Iluminamos: Transmetropolitan – Cidade Solitária

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Bem-vindo ao século 25, tempo em que o maravilhoso sonho de democracia e liberdade chegou ao seu ápice. Em ruas lotadas de carros flutuantes, transeuntes andam com inserções metálicas, pênis nos cotovelos, cinco olhos ou com uma mutação baratinha que adquiriram em um laboratório genético de esquina. Você provavelmente não vai achar o amor da sua vida e pombos nucleares podem te dar câncer com uma boa cagada no seu ombro, mas você não precisa se preocupar com isso em um mundo onde pílulas te impedem de desenvolver boa parte das doenças conhecidas dos séculos XX e XXI. Que mundo maravilhoso, não é mesmo?

transmetro-4Esse é o mundo em que Spider Jerusalem vive. Um jornalista que mistura um pouco de Alan Moore, Grant Morrison e Hunter S. Thompson em sua aparência, personalidade e jeito de ser. Ele odeia basicamente tudo e todos e também odeia você. No quarto volume da série Transmetropolitan, escrita por Warren Ellis e desenhada por Darick Robertson, aprendemos um pouco mais sobre a vida do protagonista. Conduzida com maestria pelo roteiro e arte, a junção das edições 25 à 36 deram ao encadernado a sensação de você estar lendo um livro da série Crônicas do Gelo e Fogo, já que a maioria dos encadernados possui 100 páginas e este possui 292.

Contudo, a Panini teve uma boa sacada (raridade) em juntar os encadernados de Lonely City e Gouge Away. Na primeira metade de Cidade Solitária (nome oficial do volume 4 aqui no brasil), alguns podem chegar até a pensar que estão diante de fillers, histórias fechadas sem ligação com a narrativa central, apenas para ocupar o espaço entre uma saga e outra. Somos apresentados à uma saga curta sobre um escândalo sexual político e logo depois temos uma série de histórias fechadas sobre a sociedade em que Spider relutantemente foi inserido novamente.

E é justamente daí que vem a grande sacada. Publicar somente a primeira parte sobre o escândalo faria deste, possivelmente, o encadernado mais fraco de Transmetropolitan, mas, complementá-lo com a segunda parte, torna-o o melhor. “Como isso é possível?”, vocês podem estar se perguntando. Pois, vou tentar lhe explicar de maneira bem simples.

Tudo que acontece antes das três edições finais do encadernado, que funcionam como preparação para uma grande reviravolta na trama. As edições soltas nada mais são do que um mergulho maior no universo criado por Warren Ellis. A diferença destas histórias para as outras imersões realizadas em encadernados anteriores é que elas servem para mostrar ao leitor que Spider é parte integrante daquele mundo.

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Por ser o protagonista e rechaçar tanto a sociedade, às vezes ele faz nosso papel, como se fôssemos transportados diretamente de 2014 para o século 25 e odiássemos tudo. No entanto, ele fez parte daquilo, cresceu com aquilo e tem extrema repulsa a tudo que o rodeia exatamente por entender tão bem como tudo funciona.

Particularmente me identifico com o personagem principal por dois motivos simples. Número 1: Ele é um jornalista e de fato quer mudar o mundo com isso, independente do que os outros achem disso. Número 2: Ele odeia tudo. Não importa se você é da esquerda, direita, centro ou à favor da enrabação de cachorros. Você fala muita merda e ele não gosta de você

O final é uma espécie de catarse em contraste com o terceiro encadernado. Spider simplesmente percebe que aquela sociedade vai acabar com ele e liga o botão do foda-se de maneira épica.

Se eu fosse você, iria ler agora.

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