Iluminamos: Colegas

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Fala, galera que está com saudades da minha resenha – e aí, mãe! – , hoje, trarei para vocês uma resenha especial, afinal, após uma bela sessão de como minar todos os seus preconceitos, nada melhor que a ironia!

Divertindo-se com extrema naturalidade com o uso corriqueiro de termos como “retardado” e “mongoloide”, para a alegria geral da nação, ou para os poucos fãs de filmes nacionais, falaremos sobre o maravilhoso Colegas!

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Desde já deixamos a Sinopse:

Colegas é uma divertida aventura que trata de forma poética coisas simples da vida, através dos olhos de três personagens com síndrome de Down. Eles são apaixonados por cinema e trabalham na videoteca do instituto onde vivem. Um dia, inspirados pelo filme “Thelma & Louise”, resolvem fugir no Karmann-Ghia do jardineiro (Lima Duarte) em busca de três sonhos: Stalone (Ariel Goldenberg) quer ver o mar, Aninha (Rita Pokk) quer casar e Márcio (Breno Viola) precisa voar. Nesta busca, se envolvem em inúmeras aventuras como se tudo não passasse de um maravilhoso sonho.

Sinceramente, embora eu tenha alguma experiência no assunto por causa dos institutos em que já trabalhei, Colegas não foi minha primeira e sequer décima opção de filme. Como a programação da TV a Cabo é cada vez pior e mais onerosa, dei uma chance a esta produção nacional e, felizmente, consegui ver um ótimo filme e me livrar de um pouco da ignorância que permeia meu ser.

Por sua proposta, o filme já merece crédito. É difícil lembrar quando tivemos um recorte tão coerente e livre de pré-conceitos e estereótipos. Comumente assistimos a trabalhos em que personagens com deficiência intelectual são interpretados por atores sãos, no entanto, pela primeira vez tive o prazer de conhecer um projeto no qual todos os atores do cast principal, além de inúmeros figurantes, são pessoas com Síndrome de Down. A despeito de novelas ou até mesmo seriados internacionais, onde tais cidadãos tem uma cota de participação mínima e aparentemente marqueteira, o interessantíssimo longa em momento algum nos mostra um lado frágil e débil. Muito pelo contrário, ele não os priva de exercer os atos da vida civil, além, é claro, de sonhar!

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Quando vimos cenas de ação – sim, brigas e troca de tiros –, ou romance – de meros beijos a cenas mais insinuantes –, protagonizadas por deficientes reais? Quando lhes foi dada a chance de expor que os imbecis e débeis somos nós?  No alto da pompa arrogante de nossa normalidade, quem somos para afirmar que a deficiência intelectual impede a livre manifestação de sua vontade?

Repleto de um humor nonsense e palavrões a torto e a direito, o filme retrata a vida de três jovens que se entregam ao que seria a maior aventura de suas vidas!  Em uma jornada repleta de referências a grandes obras cinematográficas, utilizando de frases e contextos que incluem um carro furtado, uma arma de brinquedo, máscaras de palhaço, uma sequência de roubos, festanças, sexo e ilusões! Sinceramente, o que se deixa a desejar das recentes comédias norte-americanas? Nada, com certeza! E, para melhorar, ainda contamos com a maravilhosa trilha de Raul Seixas!

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Enxergando o potencial cômico incutido na trajetória dos personagens, a produção quebra estigmas sociais, assim como o maçante enfoque a vulnerabilidade dos protagonistas. Ao brincar com o tema e trazer uma abordagem singular sobre um assunto tão pouco comentado, ele cumpre seu objetivo de incluir socialmente e com naturalidade. De certo, no decorrer da película. o espectador realmente se desprenderá das amarras do politicamente correto ao embarcar nesta divertida aventura. Porém, não uma aventura comum, mas a do próprio espectador que, inserido num laboratório virtual de experiências humanas, faz com que Marcelo Galvão (diretor e roteirista) seja um vitorioso!

Por fim, em minha modesta opinião, a melhor piada do filme está na conta de Márcio – o motherfucker  do grupo -, após entrar de penetra num casamento. Interessado em uma “gordinha”, ele, agindo com extrema naturalidade, simplesmente levanta de sua mesa para cortejá-la. No entanto, ela imediatamente responde, “você não notou que somos diferentes?”.  Ao que ele retruca, “Não tem problema, eu gosto de gordas”. (Cara, isso foi genial!)

Para mais informações sobre a Síndrome de Down, assim como legislação, direitos, inclusão social e cidadania , recomendo-lhes o site Movimento Down.

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 2 comentários

  1. osmar

    Muito legal e bem escrita a tua resenha, Vitor… tão legal que me deixou bastante curioso em assistir esse filme, obrigado pela dica! A título de curiosidade, na série “American Horror Show”, há uma atriz (que também tem essa síndrome) que faz um papel interessante nesse seriado, ela “manda” muito bem com seu personagem. 1 forte abraço,

    the Osmar.

  2. Don Vittor

    Muito obrigado, meu amigo! Pode ver o filmes, pois é tiro certo.

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