Iluminamos: A Tempestade ou O Livro dos Dias

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Tudo são ciclos: um dia começam, um dia chegam ao fim. Meses atrás, fiz o primeiro post sobre o Legião Urbana tentando traçar um paralelo entre a obra e a trajetória da banda. Posteriormente, fui presenteado com a proposta do meu amigo Inferno Sempre Infame, do BdE, para dividir comigo esta tarefa. Sendo assim, enquanto eu escrevia, ainda no MRZI, sobre Legião Urbana, Que País é Este 1978/1987 e V, ele mandou bem  analisando DoisAs Quatro Estações e O Descobrimento do Brasil. Depois, o Inferno finalizará com o póstumo Uma Outra Estação.

Aqui, finalizo minha participação nesta empreitada, falando do último trabalho lançado pelo grupo ainda como uma banda oficialmente em atividade.

Não podemos nunca mudar a concepção da banda. O V  é um disco bem deprê, O Descobrimento do Brasil tem coisas sérias e outras leves. Não posso fazer Que País é Este 2 e 3. Gosto muito de falar sobre relacionamentos humanos, sobre amor. Há coisas que escrevo e não faço com o grupo. Não tem nada a ver. É como se colocasse um sofá na cozinha. Meus amigos falam: "poxa, Renato, como você é conservador!" Por isso, pude colocar tanta coisa romântica nesse disco em italiano. Assim, não vou precisar fazer esse gênero com a Legião. Senão, os fãs vão falar que estamos virando Legião Rosana.
Não podemos nunca mudar a concepção da banda. O V é um disco bem deprê, O Descobrimento do Brasil tem coisas sérias e outras leves. Não posso fazer Que País é Este 2 e 3. Gosto muito de falar sobre relacionamentos humanos, sobre amor. Há coisas que escrevo e não faço com o grupo. Não tem nada a ver. É como se colocasse um sofá na cozinha. Meus amigos falam: “poxa, Renato, como você é conservador!” Por isso, pude colocar tanta coisa romântica nesse disco em italiano. Assim, não vou precisar fazer esse gênero com a Legião. Senão, os fãs vão falar que estamos virando Legião Rosana.

Depois de encerrar a turnê d’O Descobrimento do Brasil, Renato Russo pegou pesado novamente na bebida. A inatividade aumentava as oportunidades para se entregar aos excessos, cada vez mais perigosos para quem tinha uma saúde que se deteriorava rapidamente. Embora o segredo fosse mantido, o boato de que estaria com AIDS ressurgia de tempos em tempos.

Renato Russo e Cazuza, considerados os melhores letristas do rock nacional. Ao contrário do carioca, Renato era considerado muitas vezes um sujeito chato pra caramba.
Renato Russo e Cazuza, considerados os melhores letristas do rock nacional. Ao contrário do carioca, Renato era considerado muitas vezes um sujeito chato pra caramba.

Visando combater o ócio pernicioso de Russo, os demais integrantes do Legião (incluindo o empresário Rafael Borges) apoiaram seus planos de investir em trabalhos solo. Se,  antes mesmo de lançar O Descobrimento do Brasil, Renato havia soltado o muito bom The Stonewall Celebration Concert (apenas com canções em inglês), desta vez ele gravaria Equilíbrio Distante, com canções em italiano. Gravou clipe (Strani Amori, uma das coisas mais gay que já vi em toda a minha vida) e declarou que havia cogitado seriamente divulgar o trabalho apresentando-o no (pasmem!) antigo programa Planeta Xuxa. O declínio de sua saúde e outra recaída alcoólica sepultaram estes planos e, em janeiro de 1996, Renato foi para o Estúdio AR trabalhar no material que constaria nos últimos CDs do Legião.

O clima era mórbido. Os  sintomas da doença finalmente estavam se manifestando e ele mostrava uma aparência desalinhada: magro, cabelos compridos e desalinhados, barba cerrada…

O vocalista com Leila Pinheiro. Ela gostava de entoar canções do amigo nos seus shows. Seus arranjos, no entanto, nunca me empolgaram.
O vocalista com Leila Pinheiro. Ela gostava de entoar canções do amigo nos seus shows. Seus arranjos, no entanto, nunca me empolgaram.

Russo aparecia esporadicamente. Suas mudanças de humor fizeram com que Dado Villa-Lobos acumulasse a produção, auxiliado pelo tecladista Carlos Trilha, co-produtor dos trabalhos solo de Renato. Foi Trilha quem perdeu a paciência com ele durante uma discussão por telefone, sendo desarmado pela revelação do verdadeiro estado de saúde do cantor. Dias depois, o tecladista apareceu no estúdio e encontrou o amigo estirado em um sofá, magérrimo e abatido. Ao ver seu esforço pra tentar cantar, começou a chorar.

Renato Russo com Herbert Vianna, guitarrista e vocalista dos Paralamas do Sucesso.
Renato Russo com Herbert Vianna, guitarrista e vocalista dos Paralamas do Sucesso.

Vozes-guia colocadas, Renato não aguentou retornar para colocar as interpretações definitivas. Apenas A Via Láctea teve uma regravação. Recebia as fitas em seu apartamento e ligava para Dado, Marcelo Bonfá, Trilha… Reclamava por horas e horas e horas

Um dos motivos das discussões era a escolha das faixas, dentre as vinte e cinco prontas, que fariam parte do álbum. Chegaram a cogitar, como no tempo do Dois, um álbum duplo. A impossibilidade de mixar todas as faixas a tempo (os envolvidos não queriam um disco póstumo) e a faixa de preço que tal lançamento iria alcançar (em 1996, CD era algo extremamente caro) os fizeram abandonar esta ideia.

Renato com Marisa Monte
Renato com Marisa Monte

Outro motivo de briga foi o título. O letrista queria que fosse A Tempestade (mesmo da última peça de Shakespeare), mas Dado queria que fosse O Livro dos Dias. Sem consenso, os dois nomes foram colocados. Porém, apenas A Tempestade aparece na capa e apenas a canção O Livro dos Dias está no CD.

Renato com Paula Toller, do Kid Abelha. Só pro Ckreed se ensandecer!
Renato com Paula Toller, do Kid Abelha. Só pro Ckreed se ensandecer!

O álbum foi lançado em uma embalagem em formato de livreto, azul, com uma foto antiga de Russo no encarte, da época de Equilíbrio Distante. Na primeira pagina, uma frase de Oswald de Andrade dava o tom: “O Brasil é uma república federativa, cheia de árvores e gente dizendo adeus.”  Não constavam as frases “Ouça no volume máximo!” nem “Urbana legio omnia vincit”.

Russo e Paulo Ricardo, vocalista do RPM.
Russo e Paulo Ricardo, vocalista do RPM.

Abre com Natália, um rock de som e letra bem pesados. Já se nota a fraqueza na voz de Renato, principalmente em algumas passagens mais altas. Segundo alguns, Natália não seria uma pessoa, mas a representação da juventude que acha que “ter esperança é hipocrisia”. Como era afeito à numerologia e à astrologia (e sabendo que “Natália”, para essas crenças, é alguém que alcança a maturidade apenas após um long0 embate em busca do equilíbrio entre a razão e a emoção, por isso mesmo sendo considerada inconstante, ainda que fiel, e exija sempre ser tratada com deferência), é difícil acreditar que ele tenha escolhido a palavra ao acaso. Na letra, Renato também coloca mais alusões ao seu estado particular e aquilo que ele considera talvez o pior de tudo que vinha vivendo nos últimos tempos: solidão.

 

Quando a tristeza é sempre o ponto de partida

Quando tudo é solidão

É preciso acreditar num novo dia

Na nossa grande geração perdida

Nos meninos e meninas

Nos trevos de quatro folhas

A escuridão ainda é pior que essa luz cinza

Mas estamos vivos ainda.

Vi que bebia e me drogava não por ser um sem-vergonha, pervertido, vagabundo e sim porque era uma vítima de uma doença que ataca igualmente a socialite e o mendigo. A diferença é que a socialite vai vomitar em tapetes persas e o mendigo, no esgoto. Mas se ambos contarem suas histórias será rigorosamente a mesma.
Vi que bebia e me drogava não por ser um sem-vergonha, pervertido, vagabundo e sim porque era uma vítima de uma doença que ataca igualmente a socialite e o mendigo. A diferença é que a socialite vai vomitar em tapetes persas e o mendigo, no esgoto. Mas se ambos contarem suas histórias será rigorosamente a mesma.

Logo depois vem aquela que é uma das melhores letras de Russo: L’Avventura (título tirado de um filme de Michelangelo Antonioni). O autor vai traçando um panorama onde analisa suas dificuldades de relacionamento, apontando sua desilusão no amor e descrença nas pessoas. Fala na responsabilidade que vem com a liberdade (alusão a AIDS?) e que, embora o passado seja imutável, o futuro oferece sempre mais de uma possibilidade. Afirma a preferência por um compromisso que não seja efêmero e a tristeza quando os sentimentos vão morrendo aos poucos dentro da pessoa amada. Termina divagando sobre o fim e o orgulho besta que acompanha os culpados.

Triste coisa é querer bem

A quem não sabe perdoar

Acho que sempre lhe amarei

Só que não lhe quero mais.

 

Não é desejo, nem é saudade

Sinceramente, nem é verdade.

Na adolescência você quer ser aceito. Foi uma época muito complicada para mim. Eu sabia que era sedutor e, como todo mundo, também aprendi os códigos sociais para não me machucar. Minhas melhores amigas de hoje vêm de uma época que eu estava tentando namorar garotas para ver se deixava meus pais felizes, a sociedade feliz. Namorei mulheres belas e interessantes. Uma delas foi a Denise Bandeira – posso dizer porque sei que ela não se importa -, aquele mulherão. Tentei, mas não deu certo comigo. Entendi que poderia namorar a mulher mais bonita do mundo, mas quando passasse um bofe atraente, com corpo cabeludo… Hummmm. Não deu, não dá.
Na adolescência você quer ser aceito. Foi uma época muito complicada para mim. Eu sabia que era sedutor e, como todo mundo, também aprendi os códigos sociais para não me machucar. Minhas melhores amigas de hoje vêm de uma época que eu estava tentando namorar garotas para ver se deixava meus pais felizes, a sociedade feliz. Namorei mulheres belas e interessantes. Uma delas foi a Denise Bandeira – posso dizer porque sei que ela não se importa -, aquele mulherão. Tentei, mas não deu certo comigo. Entendi que poderia namorar a mulher mais bonita do mundo, mas quando passasse um bofe atraente, com corpo cabeludo… Hummmm. Não deu, não dá.

A próxima é  Música de Trabalho, que critica o dia a dia cada vez mais exaustivo que tira das pessoas o tempo e a vitalidade para investir em coisas mais espirituais ou fisicamente prazerosas. Algumas pessoas insistem em ver aqui uma denúncia contra o capitalismo. Não vejo nada tão político: Renato faz uma crítica ao mundo moderno onde, ao mesmo tempo que todo avanço da tecnologia só serve para tornar a pessoa mais acessível para o trabalho – e cada vez mais ausente para a família -, o indivíduo é preso a empregos que abomina, pois precisa da compensação financeira. A voz cansada do intérprete se adequou bem ao tema. O arranjo pesado parece fazer alusão ao barulho do mundo.

Mas quando chega o fim do dia

Eu só penso em descansar

E voltar pra casa, pros teus braços

Quem sabe esquecer um pouco

De todo o meu cansaço

Nossa vida não é boa

E nem adianta reclamar.

Mais do que Oasis, prefiro me aproximar de uma coisa mais Beck, que também não tem um formato pop. Mesmo a Legião nunca teve refrões fáceis – com exceção de Será ou Pais e FiIhos, talvez. O problema é que tem muita banda de rock querendo soar como pop, o que considero um desperdício. A Legião continua sendo uma banda de rock nesse sentido – e nem é só a questão da música, que continua um híbrido de folk, pop e rock – mas da atitude, de postura mesmo. Não tem refrãozinho. - Dado Villa-Lobos -
Mais do que Oasis, prefiro me aproximar de uma coisa mais Beck, que também não tem um formato pop. Mesmo a Legião nunca teve refrões fáceis – com exceção de Será ou Pais e FiIhos, talvez. O problema é que tem muita banda de rock querendo soar como pop, o que considero um desperdício. A Legião continua sendo uma banda de rock nesse sentido – e nem é só a questão da música, que continua um híbrido de folk, pop e rock – mas da atitude, de postura mesmo. Não tem refrãozinho. – Dado Villa-Lobos –

Em seguida, (mais) uma música de abandono: Longe do Meu Lado. Sem a força no arranjo e na letra de um Vento no Litoral ou as belas figuras de um Os Barcos, ainda assim é comovente. Enquanto, nas obras citadas, a pessoa abandonada se agarra a paixão e relembra com saudades da pessoa querida, aqui há um desânimo não só com a relação como com o sentimento. O próprio Renato declarou que o personagem da canção está se derramando de amor, mas é orgulhoso e desconfiado demais pra dar o braço a torcer. Fala também daquelas pessoas que deixam morrer em si traços sublimes de personalidade, se tornando mais comuns, mais amargas.

A paixão quer sangue e corações arruinados

E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago

E essa escravidão e essa dor não quero mais

A questão da compreensão é muito complicada. Eu por exemplo, não entendo nada de absolutamente nada. Eu vou levando a minha vida. Com a minha experiência de vida, interpreto as coisas de uma determinada maneira, mas eu posso estar errado. Não é uma questão de entender ou não, é uma questão de se identificar, e eu acho que todo fã da Legião se identifica. Porque senão eles não cantariam as nossas músicas, não teriam o carinho que têm pela gente. Mas tem o seguinte, o que a gente sempre falou foi: "Seja sua própria pessoa", e o que vejo em alguns fãs é a anulação da própria pessoa por causa da Legião Urbana, e eu acho isso péssimo.
A questão da compreensão é muito complicada. Eu por exemplo, não entendo nada de absolutamente nada. Eu vou levando a minha vida. Com a minha experiência de vida, interpreto as coisas de uma determinada maneira, mas eu posso estar errado. Não é uma questão de entender ou não, é uma questão de se identificar, e eu acho que todo fã da Legião se identifica. Porque senão eles não cantariam as nossas músicas, não teriam o carinho que têm pela gente. Mas tem o seguinte, o que a gente sempre falou foi: “Seja sua própria pessoa”, e o que vejo em alguns fãs é a anulação da própria pessoa por causa da Legião Urbana, e eu acho isso péssimo.

Na sequência temos a canção que Russo brigou com a EMI para ser a primeira a ser divulgada. Quando ouvi A Via Láctea na rádio, lembrei de uma entrevista do vocalista na MTV em que ele dizia que não queria “passar por toda essa dor novamente. Eu não quero escrever o V novamente”. Acabou indo além. Ali estava uma das canções mais tristes, desesperançadas e resignadas de todos os tempos! É uma letra que fala da AIDS, seus efeitos físicos, psicológicos e sociais e, claro, de sua consequência final: a morte. Na mitologia grega, a Via-Láctea seria o caminho utilizado pelos deuses pra ir da terra ao céu, uma estrada de acesso ligando o mundo terreno ao espiritual, a passagem que logo Renato iria atravessar. Ricky Martin fez uma versão dela (Gracias Por Pensar em Mi) para seu MTV Unplugged. Eu nem sabia disso. Não percam tempo.

Queria ser como os outros

E rir das desgraças da vida

Ou fingir estar sempre bem

Ver a leveza das coisas com humor.

Mas não me diga isso

É só hoje e isso passa

Só me deixe aqui quieto

Isso passa

Amanhã é um outro dia

Não é?

Hoje em dia, a Legião Urbana existe por causa do público. Sinceramente, eu tô com uma outra idade, uma outra visão da vida. Eu vou escrever uma música sobre o que, reclamando do meu cartão American Express? Não tenho problemas de espinhas, não tenho problemas com meus pais, não quero ficar catando drogas, não tenho problemas de namorar uma menina ou namorar um garotão. Minha problemática é outra, saiu da coisa do rock'n'roll. A minha coisa agora é manter a sanidade, tentar manter as coisas no lugar e não deixar o mundo interferir na minha vida.
Hoje em dia, a Legião Urbana existe por causa do público. Sinceramente, eu tô com uma outra idade, uma outra visão da vida. Eu vou escrever uma música sobre o que, reclamando do meu cartão American Express? Não tenho problemas de espinhas, não tenho problemas com meus pais, não quero ficar catando drogas, não tenho problemas de namorar uma menina ou namorar um garotão. Minha problemática é outra, saiu da coisa do rock’n’roll. A minha coisa agora é manter a sanidade, tentar manter as coisas no lugar e não deixar o mundo interferir na minha vida.

Continuando no clima de despedida, temos Música Ambiente, uma canção curta, com bom ritmo, que trata de um relacionamento legal, mas fadado ao fracasso por causa da doença, restando saber se o parceiro partirá antes do fim (“Se um dia fores embora...”) ou se ficará até serem apartados pela doença (“E quando eu for embora…“). Na primeira opção, ele deixa claro que o fato de ser abandonado não o fará amar menos a pessoa que parte.

Por favor, amor, me acredite

Não há palavras pra explicar o que eu sinto

Mesmo que tenhamos planejado

Um caminho diferente

Tenho mais do que eu preciso

Estar contigo é o bastante

Eu não tenho muitos, mas tenho bons amigos. Se eu contar realmente, não devem passar de cinco. Mas tem outros. (Os demais membros da banda estão entre eles?) Sim, mas como a gente tem uma relação de trabalho, é diferente. Tem o fato de eu ser gay, é uma distância que eu coloco. Porque acho o Dado o homem mais gostoso do mundo. E o Bonfá o homem mais gostoso do mundo, entendeu?
Eu não tenho muitos, mas tenho bons amigos. Se eu contar realmente, não devem passar de cinco. Mas tem outros. (Os demais membros da banda estão entre eles?) Sim, mas como a gente tem uma relação de trabalho, é diferente. Tem o fato de eu ser gay, é uma distância que eu coloco. Porque acho o Dado o homem mais gostoso do mundo. E o Bonfá o homem mais gostoso do mundo, entendeu?

Aloha, segundo os próprios havaianos, não pode ser explicado nem simplesmente traduzido. É mais do que uma saudação (como o ciao italiano) ou um sinônimo para a palavra amor. É um desejo, uma filosofia. Também é o título do “último hino” para a juventude do homem que compôs Geração Coca-Cola, Fábrica e Que País é Este. Renato fala da juventude, mas de forma madura, sem arroubos, reclamando por ela aceitar o papel reduzido que a mídia social lhe atribui. Aponta a força que pode existir dentro de cada jovem (lembrando que “jovem” não é uma simples faixa etária) e reclama do medo que os faz desunidos.

E meus amigos parecem ter medo

De quem fala o que sentiu

De quem pensa diferente

Nos querem todos iguais

Assim é bem mais fácil nos controlar

E mentir, mentir, mentir

E matar, matar, matar

O que eu tenho de melhor: minha esperança.

Nunca me faltou nada. Nada mesmo. Meus pais são maravilhosos, estão juntos até hoje. Tive muito problema com isso porque me senti culpado, durante a adolescência. Por não corresponder às expectativas deles, de uma vida bem comportada. Eles são supersimpáticos, inteligentes, têm um casamento de sonhos, maravilhoso e tal. Para mim, tudo isso era um carma, entendeu ? Eu era e ainda sou um pouco terrível.
Nunca me faltou nada. Nada mesmo. Meus pais são maravilhosos, estão juntos até hoje. Tive muito problema com isso porque me senti culpado, durante a adolescência. Por não corresponder às expectativas deles, de uma vida bem comportada. Eles são supersimpáticos, inteligentes, têm um casamento de sonhos, maravilhoso e tal. Para mim, tudo isso era um carma, entendeu ? Eu era e ainda sou um pouco terrível.

Logo, vem Soul Parsifal. É uma canção que Renato compôs com Marisa Monte. Chata em alguns momentos, como a diva da MPB (nada contra a obra dela, mas ela é antipática pra cacete!), ainda assim tem passagens interessantes. Mas não vou me alongar. Se fosse escolher uma música pra sacrificar em toda a discografia do Legião Urbana, seria essa, mantendo apenas a passagem abaixo:

Vê que a minha força é quase santa

Como foi santo o meu penar

Pecado é provocar desejo e depois renunciar.

O que existe hoje é consumismo desenfreado, é a TV dizendo qual o seu sonho de consumo. Isso existe há décadas, mas não como hoje. Tanto que agora existe uma discussão ética sobre valores éticos no país e não se chega a conclusão nenhuma. As pessoas perderam o sotaque e Maceió é igual a Porto Alegre. Uma pasteurização que o fascismo usa muito bem.
O que existe hoje é consumismo desenfreado, é a TV dizendo qual o seu sonho de consumo. Isso existe há décadas, mas não como hoje. Tanto que agora existe uma discussão ética sobre valores éticos no país e não se chega a conclusão nenhuma. As pessoas perderam o sotaque e Maceió é igual a Porto Alegre. Uma pasteurização que o fascismo usa muito bem.

Bom, agora vem aquele que é o melhor rock deste trabalho. Dezesseis, segundo o letrista, era baseada em uma história real. Se de alguém próximo, não sabemos. Mas histórias de tragédias com jovens em rachas nas fantásticas avenidas da cidade planejada não eram exatamente uma raridade. Há quem force um pouco a imaginação e diga que a canção fala de Ayrton Senna. Particularmente, acho tal elucubração uma bobagem. É uma boa história, assim como Faroeste Caboclo e Eduardo e Mônica. E tem o melhor vocal do disco.

E os motores saíram ligados a mil

Pra estrada da morte, o maior pega que existiu

Só deu pra ouvir foi aquela explosão

E os pedaços do opala azul de Johnny pelo chão.

Nosso processo de compor e gravar sempre foi meio que a cobra-mordendo-o-rabo. A gente tinha alguns esboços, coisas antigas que fizemos há até uns dois anos, sobre idéias que um ou outro trazia. Aí eu criava um ritmo, pegava um clique, “midiava” no teclados e gravava a música como guia. Depois o Renato fazia a idéia e desenvolvia uma linha melódica em cima. Eu gravei a bateria definitiva, tudo em uma semana e o Dado ficou lá, gravando as guitarras. Por mim e pelo Dado a gente ousaria mais. Eu dizia: “Vai lá, Dado, detona!”. Mas o Renato é mais conservador, tem medo de sair muito fora dos padrões e a gente sempre voltava atrás. – Marcelo Bonfá -
Nosso processo de compor e gravar sempre foi meio que a cobra-mordendo-o-rabo. A gente tinha alguns esboços, coisas antigas que fizemos há até uns dois anos, sobre idéias que um ou outro trazia. Aí eu criava um ritmo, pegava um clique, “midiava” no teclados e gravava a música como guia. Depois o Renato fazia a idéia e desenvolvia uma linha melódica em cima. Eu gravei a bateria definitiva, tudo em uma semana e o Dado ficou lá, gravando as guitarras. Por mim e pelo Dado a gente ousaria mais. Eu dizia: “Vai lá, Dado, detona!”. Mas o Renato é mais conservador, tem medo de sair muito fora dos padrões e a gente sempre voltava atrás. – Marcelo Bonfá –

Em Mil Pedaços, uma peça acústica, temos alguém lamentando o fim de um romance no qual acha que fez tudo certo. Aparentemente, no entanto, ele não está “tão certo de estar tão certo”, pois pede que a outra parte não volte. Por outro lado, talvez esteja apenas buscando o sossego da solidão, rogando para que a mesma não seja mais uma vez perturbada pelos ataques da paixão.

Eu não me perdi

E mesmo assim você me abandonou

Você quis partir, e agora estou sozinho

Mas vou me acostumar

Com o silêncio em casa

Com um prato só na mesa

É (brigamos), mas foi uma questão musical e estética e, de certa forma, descambou para o pessoal, porque o Renato às vezes não sabe lidar com as pessoas. Mas depois ficou tudo bem, senão a banda teria acabado, o disco não teria nem sido terminado, a gente deixava lá para EMI ver o que faria. Sabe como é, banda é como casamento. Claro que a gente não iria acabar, por várias razões profissionais e tudo, mas sempre rola briga. - Dado Villa-Lobos -
É (brigamos), mas foi uma questão musical e estética e, de certa forma, descambou para o pessoal, porque o Renato às vezes não sabe lidar com as pessoas. Mas depois ficou tudo bem, senão a banda teria acabado, o disco não teria nem sido terminado, a gente deixava lá para EMI ver o que faria. Sabe como é, banda é como casamento. Claro que a gente não iria acabar, por várias razões profissionais e tudo, mas sempre rola briga. – Dado Villa-Lobos –

Como Um dia Perfeito, Leila é uma visão sobre o cotidiano muitas vezes banal da vida comum. Era pra ser uma canção leve, onde Renato até brinca com seu homossexualismo (“E você diz, daquele seu jeito / ‘Preciso de um homem’ / E eu digo: ‘Ah, Leila, eu também!’”). Mas o tom tristonho, a voz fraquinha e a própria obra em que está inserida impedem que a animação surja.

Às vezes as coisas são difíceis, minha amiga

Mas você sabe enfrentar a beleza desta vida.

No Descobrimento do Brasil, a gente brincou com muitas coisas, só que ninguém percebeu. Tem músicas como Só por Hoje. Aquilo é show da Xuxa com a diferença que eu falo de dependência química. Você se emocionar com Dumbo é diferente de achar Mirnau ou Fassbinder o máximo.
No Descobrimento do Brasil, a gente brincou com muitas coisas, só que ninguém percebeu. Tem músicas como Só por Hoje. Aquilo é show da Xuxa com a diferença que eu falo de dependência química. Você se emocionar com Dumbo é diferente de achar Mirnau ou Fassbinder o máximo.

A faixa seguinte, 1° de Julho, tinha sido composta pra Cássia Eller, que a colocou em seu CD de 1994. Foi um presente dele para a cantora, que estava grávida de Chicão, cujo pai, Tavinho Fialho, era um baixista que morreu antes de ser oficialmente incorporado ao Legião Urbana. A letra lembra um papo entre mãe e filho, este ainda por nascer, antecipando questões que provavelmente iriam abordar no futuro, como a ausência da figura paterna ou porque seus pais não eram casados. Em alguns momentos, ela se dirige ao pai, que parece incomodado, assustado com a responsabilidade.

Não penso em me vingar

Não sou assim

A tua insegurança era por mim

Não basta o compromisso

Vale mais o coração

Ninguém sabia e ninguém viu

Que eu estava ao teu lado então

Eu não saia mais de casa, só por obrigação. Quando tinha que ir, por exemplo, à entrega de algum prêmio, ficava o dia inteiro me preparando justamente para aparecer legal naquela vez e todo mundo achar que eu não tinha problema nenhum. Bebia antes de sair para recusar polidamente as bebidas que poderiam ser servidas no evento e enfiava a cara na garrafa quando voltava para casa. Estava inchado, mas me olhava no espelho e dizia: estou gordinho, ninguém vai perceber que não estou bem.
Eu não saia mais de casa, só por obrigação. Quando tinha que ir, por exemplo, à entrega de algum prêmio, ficava o dia inteiro me preparando justamente para aparecer legal naquela vez e todo mundo achar que eu não tinha problema nenhum. Bebia antes de sair para recusar polidamente as bebidas que poderiam ser servidas no evento e enfiava a cara na garrafa quando voltava para casa. Estava inchado, mas me olhava no espelho e dizia: estou gordinho, ninguém vai perceber que não estou bem.

A antepenúltima faixa, Esperando Por Mim, é de uma melancolia ímpar. É aqui que Renato aponta, como os Românticos de antigamente, o que seria o “mal do século” na sua opinião (a solidão).  A música se desenvolve de forma suave, com o tema “morte” quase explícito. Porém, na sua parte final, ele aponta a perpetuação da pessoa na ideia de que continuaremos vivos e alcançaremos a imortalidade na memória das pessoas que nos amam.

E o que disserem

Meu pai sempre esteve esperando por mim

E o que disserem

Minha mãe sempre esteve esperando por mim

E o que disserem

Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim

E o que disserem

Agora meu filho espera por mim

Estamos vivendo

E o que disserem os nossos dias serão para sempre.

Em momentos de caos, de desestruturação da sociedade, existe sempre o perigo do fascismo. Dado o medo que as pessoas de uma crise maior, elas se protegem na tradição, família e propriedade. Eu acho que não é uma coincidência que existam tantos programas religiosos na TV hoje em dia. Porque aí é Jesus quem vai te salvar ou o seu sonho de consumo vai te salvar... O planeta está um caos.
Em momentos de caos, de desestruturação da sociedade, existe sempre o perigo do fascismo. Dado o medo que as pessoas de uma crise maior, elas se protegem na tradição, família e propriedade. Eu acho que não é uma coincidência que existam tantos programas religiosos na TV hoje em dia. Porque aí é Jesus quem vai te salvar ou o seu sonho de consumo vai te salvar… O planeta está um caos.

Outra canção de abandono está em Quando Você Voltar. Curta e direta, fala de uma relação desgastada. A pessoa já nem se preocupa mais em discutir, preferindo que a outra saia, esfrie e cabeça e volte.

Já brigamos tanto

Mas não vale a pena

Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV

Sei que existe alguma coisa incomodando você

O que me salva ? É saber que existem coisas além da minha compreensão e que eu não sou o dono do mundo.
O que me salva ? É saber que existem coisas além da minha compreensão e que eu não sou o dono do mundo.

A última faixa, O Livro dos Dias, é uma análise do autor sobre o desejo de morrer. Ele reconhece que o encanto de viver já se exauriu. Está cansado (olha o cansaço aí mais uma vez) mas seu coração, insistindo em bater, continua a impedi-lo de alcançar o descanso então almejado. Renato encara a morte. Ela está ali, ao seu lado, e o desejo das pessoas pra que ele permaneça lutando, para que ele viva, tornou-se inútil e incômodo. Ele não quer mais lutar, não quer mais ser enganado por aquelas frases tolas que as pessoas dirigem a quem sabem estar perto do fim. Ele quer fechar os olhos, descansar, “ir embora deste planeta”. Até porque, na hora em que a barra pesa, não são todos os que ficam nem os que encaram a situação.

Não esconda a tristeza de mim

Todos se afastam quando o mundo está errado

Quando o que temos é um catálogo de erros

Quando precisamos de carinho, força e cuidado.

The Stonewall Celebration Concert é um disco sobre paixão. Eu precisava exorcizar aquela coisa de você se anular por uma pessoa. Eu escolhi canções que tivessem a ver com a história da grande paixão da minha vida. Eu vivi um relação muito intensa, muito difícil com um americano. Ele vivia no gueto de São Francisco - era gay de carteirinha. Ele era dependente químico também, a gente viveu uma relação Sid & Sid. Ele, de speed, e eu, de álcool e tranquilizantes. Vento no Litoral  fala justamente disso: "Lembra que o plano era ficarmos bem", era o nosso plano. Só que não deu certo.
The Stonewall Celebration Concert é um disco sobre paixão. Eu precisava exorcizar aquela coisa de você se anular por uma pessoa. Eu escolhi canções que tivessem a ver com a história da grande paixão da minha vida. Eu vivi um relação muito intensa, muito difícil com um americano. Ele vivia no gueto de São Francisco – era gay de carteirinha. Ele era dependente químico também, a gente viveu uma relação Sid & Sid. Ele, de speed, e eu, de álcool e tranquilizantes. Vento no Litoral fala justamente disso: “Lembra que o plano era ficarmos bem”, era o nosso plano. Só que não deu certo.

A pressa justificou-se. Terminados os trabalhos, Dado resolveu visitar o amigo. Encontrou-o deitado, parecendo sofrer de fortes dores. Perguntado pelo médico quem era aquele rapaz, Russo, com esforço, respondeu: “Ah, ele é o guitarrista da minha banda.” Dado foi ao banheiro e chorou. Recomposto, resolveu sair. Ao chegar na porta, ouviu um pálido sussurro atrás de si: “Adeus”.

Poucos dias depois, no começo de 11 de outubro de 1996, Renato Manfredini, pai de Russo, escutou a voz do enfermeiro noturno: “Renato? Renato?” Dirigiu-se ao quarto do filho, pensando que estava atendendo ao chamado, mas lá descobriu que o enfermeiro dirigia-se ao cantor, imóvel na cama. Renato Manfredini Jr., o Renato Russo, compositor, letrista, vocalista e principal figura da maior banda do chamado Rock Brasil dos anos 80 morreu silenciosamente. Seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas em um jardim.

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá convocaram uma entrevista coletiva, onde anunciaram o fim da banda e o lançamento de trabalhos póstumos.

Reanto Russo 7

Este post é dedicado a Bruno Araújo, Carlos Trilha, Fred Nascimento, Mu, Sérgio Serra, Rafael Borges, Renato Rocha e Tavinho Fialho (in memoriam). Pelas obras que me serviram de referência na hora de montar a história da banda, também dedico (com agradecimentos) a Arthur Dapieve (O Trovador Solitário – Editora Relume Dumará) e Carlos Marcelo Carvalho (O Filho da Revolução – Editora Agir). Pelo incentivo e crítica, dedico também aos meus amigos Inacreditável Neo, Inferno Sempre Infame e Ckreed Kleber. Por fim, dedico a todos que tem acompanhado esta série de posts e os que, como nós, fazem parte da Legião Urbana. Obrigado.

Urbana Legio Omnia Vincit

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

Este post tem 32 comentários

  1. Inacreditavel_Neo

    O disco mais difícil da Legião (pelo menos pra mim, que sou burro).

    E obrigado pela dedicatória. Já enchemos muito a cara ao som de Legião.
    E o faremos novamente, daqui a alguns dias.

    Valeu.

  2. Edu Aurrai

    Apesar das letras tão profundamente depressiva, esse disco é realmente muito bom. E parabéns pelo post amigo, ficou excelente!

  3. Don Vittor

    Um dos melhores discos, só perde para o Ao Vivo no RJ.

    1. JJota

      Particularmente, prefiro o As Quatro Estações Ao Vivo, gravado no estádio daquele time da segunda divisão. Ali tinha uma força que, puta que pariu… Ouvir Fábrica e Há Tempos naquele cd é foda!

      1. Don Vittor

        Tb gosto, mas cara, esse CD é praticamente uma despedida. Genial.

  4. alex_st

    Belo post JJ, vc e o Inferno estão de parabens.

    Esse album é estranho, ao mesmo tempo em que é angustiante, melancólico, morbido, e mesmo assim é um dos que mais gosto, sei lá, ele mostra uma solidão que as vezes sentimos, uma tristeza que temos em nós mas há um pouco de esperança, uma pitada que nem udo esta perdido….

        1. JJota

          Não no momento. Mas espero ainda que você resenhe os álbuns solo…

          Gostou da Paula Toller?

          1. Ckreed Kleber

            Preguiiiiiiiiiiiiça.

            E a Paula Toller é um modelo de vida artificial da SHIELD!

          2. Don Vittor

            hahahahahahahaha

  5. Sandra Mel

    Parabéns pela matéria, cheguei a ficar emocionada… gostar de Legião é gostar de poesia, e ouvindo esse disco, tu tem uma sensação de perda incrível, tu sente o sofrimento em cada palavra, e finalmente a despedida…Urbana Legio Omnia Vincit

  6. starscream2

    Parabéns JJota! Seu texto ficou muito, muito foda!

    1. JJota

      Valeu, Starscream! Foi uma honra poder homenagear a minha banda preferida.

      1. MaxRicardi

        mandou bem, jota
        vc saiu do mrzi? o fodoça saiu tb?

  7. King

    Parabéns Double J. Muito bom o texto e a série. Aguardemos o encerramento Infame em…………………… 2016! Huahua

    1. JJota

      Valeu, King. Acho que ele vai pedir pra Senhora Infame escrever.

      1. King

        Ih, rapaz, se for assim, acho que sairemos ganhando, nao? ahuahuahuaauahuahauhaua

        Em 1 de dezembro de 2012 17:15, Disqus escreveu:

  8. Churrumino

    Velho, depois de ler esse post me bateu uma depressão, nem precisei ouvir as músicas. Parabéns, JJota. Acho que de todos os posts da série, esse foi o melhor, por enquanto.

    1. JJota

      Por enquanto… A única regravação decente de uma canção do Legião até agora. Se bem que curti muito a versão da Fernanda Takai – do Pato Fu – pra Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto, que ela cantou em um Altas Horas.

  9. Jonathan zzz

    Não sou fã do Legião, na verdade tenho uma relação de amor e ódio à banda. De hora admirá-la e hora não ter saco pra ela. De gostar muito de certas músicas e achar outras absurdamente chatas.

    Mas independente disso foi um ótimo texto, parabéns Jota Jota. Esses trechos de relatos dos integrantes são fantásticos.

    1. JJota

      Obrigado, Jonathan.

      Bandas como o Legião, que possuem uma pessoa tão emblemática e de personalidade forte, costumam provocar esta reação nas pessoas. Como você pode ver, tinha dias em que nem os demais integrantes do grupo agüentavam o Renato.

  10. Andy Anderson

    Muito bom! Encontrei seu texto por acidente e reli mais duas vezes, a contar de ontem.

    Pena que os links do início – sobre os outros discos – não estão funcionando. Existe outro local onde posso lê-los?

  11. Camisa 10

    Antes do Renato Russo partir em 96, lembro de entrevistas dele na extinta MTV Brasil. Ele citou o nome desse musico Tavinho Fialho, pai do filho da Cassia Eller. Ele faleceu de que?

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