Iluminamos: Mato Sem Cachorro

Você está visualizando atualmente Iluminamos: Mato Sem Cachorro

Lançado recentemente nos cinemas brasileiros, Mato Sem Cachorro é o filme de estreia de Pedro Amorim, e a mais nova tentativa de se repetir em terras brasileiras o já esgarçado formato das comédias românticas água-com-açúcar norte-americanas. Na história, Deco (Bruno Gagliasso) é um nerd loser e misógino que vive em seu apartamento fazendo edições de vídeo de gosto duvidoso que são campeãs de visualização no YouTube. Deco divide o apartamento com o primo paulista Leléo (Danilo Gentili), um sujeito folgado e espaçoso.

Mato-Sem-Cachorro-bastidores

Deco tem sua vidinha chata e reclusa abalada quando quase atropela um filhote de cachorro, por pouco não sendo linchado por moradores das redondezas ao ameaçar largar o filhote na rua, sem socorro. Salvo do linchamento por Zoé (Leandra Leal), produtora de um polêmico programa de rádio, Deco leva o cachorro ao veterinário (pequena e engraçada aparição de Rafinha Bastos). Lá eles descobrem que o animal sofre de uma doença chamada de “narcolepsia canina”, que faz com o que o bicho caia duro no chão se for colocado em situações extremas.

matosemcachorro_rafinha
Os erros de gravação, durante os créditos, mostram engraçados improvisos que o Rafinha fez durante a cena.

O cachorro, batizado de Guto, acaba sendo o pivô do início do relacionamento entre Deco e Zoé, que acabam se apaixonando. Com o passar dos anos – que são marcados por cenas que mostram o crescimento do cachorro, além de rápidos momentos marcantes do casal – a relação dos dois se desgasta: Deco não muda seu temperamento, e Zoé, por sua vez, não consegue conciliá-lo à sua personalidade ativa e atirada. Os dois se separam e Deco cai em depressão. Seguindo um dos inúmeros conselhos idiotas do primo, Deco resolve sequestrar Guto, que ficou com Zoé, e os resultados dessa atitude serão a tônica que movimentará o filme até o seu final.

De maneira geral, é um filme razoável. A ideia do cachorro narcoléptico, que daria possibilidade a gags e cenas engraçadas, acaba virando uma fórmula que é usada ao longo de todo o filme. Contudo, depois do terceiro desmaio do cachorro a piada perde completamente a graça. O filme tem um ritmo interessante, e o uso excessivo de tomadas rápidas não o compromete numa visão mais geral. A trilha sonora é boa, com um apanhado de músicas que vão de Sidney Magal a Radiohead.

Danilo Gentili é o grande destaque, a meu ver. Seu personagem é bem engraçado, e, apesar da ‘forçação’ meio exagerada no sotaque paulista, tem ótima presença na tela. Ele só não consegue ofuscar o protagonista Bruno Gagliasso que, apesar de fazer um Nerd caricatural e estereotipado, cria um tom diferenciado pro personagem. Leandra Leal, que geralmente é uma excelente atriz, resolveu seguir a cartilha “sou-par-romântico-de-uma-comédia-americana”, e nos traz uma atuação mediana, sem surpresa alguma, totalmente encaixotada no formato.

matosemcachorro_Gentili2
Gentili, sempre irreverente.

O filme tem duas grandes cenas, que o diferenciam das costumeiras comédias românticas requenguelas nacionais:

1) a cena do roubo, quando Deco resolve pegar Guto, que está sendo vigiado por um anão, iniciando uma sequência de atos bem engraçados;

2) a cena em que Deco, depois de engolir a seco Zoé com o novo namorado (que esfrega todo o seu sucesso como empresário na cara do protagonista), ouve de Leléo que deveria ter dado uma de “Zé Pequeno” pra cima do cara. A cena que segue é hilária, com participação especialíssima do ator Leandro Firmino, que fez o Zé Pequeno em Cidade de Deus.

O grande ponto negativo do filme é o trecho que compreende os seus dez minutos finais, que repete o clichê “corrida-final-e-desesperada-para-não-perder-o-meu-amor-que-está-pra-partir-em-um-avião/ônibus/trem-para-uma-vida-nova”. Comum em 90% das comédias românticas norte-americanas, ele fica ainda pior, com uma DR insuportável, ao vivo, em pleno programa de rádio, entre Deco e Zoé. A conversa não acrescenta porcaria nenhuma à trama, que, além de rasa, já chega a esse ponto do filme pra lá de resolvida.

Enfim, é um filme razoável, que vale um preço de ingresso da quarta-feira promocional no cinema, e,  provavelmente, vai garantir o seu final de domingão quando sair em DVD e Blu-Ray. Aconselho uma boa soneca nos dez minutos finais.

https://youtu.be/oitHU7J3cR8

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Deixe um comentário