Homeland: Episódio 2×07 – Tempus Fugit

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No qual os jogos equilibram-se na corda bamba. As máscaras caem e são substituídas por outras. E todas as feridas sangram. É tudo uma questão de tempo.

O tempo provoca estranhas sensações. Para alguns, de pertencimento. Para outros, de perda. Não há como resistir incólume à sua passagem e, mesmo assim, somos capazes de esquecer sua existência por cerca de 40 minutos por semana.

Para um thriller como Homeland, o tempo é uma métrica. Parte da técnica de estabelecer um equilíbrio entre a tensão e a ação.

Parte da arte de se valer de um roteiro para correlacionar causa e efeito num corpo perfeito. Algo que poderia ter saído da boca do Merovíngio (aquele francesinho arrogante de Matrix).

Nesse sétimo capítulo, o tempo flui com a relatividade que lhe é peculiar. Alguns esperam ter todo o tempo do mundo. Para seguir adiante, para retomar relacionamentos. Não há uma interpretação única para a profecia com a qual Carrie ilumina Mike Faber: “Fique por perto. Cuidando dela (Jessica). Porque, em breve, ela e as crianças poderão precisar REALMENTE de você”.

Será o destino de Nick Brody ser preso e isolado? Morrer, ser assassinado? Juntar as escovas de dente com nossa PPP (paciente psiquiátrica predileta)? Significa que, de uma forma ou de outra, é o destino de Brody desaparecer? Significa.

Alguns não têm tempo algum a perder. Peter Quinn provou que não tem tempo para morrer, tampouco convalescer, e, levantando-se de sua cama de hospital, após os danosos eventos do episódio anterior, voltou à carga, convencido de que as horas para o prometido próximo atentado estão se esgotando.

Saul Berenson é um dos que não possuem tempo algum. Num ato desesperado, o comedido Oficial visita Aileen Morgan na penitenciária de Waynesburg, na esperança de identificar o misterioso peão que adentrou o jogo de xadrez no último episódio. Anteriormente, Saul levou a colaboradora terrorista de carro até seus captores, oportunidade em que sua empatia conseguiu-lhe algumas informações deveras valiosas.

Hoje ela não é mais a moça de fino trato e devotada que conheceu. A estadia na caverna, como ela mesmo chama a cela na qual fica confinada 23 horas por dia, a transformou. Quando Saul tenta sensibilizá-la com a notícia da iminência de um ataque, ao dizer: “estamos contra o relógio”, ela apenas retruca: “se você diz”. Para ele, o tempo é crucial. Não para ela.

Para Aileen o tempo não passa. Não importa a ridícula marcha do relógio. Só lhe resta o que não lhe pertence. E é exatamente por isso que ela lhe entrega algo que não possui. Para conseguir o que não teria nunca. A liberdade.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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