando a obra, a mesma tenta criticar a corrupção, e evidenciar o “papelão” prestado pela extinta classe média, representada por universitário que se dizem sensibilizados com a questão social, mas que na surdina de suas vidas não tão politicamente corretas, realizam o consumo e o tráfico de entorpecentes, desta maneira também fomentando o caos urbano. Uma visão deveras interessante e um tanto realista, pois aquele que lhes escreve convive diariamente com esta situação, e acha graça ao ver algo completamente paradoxal, destoando totalmente do viés “revolucionário” destes pseudo-humanitários.

Depois desta breve dissertação entramos em questões fundamentais, porém  pouco discutidas no decorrer da película:

a)      Qual a razão do tratamento dessemelhante entre os delituosos? É só pegarmos as autoridades e os traficantes, que facilmente notaremos a forma destoante de tratamento, quando entra em questão  o “empoderamento” social, vulgo status e dinheiro.

 Creio que muitos comentarão contra essas observações referindo-se a marginais como pessoas que portam armas e matam pessoas de “bem”, ou que o usuário não é criminoso e sim o Estado que não dá subsídio suficiente. Também podemos escutar que o filme idealiza transferir a culpa para os cidadãos, desresponsabilizando o governo. Bom, concordo em partes, pois o próprio Capitão Nascimento revela compreender a razão de tantas pessoas aderirem a criminalidade, ao dizer: – Ele nasceu na merda mesmo.  Em contrapartida, ele também expõe a sua descrença ao ver  jovens de famílias bem estruturadas buscarem a mesma “aventura”. Fracamente, mesmo podendo soar preconceituoso, compartilho da mesma opinião e compreendo as razões, no entanto, não justifico a crueldade.

De imediato lanço um desafio a você. caro leitor, antes de buscar a pena de morte ou mortes sem pena… Diga-me. o que é marginal?

O que seria o marginal? Com que base é dada a alcunha de marginal a um cidadão e qual a origem desta palavra?

Continua no próximo episódio.. Quer dizer,  post.

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Deixe um comentário