Essa revista tem muita coisa para se amar, pois ela é uma continuação natural do anterior trabalho de Rick Remender na Fabulosa X-Force e muita da maravilhosa mitologia do vilão Apocalypse é trabalhada aqui, mas algumas decisões na execução dessa história deixam a desejar.
O principal problema pode estar no tamanho da saga que Remender está escrevendo. Isso não quer dizer que ele não pode trabalhar uma trama imensa – tramas extensas são excelentes quando muito bem feitas -, mas, ao que parece, o roteirista não tem espaço suficiente para elaborar tudo o que planejou sem que cada um dos personagens tenha que protagonizar monólogos imensos que desperdiçam metade da arte de Daniel Acuña.
Explicar por que o Capitão América é tão habilidoso e imprevisível? Uma página inteira para isso. Nos lembrar de como o mutante Banshee morreu? Outra página inteira. A Feiticeira Escarlate conferindo suas atualizações no facebook? Uma página dupla… Até mesmo caixas de texto narradas na “terceira pessoa” explicam porque o Ceifador era uma praga quando criança momentos antes de ele aparecer na aventura.
A revista inteira parece mostrar narrações após narrações, explicando cada vez mais coisas que estão acontecendo do que as coisas realmente acontecendo. O que é uma pena, já que tanto conflito interessante está de fato acontecendo ao fundo da narração.
Quando a história realmente parece engrenar aqui e ali, entretanto, ela surpreende. A ideia de trazer quatro personagens mortos, muito próximos aos integrantes da equipe como os novos Quatro Cavaleiros da Morte do Apocalypse é sensacional e concede ainda mais complexidade emocional para o título. O impacto poderia ser ainda maior se a capa da edição não estragasse a surpresa. Mas a culpa é da indústria de quadrinhos e não dos autores com certeza.
O desenho de seus atuais uniformes é muito mais interessante e impactante do que os que eles usavam quando ainda estavam vivos, mas ainda não está claro o quanto de suas personalidades originais foram preservadas nessa nova “encarnação”, mas suas ressurreições foram tão bem engendradas que se justificam válidas.
A trama maior conta com boas interações entre os integrantes desse novo esquadrão de Vingadores, especialmente entre a mutante Vampira e Thor. Acuña desenha cada um deles com maestria. Sua arte também parece ser ideal para representar a Feiticeira Escarlate e o Magnun. O contraste entre o visual dos vilões e dos heróis é lindo e o desenhista, aqui e ali, sempre que pode, brinda o leitor com diversas referências da mitologia dos Maiores Heróis da Terra.
Todos os grandes conceitos que essa história pode nos presentear estão aqui: os filhos gêmeos do Apocalypse, os Quatro Cavaleiros, o mutante, Sol Nascente mostrando o quanto é espetacular… Embora a participação de Immortus ainda seja bastante confusa na trama e merece ser melhor trabalhada, Remender possibilita que cada um de seus personagens tenha bons momentos todo mês.
No fim de tudo, Fabulosos Vingadores é uma boa revista com alguns problemas. O enredo em si é épico, mas algumas vezes narrado de uma forma imprópria. Daniel Acuña está cada vez melhor apesar de, às vezes, esquecer-se de como desenhar uma expressão facial. Esse é definitivamente um título que encaixa perfeitamente para o fã da antiga Fabulosa X-Force, de Remender, mas se você estiver à procura das antigas aventuras dos Vingadores é melhor ler outra revista da franquia ou, então, ter a paciência necessária para ver até onde a imaginação de seus criadores podem te levar.
Tenho que dizer que só gostei mesmo dos desenhos!!!
Quem é o cavaleiro alado? Não reconheci.