Anima Mundi 2013 – Pobre de Nós, uma história animada da pobreza

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 Quem participa todo ano de um festival de animação como o Anima Mundi tem a percepção de que está envolvido em algo grande.

É a mais pura verdade: o evento reúne milhares de espectadores que sente só o trocadilho esperam 12 meses para imergir numa série de curta-metragens elaborados nas mais diversas técnicas de pôr as imagens -e toda sorte de coisas- em movimento.

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E quem, como eu, foi ao Odeon BR assistir a um dos longa-metragens da mostra, Pobre de Nós, uma história animada da pobreza, envolveu-se em algo bem maior.

O filme, cujas cenas de animação foram elaboradas pelo estúdio paulista Birdo, é parte de um projeto internacional que se propõe um fórum de debate sobre a pobreza.

As atividades do Why Poverty? (Por que Pobreza?, em tradução livre), que possui escritórios na África do Sul e na Dinamarca, concentram-se num portal que reúne notícias, filmes originais, artigos e propostas de compartilhamento e uso de seus materiais.

Um de seus documentários é o supracitado. “Pobre de Nós…” começa focalizando pessoas comuns, trabalhadores e famílias que chegam em casa cansados após mais um dia e que, quando procuram relaxar diante da TV, deparam-se com a pobreza em diversas embalagens, seja na distante África de crianças desnutridas aos incendiários protestos por melhores condições de vida na Grécia. Ao ser confrontados com estas imagens, eles percebem que enquanto o mundo torna-se mais rico do que nunca, a pobreza não dá sinais de esgotamento.

Na pessoa desses homens e mulheres comuns, o filme nos propõe uma reflexão sobre a pobreza, sinalizando que, para tentar compreendê-la, não há outro caminho senão nos voltarmos para sua própria história e desenvolvimento.

E, como num sonho, nos tornamos um personagem de animação sem nome e identidade que flutua pela História humana, a começar pela Pré-História. Aliás, isso tudo com a intervenção de estudiosos e cientistas que ilustram as situações apresentadas de forma tão pungente e bem-humorada quanto o fazem as cenas animadas.

Assim, descobrimos que é razoável a noção de pobreza na Pré-História, o bastante para ser aplicada nos dias de hoje. Tratando-se da correlação entre necessidade e possibilidade, para o Piteco, a vida ao ar livre, com comida de graça e paisagens incríveis poderia ser boa, não fosse o preço a se pagar por tudo isso: o altíssimo risco de ser morto pela natureza antes de tornar-se um adulto.

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O personagem segue sua viagem pelas idades do Homem, comendo o pão que o diabo amassou no antigo Oriente Médio e na Revolução Industrial e participando de iniciativas solidárias de combate à fome que constituíram verdadeira política de governo numa China ancestral. Além disso, ele chega a participar de uma comunidade utópica de desfavorecidos no Nordeste do Brasil.

Sim, durante alguns minutos é narrada a trajetória do Arraial de Canudos, chamada por eles de cidade dos pobres, edificada por Antônio Conselheiro na fé cristã, no comunismo e no amor livre.

A ironia é que o filme cortou tal episódio por aí, perdendo a oportunidade de esclarecer que as favelas surgiram como consequência da Guerra de Canudos.

De fato, o documentário é enriquecedor – as animações são suaves, funcionais e modernas – e estabelece um excelente ponto de partida para um debate tão importante quanto imenso, ao investigar a origem da pobreza no mundo hoje.

Mas, se você quer apenas um motivo para se divertir um bocado ou, quem sabe, se emocionar e gritar Brasil-sil-sil a plenos pulmões, sintonize o filme aos 42 minutos e 25 segundos e veja o que eles dizem do Luís Animácio Lula da Silva 😉

Versão em espanhol e inglês em:

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Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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