Nerdtalgia – The Chronicles of Riddick: Escape From Butcher Bay

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Estava eu remexendo nas minhas tralhas e games velhos, quando encontrei um jogo para PC, relativamente bem guardado, que eu mal joguei à época em que comprei: The Chronicles of Riddick – Escape From Butcher Bay. O jogo é um spinoff da trilogia de aventuras do anti-herói Riddick, que começou com o filme Eclipse Mortal, lançado em 2000, e que nos conta, no melhor estilo thriller/ficção científica, as desventuras de um cargueiro espacial que acaba caindo num planeta misteriosamente abandonado. A película nos apresenta, em grande estilo, seu protagonista, um condenado misterioso chamado simplesmente de Riddick (Vin Diesel), que também estava sendo levado às autoridades por um caçador de recompensas.

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Esta é a trilogia Riddick, finalizada ano passado (2013) com o filme Riddick. O protagonista é cínico, convencido, desiludido e enfiado num mundo de alienígenas.

Pra quem não conhece, Riddick é um marginal sui generis: tem habilidades sensoriais acima do normal (quase um predador), com olfato e audição de maior alcance que o humano; ainda por cima enxerga no escuro: seus olhos têm um “brilho” (que ele diz ter “conseguido” na cadeia, em troca de 20 cigarros mentol), que permitem a ele enxergar com a total ausência de luz. Aliás, seu dom também é sua fraqueza: ele é extremamente sensível à luz diurna, necessitando estar sempre de óculos exageradamente escuros, e milimetricamente ajustados ao seu rosto. Fora isso tudo, ele aparenta ter reflexos e força sobre-humanas. No primeiro filme (Eclipse Mortal), o maluco conseguiu, sozinho, encarar 3 predadores alienígenas ao mesmo tempo, para proteger o pessoal do cargueiro.

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“NÃO ME CURVO PARA NINGUÉM” – Um bom resumo do que é o protagonista.

Mais que um spinoff, Escape From Butcher Bay é uma retcon: sua narrativa ocorre antes de Eclipse Mortal, e nos mostra como Riddick ganhou sua notoriedade como um misterioso e mortal assassino que, vez por outra, tem umas recaídas de compaixão (contra as quais ele mesmo luta). O jogo nos mostra a história desse mortal protagonista, e as aventuras em que ele toma parte, para fugir de uma penitenciária espacial de segurança máxima: Butcher Bay.

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Lançado em 2004, para PCs e Xbox, Escape From Butcher Bay é um jogo em 1ª pessoa, que captura elementos de games notórios da época, como Far Cry, Second Life e mesmo Splinter Cell. É ao mesmo tempo um jogo stealth, e de matança desbragada, cabendo a você a tarefa de escolher a melhor forma de abordar seus inimigos. O jogo é lindo, e 10 anos depois, em 2014, ainda continua sendo um grande jogo.

Graficamente, foi usado o que de melhor havia na época em mapeamento de texturas. Seus gráficos são impecáveis, e mesmo para os padrões atuais, apresentam pouquíssimas falhas, como em alguns cenários e corredores, cuja textura das paredes parece ter sido nitidamente feita em blocos ou padrões de texturas (pedra ou metal velho) que foram justapostos e repetidos de forma tal que a repetição de padrões ficou claramente perceptível. A iluminação é fantástica, mesmo pros padrões atuais. O feixe de luz da lanterna de sua arma se molda ao cenário de maneira bem realística. Além disso, o jogador tem a opção de usar a “visão noturna” de Riddick (basta apagar todas as luzes do ambiente) e atacar furtivamente. Ah, e tome cuidado com as lanternas das armas dos inimigos: enquanto estiver usando o modo “visão noturna”, você será dolorosamente ofuscado por elas (é verdade, o grau do branco que aparece na tela realmente me doía os olhos). O modo “visão noturna”, aliás, é muito maneiro: toda a paleta de cores é drasticamente alterada, você passa a ver em tons de violeta/roxo, havendo, ao mesmo tempo, uma leve deformação dos cenários. Tudo isso, junto, dá uma ideia de imersão sem igual.

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O protagonista parece real. Ao olhar pra baixo, você nota as pernas de Riddick se mexendo e em contato com o chão, e a sua sombra é projetada contra o cenário, com o ângulo mudando de acordo com a incidência da iluminação. Ao contrário de inúmeros jogos em 1ª pessoa da época (e mesmo nos dias de hoje), eu não me senti como se estivesse controlando uma câmera flutuante pelo cenário. A captura de movimentos de Vin Diesel é realista, para os padrões da época, assim como sua atuação vocal (o ator participou ativamente do desenvolvimento do jogo). Aliás, os efeitos sonoros são incríveis, com ressalva para alguns efeitos incidentais mais comuns, como barulhos de sapatos arrastando no chão (bastante irrealistas), e de passagem de uma arma para outra (os efeitos são repetitivos).

A jogabilidade, de maneira geral, é bastante interessante. As armas têm peso e você sente o tranco ao atirar com elas. Meu único porém é com o sistema de mira, principalmente da metralhadora e da pistola: é muito, mas muito difícil conseguir acertar alguém com um tiro na cabeça – quase impossível. Mesmo com todas as condições favoráveis, e abordando o inimigo de maneira furtiva, corre o risco de você atirar na direção da cabeça e, mesmo assim, o indivíduo se abaixar e atirar de volta. Atirar à queima-roupa é temerário. Os inimigos são inteligentes e, muitas vezes, conseguem se desviar dos tiros de maneira quase inacreditável. A solução pra isso acaba sendo mirar na cintura ou abdômen, já que, de maneira geral, mesmo quando se abaixam, acabam ficando na linha de tiro. O porém dessa tática é que tiros nessa região do corpo dificilmente são mortais, permitindo uma sobrevida maior dos inimigos e consequente contra-ataque; por tabela, você acaba gastando mais munição.

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Guarda tomando facada sem saber de onde veio em 3… 2… 1…

Aliás, a inteligência artificial desse jogo é inusitadamente boa. Durante as trocas de tiro, os inimigos se desviam de um lado pra outro, buscam proteção e atiram de lugares seguros, em vez de simplesmente correrem, como guerreiros kamikazes, na sua direção. Os inimigos têm vários padrões de patrulha: se você está furtivo, eles patrulham de um jeito. Se por acaso você for descoberto, os inimigos entrarão num modo de patrulha frenético e diferenciado. Além disso, muitos soldados, ao desconfiarem do seu paradeiro, ficam te provocando, gritando pra você sair e ir de encontro a eles, enquanto armam estratagemas de emboscada. Por outro lado, se você estiver em algum momento “sou-um-bom-presidiário”, os guardas não te atacarão gratuitamente. Alguns deles te saudarão, caso você puxe assunto com eles; outros te alertarão, enquanto certos guardas, mais nervosinhos, baixarão a porrada com seus rifles, caso você chegue perigosamente perto.

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Esse guarda aí é especialmente amistoso. Fica cantarolando uma musiquinha, todo de boa.

Portanto, se alguém achar esse jogo ainda por aí, pode adquirir, pois vale muito a pena, tanto pra quem é fã da trilogia e do personagem, quanto pra quem não é. O jogo é diversão pura, e tem uma narrativa em si, independendo do conhecimento prévio dos filmes pra se fazer entender. Claro que, se contraposto aos filmes, ajuda a entender melhor o personagem e a história toda, de um modo geral; mas o desconhecimento não prejudica em nada. Infelizmente, o game só peca pelo tamanho: é muito curto, e, apesar de ter várias missões secundárias, pode ser totalmente finalizado em mais ou menos 20 horas. Mesmo assim, vale a pena. É um grande jogo velho.

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

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