Retomar uma franquia de cinema/TV é sempre algo complicado. Como afirma aquela máxima, “é mexer com quem está quieto”. Às vezes, consegue-se fazer algo digno (como o último Rocky, do Stallone), mas, se alguma coisa não for do agrado, nunca se está livre das críticas dos fãs. No caso das séries de TV, então, uma vez que a série já teve sua temporada derradeira, uma nova é algo raríssimo. E, no caso de 24 Horas, o nível de dificuldade aumenta ainda mais. Muitos consideram o final de seu quarto ano (2005) como o encerramento ideal para a série e, depois disso, entre altos e baixo, Jack Bauer (Kiefer Sutherland) encontrou um final digno apenas na oitava temporada (2010). Inclusive com um agradecimento implícito para os fãs. E assim passaram-se quatro anos.
Contudo, tanto Jack Bauer quanto a franquia 24 Horas gostam de enfrentar desafios e lançar tendências. O formato do programa (cada episódio representa uma hora, totalizando um dia ao fim da temporada) lançou “oficialmente” a moda das maratonas (ou binge-watching, que é assistir a tudo de uma vez) e teve a coragem de matar personagens repentinamente. Ao ser anunciada a nona temporada, que possui o subtítulo de Live Another Day (“Viva um Novo Dia”, por aqui), muita gente se perguntou como seria possível retomar com as peripécias de Bauer, já que a série parecia ter se encerrado dignamente.
Apesar de sempre ter tentado levar 24 Horas para os cinemas, Kiefer não imaginava voltar para o formato da TV, pelo menos não até se “encantar” com o roteiro. Contudo, algumas medidas se mostraram necessárias. Dessa vez, a série terá apenas 12 capítulos, ao invés dos tradicionais 24. Talvez esse fato cause estranhamento ou críticas, mas as considero infundadas uma vez que a franquia inclusive já teve um filme para TV (que inicia a trama da season 7) com duração de uma hora e meia. O palco também mudou. Sai o território americano (que sofreu durante oito temporadas), entra o cenário londrino, com lugares ermos, fábricas e becos abandonados e locais cheios de imigrantes.
A trama também passou por uma “atualização”. Em vez de ameaças biológicas e bombas nucleares (ameaças recorrentes de vilões), temos os temas dos drones, vigilância e vazamento de informações (como um WikiLeaks). Assuntos que já foram abordados inclusive no último filme do Capitão América, mas que continuam com força.
Esse retorno também pode ser considerado como uma homenagem a tudo o que foi feito até aqui. Por este motivo, Viva um Novo Dia conta com várias referências a acontecimentos passados (nos episódios exibidos até o momento), como a lista no laptop do personagem Mark Boudreau (Tate Donovan) com vários vilões mortos por Jack Bauer, citações ao destino de personagens (dentre as quais a filha de Bauer, Kim) e a volta de outros marcantes (como Chloe O’Brien e Audrey Raines) reforçam o sentimento. Vale citar que a redução da quantidade de capítulos parece ter feito a trama ficar mais ágil e condensada. Pensando nisso, os produtores garantem ser possível acompanhar esta temporada mesmo não tendo visto as outras. De certo modo, tive essa impressão, mas, sem conhecer toda a história de Jack Bauer, certamente algumas citações se perdem e o risco de vê-lo como um cara simplesmente louco e antipático é certo.
Ao que tudo indica, 24 Horas voltou com bastante fôlego. Mas, se tudo vai correr bem até o encerramento, só saberemos disso no fim dos 12 episódios. O que pode se dizer é que até aqui a audiência parece ter correspondido. Na estreia, 24 Horas foi o programa mais assistido da noite americana. Salvar o mundo e manter a franquia viva parece o tipo de desafio à altura de Jack Bauer.
https://youtu.be/45Ud0Wj6msw
A nova temporada veio com tudo. Muito boa! Uma das melhores series da atualidade!
Acredito que todas as séries têm algo interessante, mas eu já quero ver é Ray Donovan 2 série, uma longa espera para a segunda temporada!