Olá, Nerds e Nerdas, tudo bom? Eu sempre fiquei com um pé atrás em relação a qualquer documentário e/ou material biográfico. O motivo é muito simples: em ambos, contamos o que queremos ou deturpamos a história seguindo o nosso ponto de vista. Apesar dessa minha desconfiança, não deixei de comprar o livro sobre a biografia do cantor Bruce Dickinson escrita pelo jornalista Joe Shooman (Bruce Dickinson – Os altos voos com o Iron Maiden e O voo solo de um dos maiores músicos do Heavy Metal).

Também é de conhecimento de todos que eu sou muito fã do vocalista (uma putinha descarada, segundo alguns), mas isso não quer dizer que não mantive o salutar hábito de desconfiar daquilo que lia.

Talvez, o grande problema que encontrei no livro foi o fato de ele ser um pouco vago, simples, sem muita informação relevante, principalmente para quem é muito fã da banda e do cantor. Boa parte do material encontrado no livro está relacionado a fatos contados pelo antigo baterista da Samson (primeira banda do Bruce antes de ir para o Iron), Thunderstick.

Isso deve frustar o leitor (da mesma forma que me senti frustrado), pois Iron Maiden é uma das poucas bandas que não deixa vazar informações de suas brigas, formas de criação etc., ou seja, eles lavam a roupa suja em casa. E, sem acesso, ou pelo menos, pistas sobre o que acontece nos bastidores da banda, o leitor fica somente com a referida visão alquebrada de Bruce.

Um exemplo bem claro de minha frustração com relação à falta de material interessante e/ou relevante foi quando li o capítulo sobre a saída de Bruce Dickinson. Existem vários artigos, notícias e matérias sobre o assunto na web e cada um tem uma versão. A que encontramos no livro foi a busca de Bruce por uma nova sonoridade. Balela! A verdade é que apenas o próprio Bruce e os envolvidos no assunto (Steve Harris e Rod Smallwood)sabe o real motivo de sua saída em 1993.

O livro, por outro lado, pode satisfazer o leitor quando diz como foram criadas as músicas de Dickinson e seus significados. Principalmente no começo da sua carreira, quando era membro do Samson. Como citado anteriormente, muitas informações na época do Maiden eu já conhecia, mas não sabia quase nada na “Era Samson”.

Alguns detalhes como a vida escolar de Bruce, bem como sua vida universitária em nada me interessavam. Entretanto, podemos entender porque Bruce, hoje, é uma pessoa multi-tarefa, ou seja, historiador, esgrimista, piloto, cantor, apresentador, escritor etc. O livro nos apresenta um Bruce buscando novas atividades, não conseguindo ficar parado um minuto sequer.

Em resumo: O livro é interessante para aqueles que querem conhecer mais sobre o profissional Bruce Dickinson. Ele não possui muitas informações relevantes para aqueles que já são fãs da banda e do próprio, pois muito do conteúdo no livro pode ser encontrado na internet, mas isso não quer dizer que o livro seja um item descartável, pelo contrário.

Quanto a mim, o livro fez jus às minhas expectativas: informações sobre a “Era Samson”; criação das músicas e seus significados; e pouco conteúdo relacionado a saída (principalmente) e a volta de Bruce ao Iron Maiden. E assim como citado no começo do texto, li todo o livro com um ar de desconfiança. Afinal, não encontramos nenhum podre sobre Bruce Dickinson, exceto o motivo de sua expulsão na época do colégio.

Ou seja, mais uma vez temos um conteúdo focado no lado positivo da pessoa, mas sinceramente? Em tempos de BBB, em que são noticiados quaisquer assuntos, desde “fulana é vista saindo do carro” até “Beltrano suja blusa ao tomar um sorverte”, saber mais sobre o profissional Bruce Dickinson é muito mais interessante do que saber sobre a pessoa Paul Bruce Dickinson.

Abraços.