Bastava você deixar as unhas grandes quando criança que alguém logo falava – ”Vai cortar essa unha, menino! Tá parecendo o Zé do Caixão”. Eu sempre me perguntei quem era esse tal de Zé do Caixão, até um dia descobrir que ele era um personagem de um renomado diretor brasileiro de filmes no estilo Terror Trash que, nos anos 1980, dominava “as parada”.
Os filmes eram tão trashs que beiravam à comédia (tirando o fato que esses filmes são muito importantes para a cultura brasileira e nosso cinema). Bom, estamos nos anos 2000 e imaginamos que nenhum maluco seria capaz de tentar repetir as bizarrices do cinema brasileiro dos anos 1980, correto? Incorreto… Por dois motivos: 1º Tecnologia; 2º Esse maluco também saca “das parada”, por isso deixa de ser uma bizarrice, e se torna um filme de terror (que vou te falar, hein… mete medo). Esse “maluco” a que me refiro chama-se Rodrigo Aragão.
Rodrigo Aragão é um capixaba, nascido em 1977 e filho de mágico. Sua paixão pelo cinema começou com um clássico que todo nerd que se preze é fã, Star Wars IV – O Império Contra-Ataca. Foi nessa época, então, que começou sua jornada até chegar a ser um diretor de terror.
Rodrigo dirige os filmes de seu QG em Guarapari, onde mora desde moleque e não pense que seu terror é meia-boca. Ele é digno de exportação. Sim, é isso mesmo!!!! Rodrigo Aragão alimenta o mercado estrangeiro com seus filmes. Os orçamentos deles giram em torno de R$ 200 mil e parte desse valor é tirado do bolso do próprio diretor que ganha a vida como Supervisor de Efeitos Especiais.
Nada foi tão rápido assim, foram vários projetos para ganhar experiência e, agora, Rodrigo está comemorando o lançamento de seu novo longa, que inclusive já saiu em blu-ray, Mangue Negro.
Segundo o cineasta, “A iniciativa é nova (salve Mojica)”. Concordo, nós somos doutrinados desde crianças a engolir os enlatados americanos e esquecemos o que há de mais lindo e rico nas nossas próprias terras – temos um povo diversificado, inteligente, competente, com força de vontade, perseverança e, acima de tudo, muito talento. Isso é coisa que dá e sobra aqui no Brasil.
Nós nos alienamos e nos desvalorizamos. Queremos o que vem de fora, o que é importado, não o que é feito aqui com a mão de nossa gente. Aqui, isso acontece com o cinema e é mais ou menos o que acontece com nosso minério, nós o garimpamos, não utilizamos para nada, vendemos a preço de banana, outros países (lê-se EUA) fazem o que tem de fazer com o minério e nos vendem mais caro, ou seja, só damos valor quando vem de fora.
Luz… Câmera… Acorda, Porra!
Filmografia de Rodrigo Aragão:
2008 – Mangue Negro
2011 – Noite do Chupacabras
2013 – Mar negro
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Post enviado pelo João Vitor, nosso garimpeiro oficial de produções audiovisuais. Não percam suas contribuições sempre aqui no Iluminerds!
é cara, é mais u menos isso, como a maioria dos brasileiros pensam, só presta o que vem de fora, e a verdade é que isso não vai mudar tão cedo, e se mudar algum dia! Vamos ver a pegada desses filmes se são como as da época do zé caixão que como o post diz, chegavam a ser engraçados. Mas os que eu assisti, até gostava! valeu
Pelo
amor de Deus, chamem Rodrigo Aragão para um podcast, acho que a podosfera
poderia apoiar esse tipo de iniciativa que não fica só na web e nos livros. Já
cansei de mandar e-mail para podcast de cinema, mas parece que o povo não tá
muito ai pra isso, nem posso dizer se tentaram ou não entrar em contato com
ele, mas ficou na promessa. A única referência de podcast que ouvi foi no sabe
nada 17, onde o Daniel HDR recomendou Mangue Negro!
Fica aqui o meu apelo!