Vale a pena iluminar de novo: Conan n°1, da Editora Bloch (1976)

Você está visualizando atualmente Vale a pena iluminar de novo: Conan n°1, da Editora Bloch (1976)

rsz_cnb0400101

Isso aí! A partir de agora está aberta a mais nova seção do Iluminerds: Vale a Pena Iluminar de novo, onde faremos resenhas de quadrinhos antigos, alguns tão antigos que talvez você, leitor mais jovem, nem deve conhecer. Aqui, não faremos apenas análises da história, mas também traremos curiosidades da época, como propagandas e possiveis escorregadas da edição. E, para inaugurar, separei o primeiro número da revista mensal do Conan, o Bárbaro, da editoa Bloch, publicado em março de 1976.

Para ser sincero, o que me deu vontade de começar esta nova seção foi o mantra que há anos ouço referente à editora Bloch: “que seu periodo de publicação dos quadrinhos Marvel no Brasil foi vergonhoso”. A Bloch assumiu os quadrinhos Marvel no Brasil à partir de 1975, depois da Casa de Ideias ter saído das mãos da Ebal, ao mesmo tempo que rodava por diversas editoras menores no Brasil (que talvez um dia, explicaremos melhor por aqui), e finalmente chegar à Bloch que, diferente da Ebal, optou por publicar seus quadrinhos mensais à cores, além de publicar uma revista diferente para cada personagem (a Ebal em muitos casos dividia a mesma revista entre dois, três, ou até mais personagens diferentes).

Então, em uma forte campanha, a editora Bloch lançou, além de seus quadrinhos nas bancas, também um clube de leitores chamado “Clube do Bloquinho”. Além disso, o Capitão Aza, personagem de um programa infantil de sucesso da extinta TV Tupi, tornou-se garoto-propaganda das revistas, anunciando-as em seu programa.

Assim, como na época era visto, as edições da Bloch visaram o público infantil, e analisando suas edições hoje em dia, isso é ainda mais visível, por causa do tratamento amador que era dado em suas revistas.

Primeiro, vamos ao primeiro diferencial da Bloch: as cores.

As cores das edições Bloch não eram como as das revistas originais da Marvel, a Bloch simplesmente fazia o que bem entendia, e várias vezes os resultados eram grotescos. Fugindo um pouco da edição, observem este Darth Vader, de outra revista da Bloch:

image.axd

Jesus! Darth Vader ROSA?? Com a cabeça AMARELA??

Mas era isso mesmo, as cores da Bloch eram psicodelia pura, pareciam cores usadas nos quadrinhos europeus do anos 60 (um dia falarei deles aqui, para sair da rotina dos super-heróis) e nesta edição do conan, não eram diferente.

E esse era um grande problema: os desenhos do genial Barry Windsor-Smith acabavam sendo comprometidos nessa carta branca que davam aos coloristas. Por várias vezes, a arte era estragada pelas cores. Eu mesmo não gosto de ver uma história que era originalmente colorida em preto-e-branco, como era o caso da Ebal, mas prefiro isso a ver cores extravagantes arruinando a arte original.

Outro problema sério era a diagramação das páginas (besteira que a Abril, em seus cortes, já fez também, mas isso é história para outro dia) que a Bloch picotava uma página sem dó e depois “emendava” o quadrinho até o rodapé da página, para não sobrar espaço. Em outros casos, ela até trocava as falas dos personagens, veja só o segundo quadrinho:

rsz_img054
Ou o conan fala sozinho, ou ele aqui está relatando o que outra pessoa deveria dizer, não?

Mais um problema: várias histórias publicadas pela Bloch já haviam sido publicadas pela Ebal, assim o leitor já mais experiente ficava apenas com reprises. Conan era uma exceção, pois suas aventuras não haviam sido lançadas na época da Ebal, então ao menos as aventuras do Cimério eram inéditas.

Alias, era Ciméro ou “Cemério”? Porque a bloch “na dúvida” escrevia dos dois jeitos:

rsz_img052

Sim, a gramática passava longe de ser um dos fortes da Bloch, além dos problemas de tradução das histórias originais, como este, observe o segundo quadrinho da página abaixo:

rsz_img053

Nossa, na era hiboriana já se referiam a um sujeito chamando-o de “cara”?? Oh god…

E por aí vai. Até a Sonja não tinha seu nome original, aqui era chamada de “Sônia, a super fêmea”.

rsz_img055

Mas esse nem poderia ser considerado um erro, só curiosidade mesmo. Como um bom exemplo temos a Mulher Maravilha, que em sua primeira aparição no Brasil, nos anos 50, foi batizada como “Super Mulher”.

Enfim, as escorregadas da Bloch não param por aí, existem diversos outros erros em outras edições, que talvez possa escrever por aqui em outra ocasião. O grande problema é que os quadrinhos originais da Bloch, hoje, se tornaram itens bem raros e alavancaram os valores na Internet, que não condizem com a qualidade ruim que as revistas apresentam. Por isso, muitos colecionadores hoje só adquirem revistas da Bloch por afeição ou para simplesmente ter uma coleção completa. Eu mesmo só tenho algumas, de meus personagens favoritos, sendo o Conan um deles.

Nota: 2,5

Administrador Iluminerd

A mais estranha figura nesse grupo: não posta, não participa de podcast, mas foi ele quem uniu todas as pessoas dessa bagaça...

Este post tem 3 comentários

  1. Alexandre Soares

    O pior é que eu adoro a fase da bloch justamente por causa desse tom de gibizão mesmo, quatro cores e tudo meio over. XD

  2. Eu tenho uma edição do Homem-Aranha da Bloch. Por concidência, a história era sobre um caso de assassinato que o Aranha tentava elucidar. A chave para descobrir o assassino era juntar as primeiras letras do calendário, de Julho a Dezembro, que dava JASON D, Jason Dean, o assassino, que por sinal, é meu xará. HHAAHAHAHAA

    No mais, muito bom o post! Parabéns!

Deixe um comentário