O Cheiro da Gente (Festival do Rio 2014)

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Larry Clark, antes de cineasta, um fotógrafo. Como fotógrafo, captura o tempo. Um único instante dele. Como cineasta, registra o fluxo do tempo. Sua passagem. A adolescência o atrai por representar o tempo em movimento.  O batimento acelerado nas manobras de skate, o suor escorrendo pelos dorsos, o odor retido nos pêlos e cabelos.

O diretor que tornou-se sensação ao apontar sua lente para os jovens em Kids, continuou a refinar sua proposta lírico-realista, e, desde Ken Park, encarou ainda mais de perto o que, para ele define a adolescência: O libido. A desmistificação de tabus sexuais, levada a cabo pelas novas gerações, é apresentada de forma literalmente nua e crua em O Cheiro da Gente.

A sinopse fala de um grupo de skatistas. Percebo, na verdade, a história de vários rapazes que se prostituem por dinheiro e tédio, sem muitas modificações em sua vida cotidiana ao lado dos amigos.

Um belo jovem de cabelos loiros cacheados se prostitui para dar vazão a seus caprichos materialistas, como casacos Supreme. Seu melhor amigo é igualmente garoto de programa, e apaixonado por ele. Há ainda os que vêem na internet um mercado fácil para ganhar algum dinheiro oferecendo seu corpo para homens de negócios e mulheres envelhecidas.

À participação das drogas e sexo somam-se à ausência de privacidade, onipresença das redes sociais e vida online e… A típica inconsequência.

A inconsequência é a outra régua que Larry Clark usa para medir a adolescencia. Não faltam no filme exemplos de radicalismo reforçando as próprias posições, como na cena em que os skatistas barbarizam o apartamento de luxo de um cliente de Math, bem como o próprio, dopado com tranquilizantes, com direito a pintura no rosto e molestamento com cacos de vidro.

O Cheiro da Gente é um festival de cores e formas, odores, tons e sombras, trilha sonora empolgante e fotografia brilhante. É Larry Clark puro e destilado.

Sem título

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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