Heavy Metal, UFC, Mídia e Violência

Você está visualizando atualmente Heavy Metal, UFC, Mídia e Violência

Olá Nerds e Nerdas, tudo bom? Outro dia estava no site do Globo.com e não sei porque resolvi assistir esse vídeo sobre a pesagem de dois lutadores do UFC, cuja luta aconteceu no sábado (19/01). Particularmente, não gosto de UFC, na verdade, nem o considero como esporte, mas hoje isso é o que está na moda. O UFC, para mim, nada mais é do que a glorificação da violência legalizada e que a TV resolveu colocar em sua grade de programação.

Vendo o vídeo, o que me chamou mesmo atenção foi a música de fundo. Não consegui identificar o nome e nem a banda que tocava, mas o que ficou claro foi que a música de fundo nitidamente era de Heavy Metal ou algum derivado. A mesma música pode ser ouvida nesse outro vídeo.

No momento estava ouvindo o álbum God Hates Us All do Slayer, que inclusive o nosso querido “Guia”, Zé Messias, fez um excelente post a respeito (AQUI). Após ter visto o vídeo, lembrei que a mídia, de um modo geral, sempre relacionou o Heavy Metal com a violência e não sei porque, de imediato, lembrei da matéria que o Jornal da Globo fez sobre o assassinato do guitarrista Dimebag Darrell seguido do comentário do Arnaldo Jabor.

http://www.youtube.com/watch?v=cHf-ZloVe4I

É claro que estamos falando de 2004 e, hoje, o Arnaldo pode ter uma visão diferente, mas a mídia, principalmente a “Grande Mídia”, não. Não é o só o Heavy Metal que sofre com isso, outros estilos também, e são inúmeras as matérias sem um mínimo de credibilidade, sobretudo sem confirmar fatos. Pelo visto alguns “jornalistas” fazem uma pesquisa superficial, não apuram e jogam aquilo como verdade. No fundo, o que vale é que a matéria venda jornais, nem que para isso seja necessário apelar para o jornalismo sensacionalista.

Dito isso, acredito que o Heavy Metal só é violento quando, no caso da Globo, convém, pois o estilo que ela (e outras emissoras) critica, alegando que influencia a violência, que faz trazer o ódio e cria o anarquismo e o caos é o mesmo utilizado para promover suas lutas, tão violentas ou até mais.

http://www.youtube.com/watch?v=A7XCULzD4kc

É claro que tudo em exagero não é saudável. Na música, nos jogos e no RPG sempre há alguém (com algum passado de transtorno ou problemas mentais) que cometerá atrocidades. No caso do Darrell, o “maluco” simplesmente ficou puto por ele ter terminado com a banda Pantera ou, no caso do atentado em Realengo, aqui no Rio, em que o “maluco” jogava Call of Duty ou, em Minas Gerais, que o “maluco” matou a garota no cemitério por que jogava RPG.

Isso não significa que todos que ouvem Heavy Metal ou joguem Call Of Duty ou RPG sejam malucos, anarquistas, devotos do demônio etc. Contudo, não é bem assim que a mídia pensa. O importante é generalizar e não informar. Acredito que isso ocorre porque procurar a informação certa dá muito trabalho e nem sempre há “tempo hábil” para um verdadeiro jornalismo.

Agora, por que citei o álbum do Slayer antes? Para deixar claro que eu escuto heavy metal e, sim, escuto bandas que falam sobre violência, que falam sobre demônio, que jogo RPG, jogo GTA, Call Of Duty e nem por isso sou uma pessoa violenta. Pelo contrário, todos que me conhecem sabem que sou uma pessoa tranquila.

Bandas como Slayer, Testament, Pantera e outras não me fizeram virar um anarquista, um maluco que irá puxar o gatilho no cinema, massacrar uma escola, matar alguém no cemitério, pelo contrário, essas bandas, que mencionam, sim, a violência – mas com o intuito de criticar uma sociedade, políticos e o mundo de um modo geral e toda a sua podridão -, me ajudam, em muito, quando estou conversando com alguém sobre religião e/ou política (temas que, por sinal, evito conversar). Elas me ajudam a ter argumentos. De certa forma elas fazem com que eu seja uma pessoa mais crítica e analítica, pois acabo sabendo do que estou falando.

O Slayer sempre criticou abertamente o cristianismo, mas seu vocalista Tom Araya é cristão. Como pode uma coisa dessas?! Será que todos são malucos e só o Tom é certo? A questão é que eles usam uma música violenta para “alertar” seus fãs da manipulação religiosa, para que eles não caiam em falsas promessas, enfim, que eles questionem. Não é a toa que uma das melhores músicas deles, em minha opinião, é Disciple.

“I’ll instigate I’ll free your mind
I’ll show you what I’ve known all this time”

(…)

“I have no faith distracting me
I know why your prayers will never be answered”

E o que dizer da violência do Testament com a música True American Hate?

“Some choose to celebrate
Some choose to hate
Some choose to live their life
Through someone else’s pain
All Those who follow
All those with faith
Show us your colors american hate!

True american hate (hate)”

Essa violência que encontro nas letras não é a mesma que vejo na mídia. Pelo que percebo, violento mesmo é só a música, pois as letras são justamente o contrário. Não há violência, apenas crítica a uma sociedade já violenta.

Gostaria de deixar claro que não estou criticando os amantes de UFC e nem quero insinuar que o fato de você gostar de UFC signifique que sejas uma pessoa violenta. Eu simplesmente não gosto do estilo. Sei que as verdadeiras Artes Marciais não pregam a violência e sim a paz.

Apesar de tudo, volto ao assunto para perguntar: sou uma pessoa violenta por ouvir Heavy Metal?

Abraços

Leonardo Delarue

Nerd clássico, nascido na década de 80, que gosta de video-game e heavy metal. Só escreve o que gosta, sem bases para sustentar suas teorias e/ou argumentos.

Este post tem 30 comentários

  1. José Messias

    Um ótimo texto do querido Delarue. Sempre me lembro das matérias sobre neonazismo que usam meu amado Rammstein como fundo. E. claro, as matérias super tendenciosas sobre shows de rock e rodinhas punk que eram/são demonizadas pelas mídia. E ainda assim hoje eles promovem o rock’n’rio e anunciam com festa a confirmação de Iron, Slayer, Metallica entre outros pro line up. Vai entender?!

      1. Don Vittor

        Cara, gosto de UFC. Se eu pudesse, acho que colocaria vários presidiários de alta periculosidade numa arena, com armas dispostas por todo o terreno, além é claro de um som foda . Ao fim, cada espectador teria um botão de like para escolher quem sobrevive. Um estilo moderno de gladiador.

    1. Junior medias

      Para você mas o MMA me ajudou muita na minha vida depois que passei a treinar MMA comecei a me alimentar melhor a ter mais disciplina e me exercitar com a base de treino diário agora é só vitoria.

    2. Junior medias

      Há eu não sou lutador de MMA profissional eu apenas pratico para me exercitar e por diversão.

  2. Heitor Coelho

    Cara, eu não aprendo… fui assistir o vídeo da Globo. Deus do Céu. Isto não é reportagem, é o jogo dos estereótipos.

    Mas o Jabor é mesmo o rei dos pamonhas. Ele é a prova definitiva de que qualquer paspalho pode se passar por intelectual.

    1. Leonardo Delarue

      Grande Heitor .. obrigado por te passado aqui e ter deixado o seu comentário. O problema é que esse tipo de reportagem é padrão.

  3. Sandra Mel

    Parabéns Delarue. Eu não gosto de UFC, não vejo sentido algum nisso…e você só é violento, quando lhe tiram o toddynho e seus jogos 😉 … bjos

    1. toddy

      “você só é violento, quando lhe tiram o toddynho e seus jogos”
      seus problemas acabaram mister delarue! é só botar a boca no canudinho! valeu

  4. toddy

    kra, mandou muito bem nos seu comentarios, como vc mesmo disse, a tv critica quando lhe convém, eu lembro da época q a rede tv passava o ufc, a rede globo foi a primeira a criticar, dizendo q aquilo é uma coisa violenta, q ñ poderia passar na tv aberta! agora ganha milhoes com a mesma coisa q criticou anos atras! mas o mundo é assim, o lixo de hoje, pode ser a riqueza de amanha! e vc ñ é violento ñ, quando quiser toddynho é só me dizer viu! valeu

  5. Mariana Costa

    Delarue, nunca um post fez tanto sentido como este!
    Eu acho UFC a coisa mais idiota que se transmite. Ainda por cima é considerada um esporte e ganha-se milhões em cima disso.
    Depois muitos reclamam da violência, da situação do país e mimimi. Quer exemplo maior de violência do que UFC? O mais engraçado é comparar ao heavy Metal. Será que alguém já ouviu as letras de bandas de Heavy? Provavelmente não!

    É…isso tudo não passa de pessoas se portando como….PESSOAS e não fazendo uso de seus cérebros atrofiados!

    Ahazzou, chuchu!

    1. Junior Medias

      Se o boxe é considerado esporte porque o UFC não pode sinto cheiro hipocrisia no ar.

      1. Leonardo Delarue

        Olá Junior! Não o considero o Boxe um esporte, assim como qualquer outro esporte cujo objetivo é “nocautear” o adversário. Mas o mesmo não posso dizer do Judô ou do Karatê, cujo vencedor é decidido por pontos por exemplo. Abraços

    2. Junior Medias

      O UFC não tem nada a haver com a quantidade de violência no pais, você esta usando de argumentos idiotas e fúteis para denegrir o esporte.

  6. Carlos

    Seria chato ter que dizer, por exemplo, que o badminton profissional tem mais mortes e lesões graves do que o MMA regulamentado (é sério!!!).

    Essa velha discussão me remete à polêmica acerca do porte de armas nos Estados Unidos.

    Congressistas americanos querem proibir a comercialização de rifles no país.

    Acontece que, por lá, há mais mortes anuais por marteladas do que a tiros deste tipo de arma!

    Nem sempre aquilo que impressiona mais causa os maiores danos.

    A mesma arte marcial que me faz ver “beleza” nesse ballet violento também me tornou tolerante, confiante, trouxe melhorias físicas e me ensinou respeito.

    A palavra violência.

    No meu defasado Michaelis, o significado é: “qualquer força empregada contra a vontade, liberdade ou resistência de uma pessoa ou coisa; constrangimento físico ou moral, exercido sobre alguma pessoa para obriga-la a submeter-se à vontade de outrem”.

    Fica claro que que tal palavra nada combina com o nível de profissionalismo que atingiu o MMA.

    Exames físicos cada vez mais rigorosos, limites de tempo, divisão por peso, testes de tudo que se imagina, regras protetoras, material de segurança…

    Tudo isso dá o respaldo necessário a atletas que sobem no ringue no estado da arte do condicionamento físico.

    É aí é que não dá para negar: a atração pelo conflito corre em nossas veias. Dana White não poderia resumir melhor:

    O MMA transcende qualquer barreira cultural. Não me importa qual é a sua cor, qual língua você fala ou de qual país você vem, no fim das contas, somos todos seres humanos e a luta está no nosso DNA. Entendemos e gostamos.

    Me lembro, com muito carinho, do meu saudoso avô.

    Seu Manoel de Almeida Rebelo era absolutamente contra essa “rinha humana”, mas assinava o canal Combate!

    Após cada evento do UFC, ele vinha me contar como estava “enojado” por aquela violência gratuita. Mas não perdia um…

    Eu mesmo sou um que critico a futilidade da televisão brasileira e me pego assistindo “Big Brother” e na última segunda-feira, por exemplo, “Mulheres Ricas”. Sou hipócrita também.

    É muito curiosa essa necessidade que temos de negar instintos primitivos e camuflar a qualquer custo características socialmente imperfeitas.

    Caso ele seja apenas mais uma contradição humana, como todos nós, o convido a tomar um chopp no próximo pay-per-view.

    Afinal, seria frustrante descobrir que um ídolo não pratica o que prega.

    Não sei por que me lembrei de Jean-Jacques Rousseau, um dos filósofos condecorados da história.

    Seus textos o transformaram em um dos maiores humanistas de todos os tempos. Um cara romântico, benevolente, altruísta…

    Só que deixou cinco filhos na porta de um convento pois não os queria criar.

    Quanto a nós, não entendo por que ficamos tão ofendidos e agimos como divas quando nosso esporte é criticado ou incompreendido.

    Em primeiro lugar, não precisamos esconder as emoções que o MMA nos proporciona.

    Exatamente pelo fato de o termos abraçado como forma de entretenimento que milhares de empregos mundo afora foram criados, centenas e centenas de crianças deixaram zonas de risco para seguir o caminho da disciplina e muitos atletas foram capazes de proporcionar condições melhores às suas famílias…

    O fato de que cada evento do UFC injeta de 60 a 90 milhões de dólares na economia do local é apenas a cereja do bolo.

    Enfim, as melhorias trazidas por esta atividade são tantas que me atrevo a dizer que, quanto mais adeptos o MMA tiver, menor será a popularidade do crack.

    1. Leonardo Delarue

      Olá Carlos, tudo bom? Seus argumentos são válidos, principalmente a relação da profissionalização do UFC, classificação de peso, injeção de dinheiro na economia, pessoas melhorarem de vida e suas família etc. Quanto a isso eu não discuto. O que comento no meu texto é a relação que a mídia faz com o Heavy Metal e a violência, que ora ela condena e ora ela apoia (no caso a utilizando no UFC). O que acabei revelando no meu texto foi a minha opinião sobre o UFC. Não o considero esporte, assim como boxe e qualquer outro esporte cujo objetivo é “nocautear” o adversário. Concordo que esse tipo de atividade nada mais é do que a exploração de nossos instintos mais primitivos. Mas o mesmo não posso dizer do Judô ou do Karatê, cujo vencedor é decidido por pontos por exemplo. Abraços

      1. Darth Vegeta

        A intenção de uma luta não é “nocautear” pura e simples. O objetivo é ser o vitorioso no final, seja por pontos, seja por intimidar seu oponente. O nocaute só assegura isso (se estiver vencendo) ou é uma ferramenta de virada de jogo (se estiver perdendo).

        Se fosse uma bola dourada escrota num jogo com vassouras voadoras, esses nerds não estariam enchendo!

        1. Olá Espião, tudo bom? Assim como em todos os esporte o objetivo é ser vitorioso. O que comento é que no caso das lutas, em especial o UFC, esse Nocaute é por meio de uma violência simples e pura. Diferente do Karatê.
          Abraços

  7. Junior Medias

    UFC é um esporte muito profissional e que muitas vezes é visto como barbárie, o que é uma redução tremenda do que o esporte representa! E realmente a sua prática tem evidenciado uma diminuição drástica no uso de drogas e na violência entre jovens! Pois não é ensinado meramente a “bater”, existe toda uma filosofia por trás da técnica.

    1. Leonardo Delarue

      Olá Junior … concordo com você que as artes marciais tem uma filosofia que pregam a não violência. O UFC assim como outras competições se profissionalizou, mas como disse no texto: eu apenas não o considero como esporte, diferente do Karatê. Abraços

  8. Lucas

    A sai dai hater de UFC os próprios rockeiros se auto sabotam com atitudes violentas como brigas em Shows, pregação de ódio contra outros estilos musicais, rockstars agredindo fãs ai e por ai vai e tu vem ficar cheio de mimimi só porque coloca uma batida de rock em programa e UFC é cada coisa que a gente tem que ler na internet pqp.

    1. Leonardo Delarue

      Olá Lucas … No caso eu apenas comento sobre o uso do Heavy Metal por parte da mídia. Concordo que os fãs de Heavy Metal são chatos, mas assim como em todas as áreas sempre os que exageram!!. Abraços

Deixe um comentário