Cadê a ADK?

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ADK, ou Alpha Denshi Kabushiki Kaisha, foi a maior parceira da SNK no período entre 1988 e 1999, sendo uma das poucas empresas, além da própria SNK, que ajudaram a suportar a plataforma Neo Geo durante seu ciclo de vida. A empresa entrou com pedido de falência um ano antes da própria SNK, em 2000. Dentre os grandes sucessos da empresa, destacam-se Blue’s Journey,  o subestimado Ninja Masters e seu maior sucesso, a franquia World Heroes. Por isso, vou fazer um breve retrospecto de alguns jogos da empresa.

Magician Lord

Magician Lord

Vinha junto com o console Neo Geo. E somente por isso foi conhecido. Era um jogo fraco, com cenários sonolentos e pouco criativos, um personagem com design estereotipado: “se você é um mago, obrigatoriamente terá um monótono chapéu pontudo”…  A jogabilidade é básica, respondendo a contento. O boneco reage rapidamente aos comandos e move-se pelos cenários com fluidez. O design dos inimigos e cenários lembra bastante o visual do ótimo Shadow of The Beast, da finada Psygnosis, só que mais cansado e repetitivo. A música é chatinha, mas não chega a ser uma coisa horrível, de fazer gente doida.

A diversidade de criaturas em que o personagem principal se transforma garante alguma variedade inicial ao jogo, já que, ao se transformar em outros personagens, o mago também ganha novas habilidades. Mas, no final de tudo, a monotonia acaba imperando, e o jogo vai ficando maçante depois da primeira hora. Vale mais como amostra da potencialidade gráfica do console, pois, bem ou mal, ele exibe uma grande e brilhante variedade de cores e um enorme espectro de efeitos sonoros e arranjos da trilha sonora, além de umas animações entre fases com direito a trechos em que o vilão fala (!!!).

Blue’s Journey

Blues Journey

Jogo com visual infantil e excessivamente colorido, conta a história batida de Blue, o personagem principal, que vai salvar a princesa de um vilão maligno (alguém viu Zelda por aí?). O game tem boa jogabilidade, personagens bonitinhos. O grande diferencial da jogabilidade é a possibilidade de Blue – além do ataque e pulo normais – poder agarrar os inimigos e usá-los contra os outros, além disso, o personagem dá uma de Hank Pym, podendo encolher e aumentar de tamanho, permitindo assim uma maior variação nas ações, e criando um maior desafio na passagem de cenários. Certos bônus, ao longo das fases, só estarão acessíveis se você souber por onde entrar (as entradas são pequeninas).

De maneira geral, o jogo tem um jeito Super Mario de ser, só que vitaminado. É interessante e garante o entretenimento do jogador. O game fez relativo sucesso e vendeu razoavelmente, sendo inclusive reeditado no Neo Geo Cd e no Wii.

Série World Heroes

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Franquia de maior sucesso da empresa, a série começou com o título homônimo, World Heroes. A premissa pra história sugere que um cientista, chamado Dr. Brown, teria desenvolvido uma máquina do tempo, e, com isso, o cientista idiota teria convocado diversos personagens históricos pra um torneio de lutas. O campeonato conta com vários lutadores muito vagamente inspirados em personagens históricos, como Janne (inspirada em Joana D’Arc);  Rasputim (o alquimista/político/filósofo russo); Kim Dragon (inspirado em Bruce Lee); Muscle Power (inspirado no lutador Hulk Hogan, da antiga WWF); Erik (tem como inspiração o explorador viking, Erick, o Vermelho), Capitain Kidd (baseado no capitão pirata William Kidd), Johnny Maximum (sua inspiração é o lendário Joe Montana, da NFL), dentre outros.

O jogo foi criado pela ADK, com assistência técnica da SNK. O sistema de ataque é baseado em apenas 3 botões: um de soco, um de chute e um pra arremessos. De acordo com a força com que se aperta o botão, o soco ou chute serão fortes ou fracos. As músicas são interessantes e os gráficos, coloridos e bem animados. O design dos personagens e cenários têm traços bem característicos e singulares, o jogo possui um clima festivo sem ser infantil.

O sistema de detecção de golpes, já bastante refinado, foi ficando cada vez melhor, até a última versão do jogo, Word Heroes Perfect, que, de fato, possui a melhor mecânica de todas. As pancadas têm profundidade, os personagens tremem, e você sente que atinge o adversário. Os efeitos sonoros respondem à altura. A única coisa ruim, no que diz respeito ao som, é a voz do locutor, monótona pra cacete: só conseguiram arrumar um locutor decente no World Heroes Perfect.  As magias eram exageradas e criativas. Eu particularmente adorava as magias do Erick e do Captain Kidd. O Viking arremessava magias baseadas em águas, gelos e raios, enquanto o pirata atirava tubarões de energia e caravelas fantasmas.

A série foi um sucesso de público e crítica, sendo bastante popular no mundo inteiro. Com a falência da ADK, a SNK Playmore acabou comprando os direitos autorais de todos os personagens da série, que, volta e meia, têm aparecido em novas versões de jogos da empresa, como em Neo Geo Battle Coliseum, por exemplo.

Fuuma vs. mai
Fuuma, de World Heroes, dando umas queimadas na Mai Shiranui…

Aggressors of Dark Kombat

Aggressors of Dark Kombat

Game pouco conhecido, mas que foi a grande tentativa da ADK de introduzir inovações no gênero dos jogos de luta. A jogabilidade vem no mesmo estilo da série World Heroes (houve um refinamento da engine de World Heroes 2), e as tentativas de inovações são muitas: primeiro, os personagens andam livremente pelo cenário, e não somente pra frente e pra trás (como vinha sendo usual em jogos de luta). Com isso, não se pula mais empurrando o controle direcional “pra cima”, e sim apertando um botão especialmente dedicado ao pulo. Além disso, o jogo também conta com a participação de Fuuma, o grande rival de Hanzou na franquia World Heroes.

Apesar de – assim como em World Heroes –  os lutadores só contarem com 2 botões de ataque, o game tenta forçar uma “interatividade” entre lutadores e figurantes dos cenários, que, enquanto assistem às lutas, jogam armas pros lutadores. As armas são bastante variadas, e isso dá uma mudada bacana na jogabilidade. As armas podem ser usadas ou atiradas no inimigo; também podem ser usadas em conjunto com golpes especiais. Arremessos podem ser revidados (podendo inclusive os dois lutadores ficarem “abraçados”, disputando quem vai levar a melhor no arremesso). Além disso, os lutadores, depois de algum tempo lutando, começam a suar e a demonstrar cansaço físico, e isso causa impacto no seu desempenho, pois os personagens vão ficando mais lentos e com golpes menos efetivos.

O contador de life  dos lutadores dispõe de várias camadas, o que garante grande longevidade pro jogador. À medida que você vai administrando os ataques e o cansaço, vai enchendo uma barra chamada de “crazy attack”, que garante um ataque especial completamente doido e inusitado. O jogo é extremamente bem feito e ainda bem humorado. O início das lutas sempre começa com alguma gracinha ou piadinha entre os dois lutadores da vez. Uma pena que a empresa não conseguiu emplacar as inovações e continuar esse interessante jogo.

Ninja Masters

Ninja Masters

O canto do cisne da ADK. Jogo bonito, bem feito de todas as maneiras possíveis. Infelizmente, o jogo se prejudicou pela falta de campanha de marketing decente, pois seu lançamento se deu quase que no apagar das luzes da empresa. É uma mistura perfeita de Samurai Shodown com The King of Fighters ’98. Como os personagens têm rápido tempo de resposta e finais de animação dos golpes em aberto, a mecânica do jogo torna possível uma variedade muito grande de combos. Há possibilidade de se fazer combos de até 8 golpes diferentes, o que é imensamente divertido.

Os cenários são lindos, com personagens soturnos e bem concebidos, jogabilidade de mestre, com excelentes gráficos, sons, e tempo de resposta. Os cenários são verdadeiras pinturas, levando a capacidade do Neo Geo ao limite, e com inspiração evidente em cenários da saga Samurai Shodown (notadamente, Samurai Shodown 2).

A impressão que ficou, com o lançamento de Ninja Masters, pelo menos pra mim, foi a de que a ADK morreu justamente quando ia conseguindo achar seu caminho…

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 4 comentários

  1. toddy

    O World heroes era muito maneiro mesmo, o Fuuma realmente era um bom personagem, apesar de esse jogo ser uma cópia safada de street fighter!!!

    1. Acho que ele era mais cópia direta de outros jogos da própria SNK, como Fatal Fury (até porque teve gente da SNK que participou do desenvolvimento dele)… Mas, claro, todos os jogos de luta não deixam de ser meio “cópias” do Street Fighter, a grande mãe dos jogos de luta.

  2. Clemilda -Talco no salão

    Alguém já jogou com o Gokuu no World Heroes perfedt?

    1. Eu cheguei a jogar. A versão do World Heroes Perfect do Neo Geo CD, se não me engano, disponibilizava o personagem, junto com os chefes secretos do jogo. Ele era muito ruinzinho de se jogar. As magias eram sem graça e os golpes tinham um alcance esquisito.

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