Iluminamos: Somos tão Jovens.

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Fala galera que foi ao cinema ver Renato Russo e acabou com o gostinho de Legião! Hoje, falarei sobre o mais novo filme nacional da última semana! Com vocês, Somos tão jovens!

Antes de mais nada, deixarei uma sinopse clonada do Adoro Cinema. Para que dissertar sobre uma história tão manjada, certo? Errado! Na verdade, só quero mostrar como algumas questões destoam completamente do real através da frase “Esta é uma obra de FICÇÃO baseada na vida de Renato Russo“. O roteirista do filme fez o que bem entendeu com a história de um dos maiores compositores do nosso cenário nacional! Aliás, algo que já havia ocorrido com o filme Cazuza e a supressão de um certo relacionamento famoso…

 Vamos à resenha:

Brasília, 1973. Renato (Thiago Mendonça) acabou de se mudar com a família para a cidade, vindo do Rio de Janeiro. Na época ele sofria de uma doença óssea rara, a epifisiólise, que o deixou numa cadeira de rodas após passar por uma cirurgia. Obrigado a permanecer em casa, aos poucos ele passou a se interessar por música. Fã do punk rock, Renato começa a se envolver com o cenário musical de Brasília após melhorar dos problemas de saúde. É quando ajuda a fundar a banda Aborto Elétrico e, posteriormente, a Legião Urbana.

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Poster bacaninha.

Gostaria de dizer que entendo a complexidade de elaborar um filme sobre um dos maiores ídolos do cenário musical brasileiro, principalmente quando tratamos de um sujeito singular e repleto de crises existenciais como  foi o nosso querido Renato Russo. Entretanto, preferiria ter visto o filme do Pelé!

Detentor  de aproximadamente 30 discos, entre gravações solos e coletâneas póstumas, Renato Manfredini Júnior foi o fundador e vocalista da célebre banda Legião Urbana. De humor ácido e letras mais venenosas ainda, Renato foi um dos mais audaciosos cantores de sua geração, talvez, um dos precursores do Punk Rock brasileiro. Cercado por referências como Jean-Jacques Rousseau e o pintor primitivista Henri Rousseau, batizou-se com sobrenome artístico “Russo” que o representou até seus últimos dias.

Renato Russo deixou-nos na madrugada do dia 11 de Outubro de 1996 – lembro-me bem disso, pois foi na madrugada seguinte ao meu aniversário, – pesando aproximadamente 40 kg, em decorrência de complicações causadas pela AIDS, o Brasil perdeu um de seus maiores compositores e críticos do sistema – tanto político quanto econômico – da época.  Contudo, após anos de ostracismo – com apenas duas coletâneas em três anos–  eis que uma luz  decide  reviver o mito, mas, dessa vez, através das telonas.

Thiago Mendonça interpreta Renato Russo. Por favor, marqueteiros... Nunca diga que ele é o Renato Russo.
Thiago Mendonça interpreta Renato Russo. Por favor, marqueteiros… Nunca digam que ele é o Renato Russo.

Não é necessário que o leitor seja dotado de um grande poder de interpretação para perceber que depositei muitas esperanças nesse projeto. Principalmente por acompanhá-lo há alguns anos. Desde 1999 surgiam rumores de que o produtor Luiz Fernando Borges apresentara um projeto documentário para a família Manfredini, pedindo a autorização. Todavia, alterando drasticamente o que fora combinado, em 2005 a “genialidade” de nossos produtores descartou a ideia de um documentário e nos trouxe de cara lavada o projeto do filme Religião Urbana, título rapidamente rechaçado pelos familiares alegando que Renato certamente não aprovaria o nome Religião em algo relacionado a sua vida. Por isso, nasce Somos tão Jovens.

Fiquei com medo de ser a versão teen de uma das melhores bandas nacionais.
Fiquei com medo de ser a versão teen de uma das melhores bandas nacionais.

Digo, para aqueles que estão curiosos ou simplesmente queiram ver algo relacionado à Legião Urbana, que o filme simplesmente retrata a juventude de Renato e o seu primeiro contato com o punk rock. Contudo, mesmo o projeto tendo recebido apoio da família Manfredini , em momento algum vimos a conturbada existência do tão afamado vocalista assim como informações reveladoras e completamente desconhecidas para o público.  Para ser bem sincero, para piorar ainda, posso dizer que esse filme é composto de um viés conservador – extremamente contrário à referência ideológica do ícone do qual o filme foi baseado –, principalmente no que diz respeito à orientação sexual e ao uso constante de drogas pelos personagens envolvidos na trama. Se você não fizer questão de uma história fidedigna, ou até realista, posso dizer  que o filme cumpre muito bem o seu papel de entreter.

No que diz respeito a escolha do repertório musical assim como das interpretações, em especial, o desconhecido Thiago Mendonça, posso dizer que a escolha foi acertada. Sem dúvida, não há pessoa mais apta para interpretar Renato Russo nas telonas. O que foi bem válido, pois, além de ver uma atuação digna, de quebra, ainda consegui matar um pouco da saudade.

Foto muito boa e icônica. De certa maneira me lembrou do Acústico da MTV.
Foto muito boa e icônica. De certa maneira me lembrou do Acústico da MTV.

Quanto aos pontos negativos e positivos venho dizer-lhes o farei de maneira diferente. Especialmente hoje, vou colar alguns questionamentos feitos pelo nosso querido Jota Jota e assim dar um incrementada nos argumentos:

  • Pontos Negativos:
  1. O roteiro é falho e não se encaixa. Os diálogos são ruins, parece que há uma grande forçação de barra pra colocar trechos de futuras letras na boca do Renato o tempo todo.Quando você analisa uma obra como, por exemplo, o Garoto de Liverpool, é que você percebe como é pobre o filme nacional.- Jota Jota 
  2. Ridículas as performances de alguns atores. – Jota Jota 
  3. E aquele “romance”? Quanto a menina, acho que ela é uma visão de Ana Paula Camarinha, amiga de Renato que sua mãe acreditava ser sua namorada. Olha que merda, né? Até inventaram um personagem… A própria atriz afirma que a personagem dela não tem correspondente na vida real. – Jota Jota 
  4.  Aquela coisa de gravar conversas! Nunca ouvi falar disso. – Jota Jota 
  5.  O fim repentino e mal preparado que além do gostinho de quero mais, talvez lhe deixe com a ligeira impressão de ter sido enganado caso não tenha lido a sinopse.
  • Pontos Positivos:
  1.  A ótima interpretação de Thiago Mendonça.
  2.  A trilha sonora.
  3.  O fato de finalmente enaltecerem algum ídolo nacional oposto a traidores homônimos a moluscos ou filhos de Francisco que em nada acrescentaram em nossa visão crítica.

 

Atriz de uma personagem que jamais existiu na realidade. Talvez tenha sido elaborada para deixar o filme mais conservador.
Atriz  que interpreta uma personagem que jamais existiu na vida de Renato. Talvez tenha sido elaborada para deixar o filme mais conservador.

 Nota do filme: 6

Nota essa que me deixa muito preocupado para esse aqui!
Nota que me deixa muito preocupado com esse aqui!

Para quem curte um trailer, aí está:

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 20 comentários

      1. Don Vittor

        Também achei. E o mais legal é que o resenhista é tão homossexual quanto o Renato Russo e isso traz uma certa empatia na hora da escrita.

          1. toddy

            ai você gosta né jota?rsrsrss

          2. JJota

            Ver o chefe chamando você de veado?

            Sim!

          3. toddy

            huahauhauaau

  1. toddy

    Não me surpreende ter o Jota só nas partes das críticas rsrsrss. Mas é como você disse Vitto não é um que mostra a real vida do Renato Russo, mas eu lhe pergunto, será que seria a melhor escolha mostrar as coisas ao pé-da-letra?
    Cara é cinem, no final das contas o filme é feito para arrecadar, então muitas coisas não podem ser passada para as telonas. Mas, ótima resenha! valeu companheiro

    1. Don Vittor

      Eu prefiro ver a realidade nua e crua. O Renato Russo extremamente drogado fazendo altas orgias com seus amigos não precisa ser explícita, contudo ele poderia dar a entender. O cinema nacional de grande destaque tende a solidificar o conservadorismo apregoado pelo restante da mídia brasileira. geralmente pautado na moral e bons costumes, como foi com o filme do Cazuza, Lula e a porra dos filhos do Francisco.

  2. JJota

    Eu assisti o filme e… Porra, eu não daria uma nota tão boa de maneira alguma. Foi tão brochante que em menos de meia hora eu já tinha resolvido o dilema de escrever ou não mais uma resenha com o Legião Urbana como destaque.

    Como foi citado por Don Vitto, em uma longa e tensa conversa via Facebook, eu passei horas aborrecido, comparando Somos Tão Jovens (título que achei meia-boca, mas infinitamente superior ao péssimo Religião Urbana) com O Garoto de Liverpool. Ambos possuem uma premissa parecida, pois contam a história de dois ídolos do rock, Renato Russo e John Lennon, respectivamente, desde o começo de seus contatos com a música até a formação das bandas que os tornaram famosos. Mas, enquanto O Garoto… possui um bom roteiro, excelente ambientação, um tom bem dosado de humor e drama e um elenco afiado, Somos Tão Jovens chega a ser constrangedoramente ruim.

    Em primeiro lugar, fiquei muito aborrecido com o roteiro. Não vi ali uma linha clara sendo seguida. São quadros jogados aleatoriamente na tela. Duvida? Mude a seqüência de apresentação de algumas cenas e você nem vai perceber. São coisas soltas, à toa… Nisso me lembrou muito o péssimo filme O Tempo Não Pára!

    Os diálogos são forçados. A todo momento se cria uma situação para que alguém, normalmente Renato, pronuncie algum trecho de alguma letra do Legião.

    Há atores muito ruins. O casal que faz os pais de Renato, por exemplo, são tristes. Os que compõem o Aborto Elétrico e o Legião Urbana (principalmente os que interpretam o André Pretorius e o Dado Villa-Lobos) são tristes, caricatos, soam quase amadores.

    O tom é muito maria-mole… Parece que Renato dormiu Manfredini e acordou Russo, rasgando a roupa e virando punk. Sim, a grande atitude punk do Renato é rasgar a roupa e colocar um alfinete.

    Outro erro foi tentar fugir do que poderia ser considerado fanboiolice e mostrar o lado chato de galochas que era, realmente, um traço do cantor. Mas tornou-se traço muitos anos depois. Na juventude, Renato brilhava entre os amigos justamente por sua cultura, seu domínio no inglês e seu bom papo, bem humorado. Seu lado mais chato e ranzinza só afloraria anos depois, com o desenvolvimento do alcoolismo e de sua melancolia crônica.

    Dois outros pontos extremamente passados por cima: apesar de mostrar Russo bebendo, nada demonstra a tendência a dependência que se instauraria rapidamente (antes mesmo de gravar o primeiro disco, pessoas lembravam de Renato entornando conhaque no café da manhã). A melancolia é ignorada.

    Preciso falar do homossexualismo? Acho que não, né? Eu não queria de forma alguma ver um filme pornô gay, mas simplesmente deixar a coisa apenas sugerida no filme inteiro? E ainda introduzir aquele romancezinho boboca?

    Ah, e aquilo de criar um personagem que… Bom, que não existe( apesar de parecer ser inspirada na fotógrafa Ana Paula Camarinho)? E inventar aquilo de gravar conversas e colocar uma noite de amor (o clichê mais piegas do mundo!!!!!!)?

    E aquele lance covarde de classificar como uma obra de ficção? Aí termina colocando imagens do Renato real? E imagens conhecidas, nem sequer procuraram algo mais raro, diferente? Saída covarde pra um roteiro preguiçoso e mal feito., que não fez absolutamente jus ao Renato Russo, ao Legião Urbana ou ao movimento punk do fim dos anos 70 e começo dos anos 80.

    Indo contra a maré, achei a interpretação de Thiago contida. Acho que o texto não ajuda e a direção parece também ter culpa no cartório. Ele parecia saber como fazer, mas não poder. Tmbém acho que ele deveria ter dublado e não cantado, pois não tem mesmo voz pra ser um Russo. Uma pena e um desperdício.

    Enfim, não valeu mesmo à pena. O cinema nacional, mais uma vez, expôs a sua grande fraqueza: roteiro.

    1. cara eu gosto de legião, mas conheço muito pouco de sua historia(sei sei HEREGIA) a sensação que eu tive foi de que RR era um playboyzinho comunistinha de faculdade muito afrescalhado(o tom de voz do autor gritava “eu queimo a rosca” coisa ao menos eu nunca notei nas gravações que vi de renato russo) e um cara tremendamente pau no cu(sem duplo sentido)

      a impressão que tive foi basicamente

      antes da carreira solo = panaca
      durante a carreira solo = o genio

  3. Linik

    Para mim esse filme é dispensável. Desde Cazuza evito essas pseudo-cinebiografias Brasileiras. Do cinema Brasileiro só se salva Deus e o Diabo na Terra Do Sol,O Auto da Compadecida e Tropa de Elite 2.

  4. Renver

    Obrigado me fez economizar uma grana que podia ser gasto em cerveja.

  5. Paulo Cezar

    Não entendi o que você quiz dizer com “oposto a traidores homônimos a moluscos ou filhos de Francisco que em nada acrescentaram”
    Pode explicar melhor?

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