Iluminamos – Giovanni Improtta

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giovanni

Fala galera que  já comparou um advogado há mil bandidos armados! Hoje falaremos sobre um interessante filme  nacional, pelo menos a meu ver! Para o delírio de alguns e a pouca relevância de quase todos, falarei sobre Giovanni Improtta!

A primeira questão que deve ser levada em consideração é o motivo que leva alguém a ver um filme nacional em plena sexta-feira. Primeiro, vi-me com minha patroa em busca de algum filme interessante, contudo, após ter visto que na lista de opções  inéditas só havia uma animação insossa e a estreia da noite, Velozes e Furiosos 6, felizmente deparei-me com um pôster, no qual José Wilker figurava em plano central. Logo me lembrei de sua ótima participação na adaptação cinematográfica de “O Bem Amado”, encarnando o personagem de Zeca Diabo,  além é claro do caricato “bicheiro” emprestado à novela Senhora do Destino.

Se lembram desta figura?
Se lembram desta figura? Pior que existe gente assim, afinal, o mesmo foi baseado num ilustre folião.

Uma curiosidade que vale ser ressaltada é que filme foi baseado em alguns livros de Agnaldo Silva, no quais o célebre bicheiro é o personagem principal, o que, por sinal, me fez comprar mais de seis títulos na Estante Virtual.

Então, por favor, não cometam a gafe de dizer que o filme é baseado num personagem de novela!

Voltando ao filme, como de costume deixarei a resenha chupinhada do Adoro Cinema para vocês:

Giovanni Improtta (José Wilker) é um contraventor que sonha com a ascensão social e vive há anos com Marilene (Andrea Beltrão), sua ex-amante. Após a morte de um colega de trabalho, Giovanni tem a grande chance de entrar para a cúpula, um grupo formado apenas por grandes contraventores que está negociando nos bastidores a liberação dos cassinos no Brasil. Animado com o negócio, ele almeja também entrar para um badalado e exclusivo clube, que não o deseja por perto devido ao seu histórico como bicheiro. Para tanto conta com a ajuda de Patrícia (Julia Gorman), a filha de um influente conselheiro que pode decidir sobre sua entrada ou não no clube. O problema é que Patrícia logo fica interessada em Giovanni, o que causa problemas no seu relacionamento com Marilene. Ao mesmo tempo existe um golpe sendo elaborado, sem que Giovanni saiba, para que seja preso.

Como todo bom filme de máfia, afinal esse foi o maior motivo para ter me levado à sala de cinema, a história começa no enterro de um antigo contraventor, com a sua morte abre uma vaga para o popular Giovanni Improtta na cúpula do jogo do bicho, ou como gostam de dizer, na diretoria da contravenção. Em seguida, já estabelecido entre os grandes contraventores do estado, Giovanni é posto a par de um dos maiores negócios entre as PPP’s (Parceria Público-Privada) de âmbito nacional, e sonhando com tal ascensão-social, tem-se início a trama.

Após trabalhar em uma Delegacia, acabei aceitando a realidade de alguns personagens.
Após trabalhar em uma Delegacia, acabei aceitando a realidade de alguns personagens.

Como vocês sabem não falo sobre a trama e muito menos sobre as cenas mais interessantes. Gosto de destrinchar a história como um todo e ver a mensagem que me foi passada. Acredito que este filme pode soar ridículo conforme o nível de inteligência e interação do espectador e, por isso, não me surpreenderá críticas sobre o meu parecer. Contudo, a primeira coisa que lhes digo é: NÃO ASSISTAM ESTE FILME COMO UMA COMÉDIA GLOBAL, ONDE UM BICHEIRO SEMIANALFABETO E DISLÉXICO SE METE EM ALTAS AVENTURAS PARA COMANDAR O RIO DE JANEIRO.

Por isso, desta vez não me prenderei a dissecar o filme por meio de seus personagens caricatos, atores globais, histórias rasas e roupas que beiram ao ridículo, até por que, caso eu quisesse ver algo assim, bastar-me-ia colocar algumas gotas de Ketchup e resenhar um filme do Tarantino. O que mais me interessa nessa resenha é expor o panorama atual que o filme retratou, mas que por ignorância, assim como influência da mídia, passa despercebido pelos olhos do cidadão comum.

Mais caricato, impossível!
Mais caricato, impossível!

Sei que peco em escrever neste tom, e por vezes parece até altivo de minha parte. Todavia, falo com extrema segurança. Porque, há mais de cinco anos venho estudando o crime organizado em nosso estado, por intermédio de pesquisas e entrevistas com alguns indivíduos que jamais estariam no alcance público. Giovanni Improtta não é apenas uma paródia, mas, sim, um retrato fidedigno dos futuros planos que estão por vir no Rio de Janeiro e que por alguma questão, a qual não tive acesso, ainda não foram para as vias de fato. Por isso, afirmo-lhes que o caricato contraventor não se importa em falar sobre grandes eventos sociais, ou apelos assistencialistas para a manutenção de votos em áreas controladas por verdadeiras milícias armadas. Ou muito menos, sobre os megacontratos através de licitações espúrias, envolvendo as obras das Olimpíadas e Copa do Mundo. O filme retrata, tão somente, a legalização dos jogos de azar no Brasil! Isso aí! Aquela velha questão que envolve a laicidade do país e o seu potencial enorme de consumir todo o turismo internacional.

Excelentes atores que deram vida a Cúpula do Bicho!
Excelentes os atores que deram vida à Cúpula do Bicho!

Entretanto, toda a trama citada jamais será dissecada por um filme de atores globais. Em hipótese alguma veremos uma história com o intuito de ser explicativa, mas, sim, um roteiro mais raso, preocupado somente em expor a comicidade do personagem principal, dando-lhe até uma aura de herói ao final do filme. É, mais uma vez, uma caricatura exibida que simplesmente fala por alto, trazendo um advogado imbecil com um computador onde só aparece uma tela com o percentual de cada envolvido, quando na verdade, poderiam expor uma manobra que pouco a pouco vem consumindo o Rio de Janeiro – todavia é um filme patrocinado pela Prefeitura. Manobra esta, na qual um único homem se apossa de toda a capital, incluindo portos e marinas, sem que ao menos tenha critica popular. Um bilionário que blindado pelo poder público, vem privatizando o Estado como um todo, e que numa simples votação, em breve poderá se tornar o homem mais rico do mundo ou, pelo menos, o laranja mais rico.

Por estes motivos sinto-me à vontade em dizer que este filme mexeu em algo intocável, ou simplesmente buscou fazer mídia com este fato, pois, como dito anteriormente, a questão não foi levada a fundo, e, talvez, nem a sério. Às vezes me pego em dúvida: será que eles tinham ideia do estavam fazendo? Ou simplesmente o fizeram, para saber o nível de ignorância do povo que o assiste? Como podemos ver nos trechos de algumas resenhas de outros sites:

 Desde que soube da existência dessa produção eu temia pelo dia que iria ao cinema conferir e analisar o resultado final deste longa. Mas confesso que nem nos meus piores pesadelos o resultado seria tão ruim, tinha muito tempo que eu não conferia um filme tão sem sentido e sem graça como Giovanni Improtta. O roteiro é um emaranhado de coisas que não faz com que o espectador se sinta interessado pela história ou pelos personagens. A montagem é péssima, as cenas não conseguem se conectar e minimante dar vida ao roteiro. As atuações variam entre exageradas ou vazias e a trilha sonora é sofrível com direito a um momento em que toca a pérola Quatro Semanas de Amor de Luan e Vanessa (sério!!!).  Cine Detalhado

Dominado por personagens assustadoramente estúpidos (como o executivo que abre um notebook apenas para exibir um gráfico de pizza que explica uma divisão simplíssima de lucros, 70/30), Giovanni Improtta chega aos cinemas em um momento inoportuno (o prazo de validade do personagem evidentemente já venceu) e inaugurando um possível segmento da comédia nacional: o de spin-offs com personagens de novelas. Crô, derivado de Fina Estampa (também escrita por Aguinaldo Silva e encerrada há quase dois anos), vem por aí – e espero que esse, pelo menos, não faça jus às expectativas repletas calafrios deixadas por Giovanni Improtta. Cinema Sem Erros

Hoje não falarei sobre os pontos positivos e negativos, contudo darei uma nota 6,0 para esse filme. Fraco, mas ainda é melhor do que Somos tão Jovens.

Uma coisa é certa: Não é preciso ser esdrúxulo para ser ser engraçado, Fica a dica José Wilker.
Uma coisa é certa: não é preciso ser esdrúxulo para ser ser engraçado. Fica a dica José Wilker.

Para quem tem interesse em ver o trailer, aí está.

 

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 15 comentários

  1. GuilhermeCunha

    Esse filme tem um erro primário que só dá pra notar claramente no final. O filme é de comédia, o protagonista é cômico… mas a história é um drama, PORRA!

    É a mulher do cara que se matou, é o filho que sofre bullying, é a ex-amante virou mulher tb traída e bebe até cair, é o cunhado vingativo que explora a fé alheia, é o amigo traíra (que tb se suicida)…

    Aposto que o livro do Aguinaldo Silva devia ser bem sério e como ele tinha transformado o Giovanni na novela num personagem engraçadinho tentaram “adaptar” o material antigo pro personagem novo… O Resultado é essa bizarrice.

      1. GuilhermeCunha

        Não é o caso desse filme.
        Não é drama que se ri. É drama drama mesmo. A sinopse diz que o filme é sobre uma coisa, o Giovanni tentanto promover sua imagem, mas no final vira outra completamente diferente.

        Eles nem tentam ser engraçados. Não tem nada de engraçado na cena da vingança do final. Ela é séria mesmo, não é feita pra rir.

          1. GuilhermeCunha

            Eu ri em poucas vezes.

          2. Dr. Housyemberg Amorim

            Olha só, a comédia se fundamenta não pelo ridículo (como é no Pânico em alguns quadros), mas no ridículo do personagem na situação em que se encontra. Normalmente, as situações na comédia, desde os tempos dos gregos, são situações dramáticas, mas o personagem central não entra no jogo do drama ou, se entra, entra de forma inadequada ao que a sociedade considera como o comportamento adequado…

            Eu não vi o filme. Na realidade, sequer me importo com ele, mas dizer que o filme possui um “erro primário” não seria se colocar numa posição que não possuímos – a saber, a mesma de Aristóteles? Talvez, a sua avaliação inicial do filme seja por demais radical. Ainda mais se vemos que você riu num drama, cuja função básica é fazer com que o expectador pense na miséria humana.

            Agora, como vc falou de um livro que não leu, acho que posso questionar um filme que não vi, não é mesmo?

          3. GuilhermeCunha

            Acho que não me expliquei bem. Acontece que mesmo que a essência do humor venha de situações teoricamente dramáticas, ainda assim existe uma definição clara numa obra quando tal cena tem o objetivo de fazer rir, ou de fazer chorar, ou de pensar etc.

            Isso é uma convenção básica pra se entender uma história de ficção. Por exemplo, Billy Wilder refilmou toda a cena de abertura de Crepúsculo dos Deuses porque as pessoas estavam RINDO nas sessões-teste, e o objetivo da cena não era esse. Diferente, por exemplo, de um episódio de Chaves em que o chaves esfomeado roubando comida do aniversário do Quico podia ser dramático, mas tinha o objetivo de fazer rir.

            Quando certas situações de humor não conseguem estabelecer essa conexão narrativa com o público costuma-se dizer que pesaram a mão no humor. E sim, isso é um erro primário, que chega a ser grosseiro nesse filme.

            Não há absolutamente NADA na cena do suicídio no final que tenha sido feito deliberadamente pra fazer rir. Muito pelo contrário. Todos os signos que surgem na tela remetem a alguma coisa grave e trágica sem nenhuma válvula de escape por meio do exagero. Não é uma farsa, como a cena do enterro no início. Acaba ficando fora de contexto.

            Eles só acharam que aliviariam a narrativa intercalando com a cena da vendetta contra o pastor, que por sinal foi uma piada ruim. Mesmo assim não alivia em nada.

            De fato eu não li o livro. Apenas me baseio na declaração do próprio autor de que o personagem era totalmente diferente e muito mais “pesado”. Não precisa ir longe pra entender que eles quiseram se manter fiéis a essência do livro e ao mesmo tempo fiéis a essência e ao clima que envolvia o personagem na novela.

          4. Dr. Housyemberg Amorim

            E vc dá importância para o que o autor escreve sobre a própria obra? Cara, isso é muito século XIX…

          5. Don Vittor

            Cara, eu entendi desta maneira:

            O final é o banho de realidade que o espectador exigia durante toda história, uma vez que o próprio Giovanni fora questionado diversas vezes sobre a sua face mais sombria. Assim sendo, acredito que a cena mais sóbria, tão somente serviu para mostrar que ele não era apenas um bicheiro exótico e cômico.

        1. Don Vittor

          Tudo bem, mas e daí? No Se beber não Case, a penúltima cena é pesadíssima rs

    1. Don Vittor

      Cara, como disse na resenha, uma visão mais superficial sobre a temática pode deixar a história assim, todavia, vários de nossos bicheiros seguem um padrão atípico de bizarrices possivelmente advindas do egocentrismo.

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