Iluminamos: Astronauta – Magnetar

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O Astronauta, personagem que navega pelo cosmos sozinho em sua nave há anos, visita uma galáxia distante para estudar um magnetar, uma estrela de nêutrons que possui um campo magnético estimado em 1 bilhão de teslas (unidade de campo magnético). Porém, ele comete um erro que pode custar-lhe a vida. Agora, com a nave danificada e sem comunicação, ele naufraga pelo espaço e precisa encontrar uma forma de escapar antes de ser derrotado pela loucura que, aos poucos, toma a sua mente. E a saída pode estar em aliar a tecnologia aos ensinamentos de seu velho avô, há tanto tempo falecido…

Esta, caros seguidores da Luz, é a sinopse da graphic novel “Astronauta – Magnetar”, o primeiro volume do selo Graphic MSP, publicado pela Panini Comics, e que tem como editor o “arroz de festa dos eventos de HQs”, Sidney Gusman. A HQ dá início a uma série de outras histórias com os personagens de Maurício de Sousa, visando mostrá-los em novo formato, destinado ao público de jovens e adultos.

A graphic novel, com argumentos e arte de Danilo Beyruth e colorização de Cris Peter, mostra como o Astronauta, a bilhões de anos-luz da Terra, se torna um náufrago ao tentar registrar um magnetar. Daí em diante, o Astronauta precisa aprender a viver sozinho, enquanto luta para não ficar louco por causa de sua solidão.


Na história, vemos um Astronauta inserido num grande problema causado por sua própria incúria, algo que pode lhe custar a vida. A trama da graphic novel se inicia com o personagem na infância, na fazenda do avô, um pacato homem que revela ao seu neto as escolhas que tomou na vida, as consequências de suas escolhas e o que era relevante para ele, tema que acaba sendo retomado na conclusão da história.

A história é conduzida de forma extremamente cuidadosa por Danilo Beyruth, que paulatinamente mostra como o tempo, apesar de passar devagar para o Astronauta, se torna rápido demais quando sua sanidade mental está por um fio. Beyruth possui um estilo simples de criar histórias, sem que elas fiquem vazias, além de ser explicativo, sem ser didático, permeando a história sem apelações desnecessárias ou recursos gratuitos. O ritmo da HQ é tão agradável que nos faz sentir como se estivéssemos presos no espaço, junto ao Astronauta.

No decorrer da história, nos deparamos com o sufocante e angustiante cotidiano solitário pelo qual passa o protagonista, preso em sua nave espacial. Vemos, então, que a mesma nave que desempenha a tão cobiçada liberdade de viajar pelo espaço sideral pode acabar sendo uma prisão por toda a existência.

Sobreviver sozinho no cosmos pode não significar apenas sobrevivência física, mas mental também. Semanas de solidão preenchidas apenas pela rotina pode levar uma pessoa à loucura. É o que ocorre com o Astronauta, que tenta manter o máximo possível da sanidade que ainda lhe resta, e pensar em uma forma de sair de lá.

Para não dar spoilers sobre o final, eu direi apenas que o mesmo não me agradou muito, talvez por ser previsível demais e nem um pouco ousado, ainda mais a última página da história, que achei desnecessária. Mas isso é pessoal. Deixo a história sem final aqui, para que vocês tirem suas próprias conclusões.

Sobre as ilustrações, os desenhos de Beyruth também são ótimos. Simples, com identidade e características próprias, cenários detalhados, mas sem tornar a página visualmente poluída. A forma como ele alterna os vários estilos de quadro não fica parecendo gratuito em nenhum momento, e dão o clima exato para que o leitor seja imerso na história.

Devemos destacar também o mérito da Cris Peter, que optou por um colorido que une perfeitamente o estilo clássico do Maurício de Sousa com a proposta adulta da nova versão. Um trabalho digno de nota, sem sombras de dúvidas. O resultado é uma colorização que agrega maior profundidade à história, ao invés de atrapalhar a narrativa.

Concluída a história, falemos agora dos extras. O álbum traz um prefácio de Mauricio de Sousa, criador do Astronauta, e um texto de quarta capa do navegador Amyr Klink, que monta um paralelo entre o espaço e o oceano. Há também um glossário com a definição dos termos científicos, além de uma apresentação do personagem e a sua primeira história, feita em 1963.

graphic novel, além de ser fiel a essência do personagem, pode satisfazer também quem nunca acompanhou o universo dos personagens de Mauricio de Sousa, já que apresenta uma trama fechada e sem a necessidade de conhecimento de cronologia, mesmo deixando aberta a possibilidade de uma continuação.


Sem nenhum exagero, posso dizer que os leitores, caso comprem esta graphic novel, vão adquirir um novo clássico dos quadrinhos nacionais. Uma premissa simples (humanizar o Astronauta), mas que apresenta um resultado satisfatório e inovador até aqui para a MSP.

O álbum com o Astronauta foi resultado de todo este processo, cujo selo da MSP já tem mais três títulos divulgados – Turma da Mônica, por Vitor e Luciana Cafaggi, Piteco, por Shiko, e Chico Bento, por Gustavo Duarte.

Que venham mais graphic novels com a mesma qualidade do inicial!

NOTA: 9,0.

Ficha Técnica:

Título: Astronauta Magnetar

Editora: Maurício de Sousa Editora/Panini Comics

Número de páginas: 80 (68 de HQ)

Preço: R$ 19,90 (capa cartonada) e R$ 29,90 (capa dura).

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

Este post tem 43 comentários

  1. Vintersorg

    Ótima resenha, Rosinha.
    gostei demais dessa hq.
    E concordo sobre a última página: totalmente desnecessária. Se tivesse acabado na página anterior, daria um tom muito mais dramático para a história.
    E recomendo Bando de Dois do mesmo Beyruth. Sensacional.

      1. Rosinha

        Dentro da atual conjectura dos quadrinhos nacionais (que nem tem numerosas obras boas assim), Astronauta – Magnetar é realmente top.

    1. Rosinha

      Obrigado, Sorg.

      Vou ver se adquiro Bando de Dois, faz tempo que quero lê-la, mas nunca vou achar aqui. Acho que vou ter que comprar pela internet mesmo.

      1. cgui

        vale a pena, bro…
        gostei muito de Bando de Dois tbm…
        e é aquele esquema… história do Beyruth, desenhada pelo Beyruth… e em PeB… não tem como dar errado…

          1. cgui

            fique e compre… vale a pena… xD

          1. cgui

            nóis, bro

        1. cgui

          putz, verdade…

          lembro de ter falado na Comix..

          uma pena, mano…

          quer um conselho? manda mensagem lá pra ele no Facebook… ele é gente boa demais, deve conseguir te indicar algum lugar de boa…

          ou tentar mandar um e-mail pro pessoal da HQM, sei lá…

          1. Vintersorg

            já mandei um e-mail pra ele, tô esperando pra ver se ele responde.

            Em 23 de novembro de 2012 16:31, Disqus escreveu:

          2. cgui

            vc não tem ele no facebook? parece ser mais fácil de achá-lo… sei lá

  2. Churrumino

    Vixe! Até o Rosinha virou redator.

    Resenha sensacional. Ainda não pude comprar, mas Magnetar tá na minha lista tbm. Queria ver um graphic novel do Louco.

    1. JJota

      Vixe! Até o JJota Rosinha virou redator. [2]

      Ficou foda mesmo. Como arte (desenho e cores) ficou muito legal. O texto me preocupa, até porque tem muita gente reclamando do final…

      1. Churrumino

        Isso é verdade. Em todos os blogs que eu li resenha, todos reclamaram da ultima página, a taxando de desnecessária.

        1. Rosinha

          Mas é isso mesmo, Churrumino. A última página é desnecessária.

      2. Rosinha

        O texto do Beyruth é muito bom.

        Simples, sutil e agradável de ler.

        Mas o final… Aí é o que eu já tinha dito mesmo.

      1. Churrumino

        Será que algum blog tem vaga pra mim tbm? huahuahuahuhuhuahuahuahu!!!!

        1. Ultimate_Hawkeye

          Cobra os caras do BdE la Churro, foi um dos primeiros leitores dos caras haeueasuesauhes

          1. Churrumino

            é mais fácil eu ser xingado por todos, todos, TODOS!!!!

          2. Rosinha

            Que isso, cara. Até o Eunuco virou redator do BdE, você ainda tem chance!

  3. Linik

    Cara…Magnetar é tão bom assim?n boto fé em produto Brasileiro..Mas pretendo ler e espero que daqui para a frente o Brasil faça uma industria de quadrinhos que se leve a sério…

    1. JJota

      Olha, acho que tudo começa pelo Maurício passando a creditar suas histórias. ele está fazendo isso com o Danylo, que já é astro. Mas já passou do tempo de também dar crédito pro pessoal das mensais também.

  4. Victor Vaughan

    Muito bem rosinha, com o número alto de sites resenhando Magnetar, achei que não ia aguentar ler mais nenhuma outra, mas a sua foi show de bola também! Parecia que tava lendo pela primeira vez, fora que você tocou nos extras, que não vejo o povo falando. Parabéns para você e quero deixar um recado: MUITA saúde para você, Cris Peter, sua linda!!!

    1. Rosinha

      Obrigado, Venerável.

      Tentei abordar o máximo de informações possível, ao mesmo tempo que busquei ser inédito no conteúdo.

  5. Bigby Wolf

    Tá sendo tão elogiada que eu resolvi comprar.

    Trabalhos brazucas sempre me lembram de um sonho meio antigo e meio constrangedor que eu tinha: escrever as minhas próprias histórias e viver disso. Mas aí a vida me bateu na cara e pus os pés no chão. Mas o sonho continua vivo, fraco, mas vivo.

    Ótima resenha, Rosinha.

    1. Rosinha

      Que legal, Majin. Se você gosta de criar histórias, continue a fazer isso. Você não precisa publicá-las ou expô-las, se não quiser. Mas isso estimula a sua criatividade e a sua escrita (se você também ler muito, é claro).

      Sobre o Astronauta Magnetar, este, sim, é um trabalho brasileiro digno de admiração.

      E não porcarias como o Ruimberto Ramos e Mike Deodato.

    2. MaxRicardi

      penso nisso quando quero fazer música
      o sonho tá meio vivo, meio morto. é foda

  6. cgui

    Excelente post, mano!
    Curti demais a HQ… tem a questão lá da última página da HQ…

    embora eu acharia FOOOOOOOODA demais se não tivesse ela, entendo esse toque “Maurício de Souza”… mas entenderia muito mais se tivesse deixado isso em aberto… como o PA dessas graphic novels é diferente de uma HQ normal do maurício, não precisaria de tanta preocupação nisso…

    enfim… isso não muda em nada o trabalho, muito menos o diminui… continuo achando uma obra brilhante…

    Boa resenha, Rosinha..
    e que venhÂO as próximas, 😉

      1. cgui

        lerei amanhã (sábado)>.. to bêbado demais pra ler issso…. fiquei uns 40 min pra consguir digitar isso, AHUAUIHIAUHUIHUIHA….
        de dou um toque no post… falows

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