Iluminamos: Crepúsculo.

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capa-crepusculoEnsinaram-me que não se deve “julgar um livro pela capa” e, muito menos, se deixar levar pela opinião alheia, dois pensamentos que eu sigo e que, até hoje, me deram poucos motivos para arrependimento. Portanto, foi consciente do risco que peguei Crepúsculo para ler, depois de ter assistido os filmes e decidido que não gostava do que tinha visto neles. Mas eu precisava saber, precisava entender porque tantas pessoas odeiam e outras tantas amam. Eu achava, talvez com demasiada inocência, que tinha de haver um bom motivo para o livro despertar emoções tão fortes e contraditórias. Foi assim que me deparei com uma das histórias mais irrelevantes já criadas.

Se eu fosse julgar o livro pela capa, contrariando uma das primeiras lições que tive na minha vida de leitora, a capa de Crepúsculo me prometeria muito mais do que aquilo que eu encontrei em suas páginas. Mãos segurando uma maçã, eterno símbolo da tentação e do pecado original, levado para um mundo onde há vampiros e lobisomens, é uma maneira interessante de apresentar uma história. Mas a promessa dura pouco e percebe-se logo que não há nada que justifique o porquê de aquela história estar sendo contada.

Se Crepúsculo fosse apenas uma história sobre uma garota nova na cidade que se apaixona pelo cara popular, possivelmente não venderia tantas cópias. Sequer passaria pela primeira leitura dos editores e jamais seria publicado, pois, coisas como essa, já vimos aos montes e não precisamos de mais. O que vendeu Crepúsculo foi o elemento sobrenatural, fantástico e a presença de um vampirinho camarada que brilha no sol e é vegetariano, apesar de comer ursos e veados.

Nunca me interessei por histórias de vampiros, li Entrevista com o vampiro, assisti alguns filmes e ouço amigos que jogam Vampiro, a máscara dissecar todas as características que acham que devo conhecer sobre os clãs de vampiros do Mundo das Trevas. Ou seja, meu raso contato com essas lendas não me torna uma especialista. Então, não vou comentar a fundo o fato de Edward brilhar no sol ao invés de morrer. Também não sei se ele deveria ou não ser alérgico (ou sensível, ou seja-lá-o-que-for) a dentes-de-alho e crucifixos. Pois, na verdade, isso não me incomoda, nem me preocupa em nada. Sei que para os verdadeiros fãs de vampiros essas pequenas coisas que Stephenie Meyer faz são justamente o problema.

Mas o excesso de purpurina nos vampiros não é a pior parte…

Em Entrevista com o vampiro, por exemplo, a história é densa e angustiante em muitos momentos. A narração em primeira pessoa colabora para esse clima pesado, pois acompanhamos os dramas acumulados por séculos pelo protagonista, o que não é exatamente legal e, por vezes, até chato, mas, mesmo isso, é parte da história. A autora, Anne Rice, nos faz sentir um pouco daquilo que Louis sente, o que torna a obra extremamente eficaz em seu propósito. E, aqui, falo do propósito da literatura em geral, que é a da identificação e da catarse.

A versão antiga de Entrevista com o vampiro - Anne Rice sendo traduzida por Clarice Lispector.
A versão antiga de Entrevista com o vampiro – Anne Rice sendo traduzida por Clarice Lispector.

Em Crepúsculo, temos uma soma infinita de cenas e situações clichês, temperadas por uma narração em primeira pessoa que, ao invés de aproximar o leitor da protagonista, para que haja identificação, só faz com que o leitor se canse rapidamente dela.

Bella Swan é uma adolescente e, depois que você sabe isso, poucas coisas são interessantes a respeito dela. Até mesmo ela sabe disso! O único jeito de o leitor gostar menos de Bella é sendo a própria Bella, pois dificilmente haverá um personagem com uma auto imagem tão depreciativa. A impressão que dá é que, se dependesse dela, Bella ficaria trancada no quarto, para não ter que lidar com as outras pessoas.

Bella Swan - Seria uma alegoria com relação aos adolescentes de hoje?!
Bella Swan – Seria uma alegoria com relação aos adolescentes de hoje?!

Não que ela tenha motivos para isso. Ela acabou de se mudar para a cidade mais chata do mundo (muito chata mesmo), e todos no colégio querem ser seus amigos. Como se não bastasse, três rapazes se apaixonam por ela, isso sem colocar na conta um certo vampiro e um lobisomen (Jacob, que aqui ainda é um garoto de quinze anos). Que vida difícil, hein, Bella?

Como sua vida é extremamente sem graça (e nisso sou obrigada a concordar com Bella), não é difícil entender por que ela fica tão excitada com a descoberta de que o único garoto que chama sua atenção no colégio é, na verdade, um vampiro. É preciso apenas uma pesquisa na internet e um passeio na floresta, para que ela entenda o que Edward realmente é e aceite a ideia, sem pirar como qualquer pessoa sensata faria. Ninguém aqui se iludirá o suficiente para acreditar que “sensata” é um adjetivo adequado para Bella, não é?

Não tem nenhuma explicação para o fato de tantos caras se interessarem por Bella, pois a narração é em primeira pessoa, e Bella tem sérios problemas com sua auto-estima (para não dizer problemas com autopreservação). Logo, a narração se concentra em Edward, que, até ela, sabe que é mais interessante. Mais da metade do livro é dedicado a conhecê-lo e saber mais sobre sua habilidade de ler mentes, sobre como ele é bonito, forte, rápido, estressadinho e bipolar, e como ele a faz sentir… viva. Até sexualmente viva, aliás.

Cena da adaptação em quadrinhos que capta como é ser "sexualmente" Bella.
Cena da adaptação em quadrinhos que capta como é ser “sexualmente” Bella.

Não sei se é implicância minha, mas não vejo nada de muito romântico em um vampiro ficar obcecado numa humana. Stephenie Meyer quer convencer o leitor de que essa obsessão de Edward equivale ao amor de Bella, mas me parece muito doentio.

Não são, porém, poucas as coisas que ficam sem explicação nesse livro. A primeira é o que Bella tem de tão especial para chamar a atenção dos três humanos, do lobinho e do vampiro. A segunda é o por quê dos Cullen acharem que é uma boa estratégia encontrar estabilidade numa cidade pequena em que todos se conhecem. Quero dizer, se você quer passar despercebido, você não vai para uma cidade pequena, vai para uma cidade grande, onde o anonimato é mais garantido. Se você quer ficar longe da tentação do sangue humano, você vai para lugares onde quase não há humanos, ou seja, viver no meio da floresta, não em um colégio cheio de adolescentes indefesos. E mais, se é para Edward e seus “irmãos” passarem por adolescentes normais e repetirem os anos de colégio pela eternidade, a família vai ter que mudar de cidade a cada quatro anos? Que tipo de estabilidade é essa?

plot básico da história é esse, que só acaba depois da metade do livro. No final, lá no finalzinho mesmo, é quando alguma coisa começa a acontecer. Bella vai assistir o namorado vampiro jogar basebol com a família e conhece vampiros de verdade. É a primeira vez, em todo o livro, que ela parece perceber que vampiros são perigosos e que é melhor não mexer com eles. Bella é “apetitosa” para um desses novos vampiros e, mesmo que caçá-la represente uma perda de tempo, com tantas outras vítimas disponíveis e menos protegidas, esse vampiro decide que vale a pena arriscar. Edward e a família decidem protegê-la. Algumas páginas chatas depois disso, Bella encontra-se com o grande vilão da história e… desmaia. A limitação da narração em primeira pessoa aparece mais uma vez, pois só sabemos o que aconteceu no final do confronto, quando alguém o relata à Bella. Depois disso, mais páginas inúteis e o merecido fim.

Enfrentei a leitura de Crepúsculo com dois objetivos: o primeiro era descobrir porque tanta gente odeia o livro. Objetivo atingido. O segundo, descobrir porque tanta gente ama. O que ainda é um mistério, pois dizer que foi “por causa do romance” não é o bastante. Romances têm aos montes por aí e nem todos têm a devida atenção. O romance de Bella e Edward na maioria das vezes soa forçado, obsessivo, co-dependente e autodestrutivo. A grande dúvida que fica é se podemos, ou devemos, chamar isso de romance.

Não é porque tem capa, páginas, letras impressas e algum tom de ficção que podemos chamar qualquer coisa de romance...
Não é porque tem capa, páginas, letras impressas e algum tom de ficção que podemos chamar qualquer coisa de romance…

Algumas leituras encaram Crepúsculo como uma alegoria da adolescência, um momento de questionamentos e transformações, cheio de dramas e exageros, e da certeza de que o primeiro amor é forte, indestrutível e insuperável. Dá para ver isso em Bella, uma protagonista genérica e sem carisma, mas que, contraditoriamente, consegue fazer com que muitas mulheres se identifiquem com ela (não todas, apenas o suficiente). Bella representa um apanhado de muitas das inseguranças femininas relacionadas ao amor e auto-estima.

Eu gosto de alegorias e até gosto desse aspecto de Crepúsculo, mas isso não torna a história boa. No livro todo, não acontece nada de interessante. É só uma garota falando de suas inseguranças, seus desajustes e de seu primeiro e grande amor.

Para terminar, fica a defesa de que, antes de falar mal de uma coisa, é preciso conhecê-la. Essa foi minha verdadeira missão na leitura desse livro, no fim das contas. Se você deve ou não ler, se deve ou não gostar, é por sua conta e risco.

Soraya

Criadora e editora do blog "Contos e Pitacos" - http://contosepitacos.blogspot.com.br/

Este post tem 20 comentários

  1. Linik

    “Mas eu precisava saber, precisava entender porque tantas pessoas odeiam e outras tantas amam. Eu achava, talvez com demasiada inocência, que tinha de haver um bom motivo para o livro despertar emoções tão fortes e contraditórias. Foi assim que me deparei com uma das histórias mais irrelevantes já criadas.”
    Quer saber o por que? Por que quem se emociona com Crepusculo são meninas virgens e burras que assistem Malhação e querem casar com Justin Bieber. E AÍ, RESPONDIDO?!

    1. Não. Não está respondido… Lembre-se de que aqui é o Iluminerds, queremos entender por que as meninas ainda são virgens, por que ainda existem seres que apreciam Justin Bieber e por que Don Vittor é fão do Frank Sinatra… Enfim, queremos entender tudo de tudo.

      1. Linik

        A resposta disso tudo está na má criação dada a essas adolescentes pelos pais. Do mimo dado a elas quando crianças.

        1. Ah, que isso? Acho que essa “geração Crepúsculo-Emo-Restart” sofre de um mal pior do que mimo… Até porque ser mimado é algo que existe desde que o mundo é mundo. Porém, a decisão de os pais não mais se responsabilizarem em ser exemplos para os filhos é bem mais recente e respaldada por diversos centros de conhecimento tanto institucionais como não-institucionais.

          Abandonados, esses jovenzinhos começam a achar que são complexos, cheios de traumas e especiais. Esquecem-se de que entre eles e um chimpanzé, a diferença é de 2% no código genético e alguns milhares de anos de discursos de dominação. No mais, é frescura dessa molecada mesmo e uma boa orientação da mídia para tudo aquilo que possa ser vendido e se tornar moda.

          1. Linik

            Isso entra na má criação…

          2. Dr. Housyemberg Amorim

            Na verdade, entra na questão da criação inexistente. Em alguma medida, as sociedades ocidentais conseguiram separar pais e filhos de uma maneira bem discreta e progressiva. Chega a ser esquisito ouvir alguns pais defendendo pessoas que sequer conhecem…

          3. Colossus de Cyttorak

            Só pra acrescentar ao discurso do Dr. Housy Amorim, o nível de educação e respeito às hierarquias das crianças de nossas escolas públicas só confirma o fato de que elas foram deixadas ao sabor do acaso. Os pais se omitem, não educam (confundem educação com o fato de levar as crianças à escola, pagar a mensalidade ou comprar material escolar) e acusam a escola por não fazer o papel deles e o Estado por não dar guarida a isso.

            O resultado disso é toda uma geração de pessoas imaturas, que se acham senhoras de uma verdade que morre na primeira contra-argumentação, que se acham especiais porque o mundo não deu a eles o que a mídia e a propaganda exaltam como sendo direito único e inalienável: o direito à felicidade.

            Aí, ficam tristes porque descobrem que a vida não é feliz. Simplesmente é vida. E a resposta a isso, desses jovens, é a simples inanição idiota, pois, como não se formaram em valores, não os têm pra dar uma resposta decente. E isso é bem o que nos mostra a personalidade estapafúrdia, insossa e vazia da protagonista Bella Swan.

            Aliás, belíssimo post, Soki. Parabéns.

          4. Linik

            Verdade, chega a ser estranho a maneira como os filhos estranham os pais, e os próprios pais atuais preferem não se aproximar dos filhos.

          5. Linik

            E dane-se a Biologia, todos os humanos são complexos. E são mais difíceis de entender do que os macacos.

          6. Dr. Housyemberg Amorim

            Sinceramente? Nunca consegui compreender um outro ser que não o homem… Entendo perfeitamente o que você quer dizer, somente discordo com muita veemência.

          7. Linik

            Temos uma discordância. Acredito que o ser humano não pode ser analisado de maneira biológica de maneira alguma.

          8. Dr. Housyemberg Amorim

            Linik, por meu lado, não vejo como discordância. Até porque nenhum ser vivo pode ser analisado somente por um único viés. Várias espécies de mamíferos já mostraram ter comportamentos que são praticamente culturas próprias de sua espécie… Relações de carinho entre mãe e filho, por exemplo, é algo bem comum entre os elefantes…

      2. Don Vittor

        Gosto do Sinatra porque ele é filho Edward Cullen numa realidade alternativa!

    2. Soki

      Na verdade, realmente não responde.
      Conheço mulheres de diferentes idades que gostam de Crepúsculo, acham o amor dos personagens algo profundo e lindo. Mulheres que eu respeito por vários motivos, que trabalham, estudam, batalham e que são românticas, sim, mas não têm nada de ingênuas. E por que eu deveria julgá-las como ingênuas por gostarem de Crepúsculo? Elas leram como distração e tiveram a sorte de encontrar algo que satisfez as necessidades delas.
      Infelizmente, eu não consegui ver da mesma forma. Os meus gostos e as minhas experiências de leitura exigem um tipo de história completamente diferente.
      O fato de Crepúsculo ser uma história sobre uma adolescente, e a “possibilidade” de ser uma alegoria da adolescência, não significa que apenas adolescentes sejam capazes de se identificar com ela. Ou que eles sejam virgens e burros. A ignorância tem várias faces.
      Crepúsculo como alegoria é apenas uma das leituras, a única que, na minha opinião, compensa a existência dessa história. Há outras alegorias melhores, apenas.
      Sou da geração que ouvia Backstreet boys, N’Sync e Britney Spears. E a minha geração foi tão criticada por isso quanto a geração que, hoje, houve Justin Bieber. E isso não é argumento nenhum.

      1. Concordo com o que você disse, parabéns pela resenha.

        É meio chato ler mimimi sobre Crepúsculo e críticas sobre o livro, mas você é uma das poucas pessoas que não gostou e não se acha mais inteligente por isso (embora, pela resposta que você deu aí, julgo que você é bastante perspicaz, sim).

        Eu costumo dar opinião sem conhecer, tenho um grande desprezo por qualquer livro que não seja um cânone incontestável. Eu sei, é uma chatice minha, mas acabei percebendo que a única coisa que não decepciona na vida é literatura de qualidade. É minha grande paixão mesmo. Odiar Crepúsculo é fácil, difícil é ler coisa melhor (e não to falando da chata da Clarice Lispector ou da superestimada e esquecível “literatura” beat). Como boa literatura é muito dispendiosa, passei a ser extremamente seletiva. Mas sou fã de Harry Potter e Diário da Princesa.

        Crepúsculo não é tão odiado pela sua falta de qualidade, mas simplesmente porque seres do sexo masculino, que devia ter mais o que fazer, ou gorda feminista cheia da revolta fica perdendo tempo lendo coisa ruim por causa da incapacidade de ler coisa boa, e com isso fica pagando de inteligente pra gente tão intelectualmente inferior quanto. É uma fantasia feminina! Ler Crepúsculo não te faz nem melhor ou pior. Como você mesma observou, há mulheres inteligentes lendo, e claro que há muitas meninas desmioladas. Minha avó, uma mulher inteligentíssima e lia aqueles livrinhos de banca, Sabrina. Quando alguém questionava o motivo de alguém tão inteligente como ela ler aquilo, ela respondia que podia, justamente por ser inteligente e precisar descansar a cabeça.

        Li os dois primeiros volumes, também reparei em todas essas incoerências que você apontou, mas creio que sejam aspectos meramente coadjuvantes e a grande maioria que se deixa levar pela história fica completamente indiferente a tudo isso. É uma fantasia feminina, uma leitura para mulheres. Eu não gostei, você também não gostou, sem problemas! Não precisamos ficar achando que toda mulher que lê é burra.

        Nem respondo o imberbe acima porque assisto novelinha e vou perder a compostura. É muito irritante ver isso de gente que não leu 1% de livros consagrados que a gente leu. Inteligência é muito mais que detestar coisas óbvias.

  2. Só pra acrescentar ao discurso do Dr. Housy Amorim, o nível de educação e respeito às hierarquias das crianças de nossas escolas públicas só confirma o fato de que elas foram deixadas ao sabor do acaso. Os pais se omitem, não educam (confundem educação com o fato de levar as crianças à escola, pagar a mensalidade ou comprar material escolar) e acusam a escola por não fazer o papel deles e o Estado por não dar guarida a isso.

    O resultado disso é toda uma geração de pessoas imaturas, que se
    acham senhoras de uma verdade que morre na primeira contra-argumentação, que se acham especiais porque o mundo não deu a eles o que a mídia e a propaganda exaltam como sendo direito único e inalienável: o direito à felicidade.

    Aí, ficam tristes porque descobrem que a vida não é feliz.
    Simplesmente é vida. E a resposta a isso, desses jovens, é a simples
    inanição idiota, pois, como não se formaram em valores, não os têm pra
    dar uma resposta decente. E isso é bem o que nos mostra a personalidade estapafúrdia, insossa e vazia da protagonista Bella Swan.

    Aliás, belíssimo post, Soki. Parabéns.

  3. JJota

    Soki, li os quatro livros da série. A completa falta do que fazer em algumas horas do dia somado a uma pequena esperança de ser positivamente surpreendido como fui ao ler Harry Potter (bom, pelo menos do terceiro livro em diante) me fizeram abraçar a “aventura”… Foi frustrante.

    A grande sensação que a saga de Bella me trouxe é de que existem pessoas no mundo que realmente são capazes de escrever quase mil páginas de… nada. Sim, porque até a última parte o leitor é – mal – instigado a continuar lendo em direção a um determinado clímax e, no final… não acontece nada. No primeiro livro, você fica sem entender como Edward se apaixona pelo prato principal (sim, ele é atraído a Bella por ela ter o tipo de sangue mais palatável para ele). No segundo, você fica sem descobrir como o vampiro veado certinho chegou a brilhante conclusão de que a melhor forma de proteger a Bella é deixando-a sozinha numa cidade de merda perdida no meio do nada, à mercê de uma vampira com sede de vingança. Na terceira parte, você tem que se esforçar pra compreender como uma familiazinha de nada no meio de lugar algum pode ser vista como ameaça por um clã milenar que controla os vampiros da Europa! E na quarta parte, você tem que aceitar que aquele grande conflito com os Volturi, que ocupa praticamente todas as páginas da segunda parte do livro (depois que nasce a aberração que se comunica de dentro do útero e vira objeto de desejo – !!!!! – do “lobisomem”) NÃO VAI ACONTECER.

    É uma prosa boba, sem conteúdo e cheia de furos. O maior de todos, pra mim? O fato de vampiros com mais de um século de vida continuarem a se comportar como adolescentes. Isso é completamente sem sentido.

    Definitivamente, é realmente muito fácil saber porque é odiado. Agora, como algumas pessoas podem gostar disso… Eu vejo como fase. Minha irmã adorou quando tinha onze anos e passou a odiar com treze. Quanto as pessoas mais velhas… Sei lá, acho que é o desejo de ser um pouco como a Bella: a boba, feia e sem graça que parece atrair os olhares de todos os mais cobiçados e um dia, de quebra, se torna linda, poderosa e imortal.

    Belo post.

  4. Agnaldo Santiago

    Li os quatro livros e até hoje lembro desse período como as melhores férias que meu cérebro já teve. Adoro ler, inclusive fico angustiado quando não tenho nada para ler. Depois de assistir o primeiro filme (e chorar de rir com o vampiro brilhante, o “romance” sem sentido, e o jogo de baseball mais fisicamente impossível da face da terra), pedi emprestado pra quem tinha e me deliciei ao deixar minha mente dormindo enquanto meus olhos trabalhavam.
    Concordo com todas as características que você deu ao livro e ainda acrescento essa: descanso mental, ao mesmo tempo em que se parece fazer algo agradável, que é ler.
    Minha única irritação foi ter que ver os lobisomens descritos daquela forma, pois sempre preferi os lupinos. E nem a absurda explicação de que eles não são exatamente lobisomens me fez descansar em paz.
    Enfim, ótimo post e parabéns pela coragem de desbravar a “obra” no intuito de compreendê-la, poucos são os que fazem isso.

  5. Cursos Online

    Olá aqui é a Clara Lopes, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.

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