Revista # 4 – Uma noite no Vivo Open Air: Pulp Fiction, pizza quadrada e Legião Urbana

Você está visualizando atualmente Revista # 4 – Uma noite no Vivo Open Air: Pulp Fiction, pizza quadrada e Legião Urbana

 

Fui ao Jockey, sentei na arquibancada e torci, mas não vi páreo algum, nem apostei nos cavalos. Ainda assim, com certeza a noite foi uma barbada. Nada como ver um bom filme com sua garota e o vento batendo no rosto, sabendo que a noite estava apenas começando…

É, principalmente, o que o Open Air te proporciona: sair do lugar-comum, e se divertir no processo. Foi assim no sábado retrasado. Às portas do horário de verão, que roubou-nos uma hora de sono, e com um número apenas razoável de lugares ocupados, começava o curta-metragem que precedia o clássico da noite.

Exibido este ano na Semana da Crítica, paralela à competição oficial em Cannes, O Duplo, de Juliana Rojas, observa o degringolar da sanidade de uma professora primária que se vê tendo de conviver com uma criatura que assume sua forma, representando seu lado negativo.

Com requinte plástico e sonorização intencionalmente incômoda, num primeiro momento o longa evoca os atuais filmes de terror pseudo-psicológico e por fim desemboca em David Lynch de Mulholland Drive/Cidade dos Sonhos, na simpatia pela estranheza. O Duplo é inspirado no mito nórdico do Doppelgänger.

Passou rápido,  contudo, quando notei, já estávamos – eu e todo mundo –, repetindo os diálogos da abertura de Pulp Fiction, aqueles que te levam ao letreiro enorme com o nome do filme e a bombástica surf music de Dick Dale e seu Misirlou.

Aliás, dublaríamos todos os diálogos, não fosse a síndrome de Festival do Rio que parecia se insinuar na sessão: legendas eletrônicas projetadas num retângulo abaixo da tela piscavam e sumiam a todo momento.

Não fôssemos civilizados (leia-se o filme na ponta da língua), xingaríamos e nos levantaríamos, impacientes (nada diferente dos apostadores que sentam-se nos mesmos lugares durante a semana…), enquanto homens de preto tentavam apertar a rebimboca da parafuseta do projetor que teimava sempre, apagando e apagando…

Graças à chuva, no entanto, tudo terminou bem. Creio que temerosos do estrago final pela chuva quedante no equipamento caro e defeituoso que tinham em mãos, a equipe do evento tratou de substituir o aparelho projetor de legendas eletrônicas ao vivo. De modo que, umas piscadelas depois, e umas configurações rápidas em softwares desconhecidos (espero que) não rodados em Windows na sequência, as legendas deram o ar da graça novamente e, embora vacilantes, não nos abandonaram jamais.

Após Samuel L. Jackson e John Travolta guardarem os canhões nas samba-canções, tratamos de forrar o estômago, pois a pipoca 0800 há muito havia acabado. E como pizza quadrada romana sempre é uma opção, ainda que sazonal e situacionista, caímos dentro.

A música já arranhava nossos ouvidos com rock semi-desconhecido, dando sinal verde para circularmos pela área toda. Estandes de patrocinadores, venda de chinelas, de doces (os legalizados de açúcar!), bombons para quem acertasse duas músicas de filmes (de três) no espaço de uma rádio, cachorro-quente e um apetitoso (e cheio) pebolim digital (meio que um filho bastardo do Pong com Super Futebol do Mega Drive).

Já era tarde e estávamos nos preparando para sair daquela muvuca quando a pista principal esplendorosamente começou um set com Los Hermanos, Ska, do Paralamas e… Legião Urbana! Ai, ai, ai… Com tantas noites no ano, por que nos roubar 1 hora de um sábado, Sr. Horário de Verão?

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 3 comentários

Deixe um comentário