TOP X: Os 14 nomes de discos mais f*derosos da história, Parte II

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10) Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not* – Arctic Monkeys

Um nome audacioso (e um tanto quanto arrogante), mas que diz a que veio. Bem mais interessante do que a costumeira despretensão altamente pretensiosa das demais bandas indies. Pasmem, senhores, falei tanto de títulos que atiçam nossa vontade de comprar coisas e esse foi justamente o caso. Só se falava nele na época de seu lançamento e acabei comprando o CD (o último que comprei na vida) só porque o nome não me saía da cabeça. E ainda paguei caro, R$ 31 na Fnac aqui do Rio, lembro até hoje. Doeu no bolso e fiquei por anos com essa ideia fixa que tinha acabado de fazer uma grande burrada (eu adoro o disco, mas podia ter esperado e baixado na Internet discada mesmo). Pelo menos, no último trabalho, eles voltaram a me impressionar com um nome para ninguém botar defeito: Suck it and See (Chupe e Veja).

*O que quer que digam que sou, é isso que não sou

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 9) Killing is My Business…And Business is good – Megadeth

Isso é ser Badass! O Badass dos Badasses! Sem apelar pro capeta, sem dizer que é o Pika das Galáxias, o Megadeth bota o pau na mesa e mostra a que veio, Hardcore na veia. É isso que chamo de cartão de visitas! Em termos musicais, o álbum não lambe as botas do Rust in Peace, que merece uma resenha futura (assim como honras militares, com desfile em carro aberto), mas pesando só o nome ele inicia muito bem a “Trilogia das Reticências” (aquele símbolo ortográfico que tem mais pontos que o Vasco). Aliás, os outros dois não ficam atrás e merecem figurar nessa lista também: Peace Sells…but Who’s Buying?, So Far, So Good…So What!

Dave Mustaine pode ser um grande babaca (a última dele foi arrumar treta com o Obama, dizendo que os recentes atentados e massacres dos EUA foram armados pelo presidente para ele poder criar leis de controle de armas e desarmamento), mas realmente a única coisa que ele faz bem na vida é tocar guitarra, escrever músicas e humilhar o Metallica. Fora essas três citadas acima, é dele também a pérola Youthanasia.

8) Herzeleid e Sehnsucht – Rammstein

Não podia deixar de por minha banda favorita nessa listagem! Particularmente, nunca entendi essa coisa propagada pela mídia e por certos escolásticos de não existir em outras línguas nenhuma palavra equivalente a nossa “saudade” (talvez o Dr. House possa esclarecer isso). O argumento é que missing e longing, do inglês, entre outros termos, estariam mais ligadas a (sentir) falta, nostalgia e ânsia e nada se compararia a expressividade única de saudade. Me perdoem a falta de sensibilidade, mas eu nunca engoli isso e sempre achei um ufanismo barato (e olha que eu sou o rei do ufanismo).

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Em seus dois primeiros álbuns, que vejo como continuações, o Rammstein soube capturar como ninguém a ideia de dor, coração partido, ou da completa desolação, seja ela amorosa – como deve ser a interpretação mais óbvia – ou com a vida – o que seria transformada numa nostalgia dolorosa, numa saudade de um tempo que não volta. Até na ordem de lançamento seria possível ver essa minha interpretação (não tão) viajante. Primeiro vem a Dor do/no Coração (Herzeleid) – a desilusão – e depois a Saudade (Sehnsucht), saudade dessa dor que a gente não soube aproveitar, que a gente não deu valor na época (e não era nada comparada as agruras do presente). Afinal, só é preciso ter amado para sofrer (novamente, não apenas num sentido de amor romântico).

7) Seasons in the Abyss – Slayer

 Ah Ha, pensaram que eu fosse novamente babar-ovo do God Hates Us All como fiz naquele Iluminamos?! Embora eu já tenha explicado e reexplicado o quanto esse título é foda (com o perdão da expressão), creio que colocá-lo nessa listagem denotaria certa parcialidade de minha parte – embora boa parte dessa lista seja feita com base em coisas que já ouvi e gosto. Desta vez, usarei o grau de fodabilidade de God Hates Us All para fortalecer a escolha de outro magnífico representante para nossa seleção.

Todo mundo conhece a expressão “quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”, creditada ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Embora não tenha encontrado nenhuma ligação oficial entre as premissas, não vejo porque não supor que o abismo do Slayer seja esse da metáfora nietzscheana. Numa apropriação pessoal/autoajuda/mequetrefe (ainda não li o livro), não é difícil ver como a expressão fala que ao olhar (nos voltarmos) para todo mal, injustiça, crueldade, desigualdade que vemos no mundo (que é composto por humanos, nós mesmo, ou seja, é o nosso mal, é a nossa injustiça, é a nossa desigualdade) não devemos tomar aquilo como nossa única verdade e nossa única opção. Sendo assim, temos duas etapas de autorrealização: a primeira é não sermos hipócritas e não admitirmos que tudo que tá errado no mundo também é nossa culpa e que carregamos a mesma parcela de maldade, dor, crueldade que qualquer outra pessoa (seja Madre Tereza de Calcutá/Gandhi ou o Bandido da Luz Vermelha/Casal Nardoni etc.). E a segunda simplesmente é não se deixar enlouquecer por essa reflexão!

Daí vem a virada conceitual e a beleza caótica, mórbida e pervertida (twisted) de “Temporadas no Abismo”, o conceito do álbum seria justamente o resultado da exposição prolongada (temporadas, estações) a toda a essa sujeira do humano. Profundo, não? Tenta dormir com esse barulho!

Nessa minha interpretação louca, essa seria a vantagem de “Seasons…” em  relação a God Hates Us All, pelo menos como alegoria, enquanto um trata de um tema até meio batido, o temor religioso e a figura do Deus da Ira, colocando em xeque nossa relação com as divindades ao inverter a premissa teísta do Deus do Amor (essa sim uma grande sacada), a outra elimina direto o elemento externo e parte para toda a bosta negatividade acumulada na nossa natureza (mas que não necessariamente a define). Ou seja, ao invés de dizer o lugar comum, “o mundo tá uma merda porque essas pessoas acreditam em Deus e morrem e se matam em nome de Deus”, ele diz “acreditar é da natureza humana, matar uns aos outros também. Quem não acredita em Deus, mata porque acredita em qualquer outra coisa ou em nada. Nós sempre seremos assim e talvez nunca mudemos. Mas não é por isso que preciso seguir tudo o que minha natureza manda”.

6) Hosannas from the Basements of Hell – Killing Joke

Apesar do título extremamente “blasfêmico”, a banda não está ligada musicalmente a cena Black Metal. O som do Killing Joke está muito acima disso! A crítica os caracteriza como industrial metal/rock e de fato eles tem mais do que uma quedinha pelo eletrônico e o som pesado e experimental possuía uma riqueza que flerta tanto com o jazz quanto com o progressivo. Embora boa parte das letras esteja inserida nesse imaginário antirreligioso, ateu etc., eles não entram nessa papagaiada de paganismo, satanismo etc. Independente disso, essa é outra puta alegoria (embora paradoxal). Imaginem só: uma exclamação de catarse – e fervor – religiosa (quem não se lembra do “hosannas nas alturas”?) vinda diretamente  dos “porões do inferno”. O único detalhe é que a expressão não tem originalmente um cunho satânico. As hosannas seriam uma referência às próprias canções do álbum, que foi pensado para ser bem cru, uma “produção espontânea de pura catarse”. E os porões do inferno são uma alusão quase direta ao estúdio em que o disco foi gravado, localizado nos porões de um antigo edifício na República Tcheca.

Killing Joke - Hosannas From The Basements Of Hell - Back

Zé Messias

Jornalista não praticante, projeto de professor universitário, fraude e nerd em tempo integral cash advance online.

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