12 Anos de Escravidão e a história do jovem enforcado pela trava de segurança – Parte I

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O que tem a ver “12 anos de Escravidão” com isso?

Respondo: – Uma coincidência, pois vi o filme poucos dias depois de tal episódio.

Então, é só pra chamar atenção?

Respondo com calma: – Sim.  Para a atenção e, consequentemente, a reflexão.

O título é polêmico? Com certeza. No entanto, o que tem a ver um dos protagonistas do Oscar com a história do menino que foi atacado por um grupo de justiceiros no Flamengo? Podemos fazer algumas considerações étnicas, tais como a marginalização da pobreza. Contudo, neste singelo post, venho tratar das diferentes visões sobre este icônico caso, que alguns retratam como retomada de poder da sociedade civil em função de um Estado omisso, e outros como o início do estado de barbárie! Mas já não estamos num estado de barbárie?

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Começarei com a repercussão do ato em si, incluindo as possíveis ameaças que foram sofridas pela artista plástica, coordenadora e fundadora do Projeto Uerê, e musa do triste episódio da chacina da Candelária, Yvonne Bezerra de Mello.

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Como sabemos, atualmente, a mesma cancelou sua conta nas redes sociais em virtude das centenas de “ameaças”, insultos e constrangimentos que lotaram sua caixa de mensagem. Porém, me vem a pergunta: – O que esta mulher fez de tão ruim para passar este perrengue? Nada. Ela apenas chamou o Corpo de Bombeiros para resgatar um adolescente de 15 anos que foi agredido e preso com uma tranca de bicicleta, pelo pescoço, a um poste no Aterro do Flamengo.

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Opa! Calma ai? O que este jovem fez? Ele já não tem três passagens na polícia, sendo duas por furto? Ele não faz parte do bonde que vem roubando dezenas de moradores da Zona Sul da Cidade Maravilhosa?

A resposta: Sim. Ele tem passagens, mas até então ninguém provou que ele praticava furtos na área.

Perguntam novamente:  Vai defender bandido, seu filho da puta? E se fosse a tua mãe a ser cortada com um caco de vidro?

Respondo: Calma, meu amigo. Não estou defendendo ninguém, apenas elucidando os fatos…

Vamos lá, sei que a representação foi uma merda, porém quem nunca se deparou com esta situação? Ou já ouviu que bandido bom é bandido morto? Pior ainda, quando falam que polícia boa é a que mata este tipo de gente. Gente que não é “de bem”. Contudo, quantas destas mesmas pessoas reclamam da truculência da polícia em manifestações? Quantas pedem punições exemplares para aqueles que agridem com cassetete, lançam bombas de efeito e gás lacrimogênio em pessoas inocentes que exercem o seu livre direito de protestar? Agora, como estas pessoas podem pedir uma polícia mais enérgica para uns e correta para outros? Como podemos diferenciar os pobres marginalizados por sua pobreza, dos demais marginalizados também por suas convicções políticas? É assim que devemos tratar aqueles que foram chamados de vândalos ao queimarem as escadarias do maior símbolo da corrupção carioca, a Alerj?

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Não posso negar que vivemos em um mundo repleto de conflitos com conceitos que nos são apregoados sobre ética e moralidade. Não existem mais super-heróis nos cinemas, exposição de exemplos a serem seguidos e sequer uma imprensa decente que nos faça pensar nas várias facetas de um simples acontecimento. O que uns chamam de agressão, outros veem como justiça, mas a verdade é que ser humano algum pode decretar a seu semelhante tamanho grau de perversão, inclusive os agentes da lei – que frequentemente autodenominando-se a própria – excedem o limite do absurdo. Em certos casos – em geral sobre corrupção, estupros, assassinatos  e outros crimes hediondos – tomo partido da revolta popular e sua gana de fazer justiça com as próprias mãos, em especial, se pudéssemos fazer o mesmo com o nosso ilustre governador e prefeito (do Rio de Janeiro), mas como muitos costumam dizer, será que o “Olho por olho, fará o mundo mais cego do que ele já é?

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Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 6 comentários

    1. José Messias

      A primeira resposta é, pra começar, não espancar e amarrar as pessoas num poste.

      1. Gustavo Audi

        Tá. E aí? A pergunta é sobre o que fazer em relação a assaltos e a violência…

        1. Vilipendiador Unperucked

          Excelente questão, Audi. As pessoas se preocupam demais com a resposta do Messias, mas esquecem a sua segunda pergunta.
          Vou repetir o que já tenho postado faz tempo pelas redes: acho correto? Não. Incompreensível? Longe disso.
          Tem uma lista grande de maiores culpados beeem antes dos “justiceiros do Flamengo”, mas essa grande lista acha mais cômodo e conveniente se esconder atras desses últimos e fingir que nada têm a ver com a história.

  1. Vilipendiador Unperucked

    O post envelheceu rápido. O menor foi pego mais uma vez, furtando em Copa.
    Dessa vez sem suposições ou falta de flagrante. O episódio não acrescentou nada ao rapaz, pelo que parece.

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