A promessa cumprida de trazer a heroína Vespa para a equipe dos maiores heróis da Terra fez com que muita gente passasse a ler esse título. Janet, morta durante a saga Invasão Secreta anos atrás, melhorou há alguns meses no final da passagem de Brian Michael Bendis pela franquia. Na verdade, ela não estava morta de verdade, apenas exilada no microverso. E ela não veio sozinha para a Mansão, Magnun e o mutante Sol Nascente também chegaram. Isso pode ser muito bom…

A história começa na cidade secreta de Akkaba que existe embaixo do Polo Norte e que renderá muita confusão num futuro próximo. Os filhos gêmeos de Apocalypse nasceram, o que irritou muito o inimigo mortal dos Vingadores, Kang. Os leitores descobrem, nessa edição, que o viajante do tempo, por diversas vezes, agiu para impedir que esses dois irmãos trouxessem morte e caos para o mundo. E agora, ao que parece, ele desenvolveu um plano infalível (‘Cebolinha Style’) não só para salvar o presente, mas o futuro também.

Já em Nova York, os amigos de longa data, Magnum e Vespa chegam a Mansão dos Vingadores para serem relações públicas dessa nova versão da equipe, que existe para mostrar ao mundo de que nem todos os mutantes são maus. Simon tem trabalhado como ator, Janet tem um império na indústria fashion. Então, eles podem ser bons adendos para o grupo. Assim acredita o bom Capitão América…

Bom, Simon recentemente se revoltou contra a equipe e se aliou a um novo grupo, de nome ridículo, repleto de vilões e outros Vingadores que tinham morrido – mas melhoraram – humilhando a equipe algumas vezes no passado recente. Mas o Capitão aceitou que agora ele novamente é um sujeito de paz, que não quer mais lutar. Isso é bom para a equipe. Afinal, ele é, literalmente, um dos seres mais poderosos da Terra…

Janet que, entre outras coisas, planeja bancar financeiramente a equipe – impedindo que o grupo tenha que aceitar interferência do governo – vem, desde o início, tendo problemas com a X-woman Vampira sobre suas ideias de decoração de ambiente, permitindo que Destrutor mostre suas habilidades como “mantenedor da paz e das boas relações”, ao apaziguar a confusão entre as duas. Alex também surpreende em sua conferencia pública ao apresentar a equipe, se submetendo ao papel imposto pelo Capitão a ele de bom moço loiro, cara de americano médio, possivelmente protestante e bonito (e, talvez, o melhor pupilo que o Capitão jamais tivera). De certa forma, Destrutor representa o que aquela sociedade espera que os mutantes todos sejam.

Nem todo mundo está feliz com Alex liderando o grupo: a Feiticeira Escarlate acredita que ela é a mais gabaritada, como uma mutante que tem sido vingadora por anos a fio. A Vampira, por outro lado, concorda com a nova função de Alex, até lhe dando beijos na bochecha para mostrar o seu apoio (como se essa fosse a melhor maneira de demonstrar apoio a uma liderança)…

Caracterizações são um ponto alto na obra de Rick Remender. Além de dar a cada membro da equipe seu momento no título… Apenas Thor, até esse número, tem sido deixado de lado, coisa que mudará na próxima edição.

Remender faz um bom trabalho ao negociar o tempo todo com a continuidade complicada da Marvel para conseguir formar sua equipe. Enquanto precisa lidar com a péssima escolha de caracterização de Brian Michael Bendis, com Magnum, e novamente fazê-lo um dos bons moços da equipe. O “Sol Nascente” continua sofrendo conflitos com as lembranças que tem do tempo que foi um dos quatro “Cavaleiros do Apocalypse” de En Sabah Nur por um tempo. Felizmente Wolverine, que também já foi um desses “Cavaleiros”, o ajudou a lidar com essa carga, indo à Tókio e dando uma força para o amigo.

Nessa edição, temos ação também. Cortesia do Ceifador que – por outro direcionamento infeliz de continuidade – está bastante chateado por seu irmão Simon ter renovado sua amizade com a Feiticeira Escarlate. Ele articula um impressionante ataque à equipe naquela conferência de apresentação dessa divisão dos Vingadores. Ele acaba dando(ui), mais uma vez (ai, delícia), uma chance para a mídia de ver como mutantes e não-mutantes podem trabalhar juntos. Mas, na época do Mercúrio, Feiticeira Escarlate e o Fera na equipe, eles não mostravam isso?

Tudo isso dá ao artista Olivier Coipel uma chance de mostrar como ele é perfeito para lidar com essa revista. Apesar do trabalho legal de John Cassaday (que mesmo ruim, sempre é o Cassaday) no arco de histórias passado, ter o Coipel nesse novo arco é um imenso prazer.

A revista, portanto, tem tudo o que você desejar: um Kang super altivo, um Ceifador lunático, um acrobático Capitão América ou uma sexy e jovial Vespa, nada é impossível para seu lápis. Desde sua época com a Legião dos Super Heróis, passando por sua fase a frente de diversas sagas da Marvel e da revista do Thor, Coipel vem arrebatando diversos fãs. E a linguagem corporal de seus personagens é sempre… Fabulosa.

Mark Morales é o melhor arte-finalista que já trabalhou com Coipel até hoje, trazendo delicadeza para o seu traço, enquanto as cores da veterana nesse título, Laura Martin –  ela está aqui desde o início – são espetaculares. A equipe artística da revista é muito boa, conseguindo fazer até a pose de ataque mais manjada do Wolverine, parecer nova aos olhos dos fãs.

Com esse quinto número, Fabulosos Vingadores teve sua primeira grande edição. Remender plantou sementes interessantes para conflitos futuros e negociou muito bem o passado e com a continuidade confusa de diversos personagens. Ele mostrou como a equipe pretende lidar com as missões futuras, fazendo com que entendamos porque essa divisão dos Vingadores precisa realmente existir.

No fim, ele nos brinda com uma sequência de ação obrigatória entre os heróis e o vilão da vez, que nos lembram novamente o quanto os relacionamentos pessoais entre os membros dessa equipe são complicados.

Fazendo com que o grupo corte relações com o governo, ele nos garante que esse será um dos títulos da editora que escapará da interminável novela de prestar satisfações a Maria Hill e Nick Fury Jr. , o que tem cansado o leitor por tantas outras revistas da Marvel. Alguém se lembra da época que os nossos heróis eram espertos o suficiente para lidar com os vilões sem precisarem serem ensinados pela S.H.I.E.L.D. ???

Coipel e Cia, enquanto isso, enriquecem o argumento de Remember com bastante classe. Trabalho de primeira em cada quadro e nos painéis gerais que são um grande presente ao fã. Pela primeira vez após muito tempo, nós temos uma revista dos Vingadores que parece uma revista dos Vingadores.