Já faz algumas semanas, uma entrevista na TV me chamou atenção. Ainda assim, esperava que não houvesse repercussão, por motivos que explicarei mais a frente. Como minha suspeita se confirmou, tentarei escrever sobre o assunto, da forma mais concisa possível.

Falo da entrevista que o humorista Evandro Santo, o Cristian Pior, do Pânico, concedeu ao Danilo Gentili, no Agora é Tarde. Talento e piadas à parte, um trecho da entrevista mereceu maior destaque.

Em certo momento Evandro disse que a “teoria” do “o mundo é gay” era uma bobagem, que acredita em “ex-gay” e que homossexuais também tentam “converter” héteros.

E então? Vamos ao Baile dos Enxutos? E não estou falando do site.

Bom, eu nem acho o assunto tão delicado assim. Mas esse é o MEU pensamento. Grande parte da humanidade tem mostrado o contrário. Então, antes de prosseguir, preciso esclarecer DOIS itens fundamentais:

1 – Não quero, não vou atacar homossexuais e nem me divirto fazendo isso.

2 – Não quero, não vou atacar religiosos (muito pela parte cristã) nem me divirto fazendo isso.

Sendo assim, confesso: achei sensacional a postura do Evandro. Diria até corajosa. O entrevistado preferiu falar do lado dele, do campo em que, se não é um mestre, pelo menos tem a vivência. Optou por não ser mais um a surfar na onda do “não me representa” e atacar cristãos. Simples e limpo. Afinal, não se filosofa que, se queremos consertar o mundo precisamos consertar a si próprio?

Talvez alguém pense que as declarações de Santo farão o lado LGBT “ceder terreno” nessa batalha. Não creio. O humorista atingiu um ponto que boa parte de ambos os lados, LGBT e religiosos, não parecem fazer questão de atingir: o senso comum, o acordo.

Quando se defende uma ideia, filosofia ou crença, decerto será preciso argumentar com quem pensa diferente, o mínimo que seja. Talvez você o convença, talvez seja convencido… ou então será necessário chegar a um ponto em comum, pelo bem da boa convivência.

Não é o que se tem visto por aí, pelo menos nas redes sociais e imprensa. Sejam em períodos com mais ou menos polêmicas, a tentativa de ganhar terreno e provar qual argumento vencerá chegou até mesmo aos meandros políticos, ocultando fatos que talvez que nos ajudassem a discernir e entender melhor quem é quem neste “duelo”.

Depois de achar essa imagem não tenho motivos para postar mais nenhuma.

É possível listar tranquilamente alguns “pecados”, de ambos os lados, mas não é a intenção deste texto. Pelo menos não dessa vez. Em vez disso, se as declarações de Santo não foram capazes de criar uma única manifestação nas redes sociais (lugar onde grande parte das manifestações costuma surgir), seja de apoio ou repúdio, então seria melhor começarmos a nos questionar se isso seria um sinal de que ainda é possível imaginar uma sociedade mais harmônica ou se apenas a caravana não foi barulhenta e agressiva o bastante para que os cães começassem a ladrar.