(…) “Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: / Contemplem minhas obras, poderosos, e se desesperem!” / Nada resta: ao redor apenas a decadência / desta colossal destruição, ilimitada e vazia. (…)
Depois da tremenda decepção que foi a edição do Comediante, pensei seriamente em parar. Mas, como todo verme nerd colecionador, resolvi ir até o fim. Perdido por um…
Assim como o encadernado do Comediante, o de Ozymandias reúne seis edições da mini original. É narrada em primeira pessoa, com o próprio Adrian Veidt – depois de discorrer brevemente sobre sua infância e juventude -, falando sobre sua carreira como super-herói, sua visão de mundo (em certos momentos extraordinariamente simplista para o autodenominado “homem mais inteligente do mundo”) e os primeiros estágios do plano cujo término conhecemos na obra mater.
Sendo assim, fica claro que não vemos nada de novo. Len Wein é das antigas esperto demais pra se aventurar ousadamente com um personagem do qual acompanhou o “nascimento”, nos anos 80. Ele agarra as deixas de Moore no texto original e as desenvolve, sem se arriscar um mísero milímetro.
Se a edição do Dr. Manhattan ousa – moderadamente, mas ousa -, a do Ozymandias segue amarrada, sem inovar em praticamente nada, exceto, talvez, no clichê do motivo pelo qual ele se torna um herói mascarado. É tão “por cima” que poucas páginas depois o “motivo” é sumariamente esquecido, de forma tão completa que, quando reli a história, me dei conta que eu mesmo não me recordava mais disso.
Um dos grandes pontos do texto é a forma como ele retrata a egolatria de Adrian Veidt. O sujeito é de uma arrogância ímpar, do tipo que se permite ficar calado em uma discussão porque acha que apenas perderia seu tempo tentando esclarecer seus pontos de vista. Fica claro, em determinado momento, que ele sequer sente alguma empatia pelo resto da humanidade: quer salvá-la apenas para, como vemos em um momento inesquecível da obra de Moore e Gibbons, gritar “Eu salvei o mundo!”
Jae Lee dispensa comentários sobre a qualidade do seu traço. Seu uso de sombras é soberbo, sua arte-final é perfeita e ele adota uma diagramação nas páginas que expulsa a mesmice sem ser cansativa ou atrapalhar a narrativa (*cof!* J.H. Williams III *cof!cof!*). Ainda assim, devo dizer que não gostei do ar meio “personagem de livro infantil” que ele deu aos personagens (principalmente Ozymandias e Comediante, que em alguns momentos parecem garotos fantasiados de adultos). Também achei sua arte aqui muito “parada”, sem força. Ficou bem aquém do efeito que seu trabalho passou em Inumanos (com texto de Paul Jenkins e altamente recomendada por este resenhador), por exemplo.
Sendo assim, digo que, como passatempo, é ok e está bem acima dos encadernados do Coruja, da Espectral, do Rorschach e do Comediante. O do Dr. Manhattan – que é levemente citado neste – continua não só o melhor, como o único que conseguiu acrescentar alguma coisa a Watchmen.
É essa história que mostra que o Ozzy é bi.
Nem o Zack Snyder foi tão explícito.
Ah, cara… Nem é algo tãããããão exagerado assim. Na verdade, é um quadro e ponto.
E?
cara lembro muito bem que na WT canônica… o Ozzi cita que te um encontro no passado com o Comediante e este desceu o sarrafo nessa bicha megalomaníaca…
Em algum dos Befores foi mostrado isso?
Eles lutam nest edição. Mas o Ozymandias diz que apanhou de propósito. A forma como ele surra o Comediante anos depois leva a crer que ele falou a verdade.
A cara eu não aceito isso, no auge da forma física o Comediante é praticamente invencível no mano a mano.
Pelo menos é o que eu penso.
Mas aí vem a grande sacada do texto: você pode interpretar que o Ozymandias está planejando a longo prazo (ele não é um cara apenas cérebro, veja bem) ou está simplesmente cometendo uma licença poética por causa de sua arrogância. Eu acho as duas interpretações válidas, visto que o Comediante é muito dependendte de armas.
Ele é o Bátema?
É viadu, bicha, viadu sim!!!
Se identificou, hein?
Eu gostei muito dessa edição. Lein Wein, ao contrario de outros autores do BW, não tentou “dar a sua visão” ao personagem. Só escreveu baseado no que Moore já tinha definido (fato esse que foi a sina de Azzarello no comediante e Strazza no coruja). Quanto ao nome, sempre imaginei que fosse pela sua arrogancia, de td que tinha feito na cidade e pelo mundo, combinando com o poema de Shelley (“Sou Ozymandias, o rei dos reis, essa maravilhosa cidade, reflete as maravilhas da minha mão”), com uma certa ironia (ou como diz o Doutor Manhattan, seria o destino ou algo guiando minha mão?) pelo resto do poema:
“Mas a cidade desapareceu, nada não ser a perna permanece para desvelar, a visão daquela esquecida babilonia.
E nós nos indagamos, e talvez algum caçador exprima a mesma duvida, quando cruzando a imensidão, onde londres se situava, a perseguir o lobo, se deparar com um enorme fragmento e pare de adivinhar que maravilhosa, mas não registrada raça, outrora habitava aquele lugar aniquilado”.
Ele realmente seria o Reis dos Reis….do Nada. Como diz o Comediante, seria o homem mais inteligente das cinzas, se não fizesse alguma coisa. Moore, magistralmente (como sempre), usando o poema para fazer um paralelo com a guerra nuclear.