Iluminamos: J. Kendall n°96

Uma personagem cativante com uma ótima história e desenhos, mas com uma péssima qualidade gráfica. Mas, mesmo assim, é uma das melhores revistas mensais nas bancas brasileiras.

Hoje (quando escrevo essas linhas) é dia 21/11 e finalmente, depois de 20 dias de atraso, Julia #96 aparece nas bancas, e eu, satisfeito por finalmente pôr as mãos nesta edição, digo ao jornaleiro, “Acredite ou não, mas este é o melhor quadrinho mensal da sua banca”

É realmente difícil acreditar que uma história publicada em papel tão pobre, formato menor que as revistinhas Disney, com um logo feito sem o mínimo de capricho, preço tão alto, lançada com três semanas de atraso comparada à data prevista e condenada a viver escondida atrás de outra revista mais atraente nas bancas pode ser tão boa.

Mas Júlia é. E é difícil não se apaixonar por essa criminóloga que é a cara da Audrey Hepburn. Depois que li uma edição por completo, pega às pressas em uma rodoviária antes de uma viagem, não parei mais, e todos os meses espero ansiosamente pelo próximo número.

E mais uma vez, Julia não me decepcionou. Nesta edição, temos uma corrida contra o tempo do departamento policial de Garden City para encontrar três jovens, que buscando melhor qualidade de vida, são responsáveis pelo roubo de uma maleta cheia de cocaína de um grupo de traficantes, antes que as próprias vítimas do roubo os encontrem.

Não tenho problemas em afirmar que Giancarlo Berardi é um dos melhores roteiristas de quadrinhos em atividade no mundo, trinta e cinco anos atrás, quando criou Ken Parker, ele já mostrava ser um escritor fora de série, e não deixou de ser. No entanto, algo que sempre me incomodou em Júlia foram os desenhos que, apesar de assinados por artistas diferentes, eram muito parecidos. Dessa vez não, Antônio Marinetti é o primeiro desenhista de Julia que mostra algo a mais em seu traço. Seus desenhos são ótimos e mostram algo a mais: sua personalidade. Infelizmente, pela qualidade da edição eu sequer pude divulgar uma página da HQ, e procurei na internet alguma imagem interna e não consegui uma sequer.

E tudo isso ajuda, e muito, na narrativa da história. Tudo vai muito bem, cortes de cena na hora certa, diálogos sem encher linguiça, apenas o necessário, e personagens interessantes fazem a história fluir bem, mas fiquei com uma impressão negativa: para mim, a história poderia durar bem mais, todos os personagens desta história, dos jovens que realizam o roubo aos “empreendedores” donos do material mereciam ser mais bem trabalhados. Estranho dizer isso, uma vez que esta edição tem quase 130 páginas de quadrinhos, mas caberia nesta trama mais umas 50 páginas sem problema, ou, quem sabe, a continuação no número seguinte.

Porém, ainda assim, vale a leitura! Julia pode ser o “melhor gibi em bancas com a pior qualidade”, tanto que já sofreu riscos de ser cancelada, mas vale ao menos dar uma conferida. A Mythos que fique de olhos abertos, esse mês, a Panini promete o lançamento de Face Oculta, título também da Sergio Bonelli Editore, mas em formato maior e papel de melhor qualidade, que pode colocar a Mythos, responsável pelo trabalho editorial da própria Panini no Brasil, em maus lençóis.

Nota: 8,5

J. Kendall: Aventuras de uma criminóloga #96

Giancarlo Berardi (Roteiro) e Antônio Marinetti (desenhos)

132 páginas

Mythos Editora R$8,90

Novembro de 2012

Administrador Iluminerd

A mais estranha figura nesse grupo: não posta, não participa de podcast, mas foi ele quem uniu todas as pessoas dessa bagaça...

Este post tem 2 comentários

  1. Linik

    Parece ser muito interessante,nunca ouvi falar nessa série,mas parece ser bem diferente…

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