Ilumidicas: Wrapping up the Oscars

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0273a51a-afef-3633-8963-86b89a15799eCerimônia é um negócio chato e só mesmo quem tem muito tesão por cinema (e nenhum tesão na “vida real”), aguenta três ou quatro horas dessas masturbação de egos coletiva. Lembrando sempre que, como foi dito no Ilumicast #21, esse é um prêmio da indústria para a indústria. É Hollywood – esse coletivo de pessoas que trabalham no cinema estadunidense – premiando Hollywood, ou seja, eles mesmos. Em meio a toda essa papagaiada de cinéfilos afetados e críticos de cinema (incluindo este que vos fala, obviamente), achei interessante fazer um compacto dos assuntos mais interessantes da premiação para que o bom nerd tenha papo no trabalho, na mesa de bar ou até uma boa forma de iniciar uma cantada naquela mina hipster cult-bacaninha que não te dá bola.

Na disputa política entre os liberais que torciam por Argo e a direita conservadora que “se apaixonou” pelo filme-propaganda A Hora mais escura (não preciso nem dizer de que lado estou, né?), Argo “aparentemente” sagrou-se campeão. Digo aparentemente porque mesmo ganhando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Edição, Ben Affleck (ele mesmo, o Demolidor) não foi nem indicado como Melhor Diretor, talvez a maior injustiça desse ano. Por falar em injustiça…

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Bradley Cooper não ganhou o Oscar nem porra nenhuma que disputou (dos festivais importantes), mas nem precisava. Depois de literalmente dar uma cafungada na pata de camelo da estonteante Jennifer “leggings pra que te quero” Lawrence, ele nem precisava ter recebido cachê.

O filme O lado bom da vida (Silver Linnings Playbook) é realmente muito divertido, embora definitivamente não seja essa coca-cola toda. Embora tenha ganho o Oscar de Melhor Atriz, fiquei mais interessado na atuação do DeNiro do que na da Jennifer Lawrence, mas, verdade seja dita, ela está extremamente gostosa neste filme. Ouso dizer que ela “a paisana” está mais voluptuosa do que como Mística….rs

Confiram:

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Essa não é do filme, mas quem se importa, não é?

Para ver como ela usa e abusa das leggins (e de nossos corações) e a referida cena da cafungada basta clicar no vídeo ai de baixo e passar direto para  2:15.

 

http://www.youtube.com/watch?v=gGBCmnGN_Xc

 Na série palpites do Messias, devo dizer que na barbada que seria/foi a categoria Melhor Ator, com o Lincoln de Daniel Day-Lewis como unanimidade, outra atuação que me comoveu e que, pra mim, estaria na mesma linha seria a do Joaquin Phoenix em O Mestre. O cara é meio persona non grata na academia desde a época de “O ano perdido de Joaquin Phoenix” (I’m still here), aquele polêmico falso documentário do irmão do Ben Affleck que supostamente seria sobre ele se tornar um rapper, mas nesse filme o cara dá um show. Curiosamente, o Mestre é dirigido por Paul Thomas Anderson, o mesmo de Sangue Negro (There Will be blood), o último Oscar do Day-Lewis.

Diferente dos outros três indicados, nesses dois casos é possível apreciar esteticamente a atuação dos dois. É um verdadeiro deleite ver como eles construíram seus personagens, seu modo de falar, seus trejeitos e suas personalidades de maneira que a gente simplesmente se perdesse contemplando o “puro desempenho cênico” dos dois – o que é muito difícil, uma vez que inadvertidamente acabamos prestamos atenção no personagem dentro de seu contexto narrativo.

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 Para aqueles não muito versados na sétima arte, uma forma de entender o que estou dizendo seria pensar num sujeito apaixonado. O cara (ou a cara) quando está perdidamente apaixonado muitas vezes se vê simplesmente contemplando a pessoa amada, apreciando-a como se fosse uma obra de arte, o que não significa necessariamente prestar atenção em alguma coisa que está sendo dita, mas apenas vendo “através” de tudo isso. Há quem diga que se enxerga o próprio amor “encarnado”. Essa seria a base da apreciação puramente estética da perfomance cênica, aquela que não leva em contexto narrativa (mensagem), contexto, cenário etc. É mais ao menos essa a sensação de assistir tanto Day-Lewis quanto Phoenix, não importa muito a narrativa – até porque O Mestre possui um ritmo bastante lento e um estilo mais inconvencional, beirando o não-narrativo – só as emoções apresentadas na telona já te fazem entrar no filme.

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Trouxe minha fantasia de Quico pra isso?!

 Esse ano houve uma forte influência Nerd na premiação (embora talvez menor do que em edições anteriores). Só para começar em grande estilo, William Shatner apareceu caracterizado como Capitão Kirk para alertar o apresentador Seth McFarlane – um dos maiores nerds do showbiz – sobre o fiasco que seria sua apresentação (trama feijão com arroz de sci-fi também, não preciso nem comentar). Outro homenageado da noite foi a franquia 007, extensamente comentada, resenhada e discutida aqui no Iluminerds, com direito a apresentação ao vivo do tema de Goldfinger pela voz, ainda potente, de Dame Shirley Bassey. Além disso, outro ponto alto foi a presença dos Vingadores (menos o Thor, Chris Hemmsworth), com direito as corriqueiras tiradas sarcásticas de Robert Downey Jr. e uma leve alfineta, disfarçada em sarcasmo, sobre a academia ignorar os grandes blockbusters do ano em seus prêmios mais cobiçados (e nesse caso até mesmo nos mais técnicos, uma vez que os Vingadores foi indicado apenas para Efeitos Visuais e TDKR tenha sido ignorado solenemente).

 Para finalizar, sou compelido por forças sobrenaturais a falar de Os Miseráveis, meu favorito (dos que assisti) ao lado de Lincoln (ainda não consegui ver Argo). Particularmente não sou um aficionado pelo gênero, podendo ser considerado mais como um “entusiasta”, mas esse musical foi sensacional. Para começo de conversa, Anne Hathaway ganhou praticamente todos os prêmios que disputou aparecendo em mais ou menos 20 minutos de filme. Ainda assim, sua versão para “I dreamed a dream”, canção já clássica dos musicais (e a mesma que tornou Susan Boyle famosa), emociona sem apelar. É uma dor honesta, sem fim, irrestrita e incondicional. E a voz da atriz é de uma beleza impar, lembrando que, neste longa, as canções foram executadas ao vivo, ao invés do tradicional (e mais seguro) método do playback.

 Cabe ressaltar que essa cena, de longe a de maior impacto dramático, acontece antes da metade do filme e mesmo assim não ficamos decepcionados/entediados com o desenrolar da trama que segue num ritmo firme, e até excitante, uma vez que a primeira parte, mais pesada e angustiante, dá lugar a história de amor e revolução em meio a segunda revolução francesa, ocorrida após a Restauração Bourbon.

 PS: como bom nerd é engraçado ver como somos bastante influenciados por nossos referenciais até nas premiações artísticas. Vendo Os Miseráveis não pude deixar de comentar que se tratava de um embate entre o Wolverine (Hugh Jackman/Jean Valjean) e Jor-El (Russel Crowe/Javert) em que a Mulher Gato estava envolvida. Da mesma forma, em Argo, o Demolidor volta a enxergar e arma um plano para resgatar uns reféns no Irã. num filme produzido pelo Batman com mamilos (George Clooney). E em O Lado Bom da Vida, a Mística se disfarça de uma jovem viúva (mais do que apetitosa) para conquistar o (provável) futuro Flash.

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Zé Messias

Jornalista não praticante, projeto de professor universitário, fraude e nerd em tempo integral cash advance online.

Este post tem 2 comentários

  1. Leonardo Delarue

    Muito bom o seu texto Menissias. Eu não assisti o Oscar, mas confesso que estava torcendo para Os Miseráveis como Melhor Filme e Hhugh Jackman como Melhor Ator.

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