Revista # 5 – Filha, Mãe, Avó e Puta

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Não se trata das três bruxas da Vertigo, é bom não confundir. Gabriela Leite é uma só. Mas o que fez a torna muitas, uma categoria inteira, embora ela se defina numa única palavra: Prostituta.

Ela gosta do que faz, e do alto de sua experiência, oferece sua visão sem julgamentos pré-moldados sobre a profissão, sobre a sexualidade, sobre o enigma que move homens até ela.

Moviam. Ela parou. Como Bruna Surfistinha, se aposentou. Seguiu por outro caminho, todavia, fundando a ONG Davida, em defesa dos direitos das profissionais do sexo. Aliás, ela prefere o nome prostitutas. Crê que define melhor, mais objetivamente.

Numa peça conduzida como uma entrevista a um jornalista com os trejeitos de William Bonner – voz firme, tom coloquial, espontaneidade, tiradas e um característico jeito de olhar e falar para a câmera (no caso, a platéia), Alexia Deschamps incorpora uma ativista corajosa e prática, com uma ternura contida que deixa escapar para os espectadores nos momentos em que é dominada pelas revelações de sua memória afetiva, pelas confissões.

Engajada, Gabriela Leite, interpretada por Alexia, responde às perguntas do entrevistador sobre projetos vitoriosos da ONG, como a Daspu (grife cujo nome alude à boutique paulista Daslu), cujas peças são desenhadas e confeccionadas pelas prostitutas, e sobre arrependimentos, sonhos, amores e paixões, numa conversa em que nossos preconceitos e idéias chocam-se com a leveza e a integridade de uma pessoa/personagem definitivamente livre, que empenhou-se em transformar o modo como sua profissão é vista pela sociedade, incluindo as próprias prostitutas.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem um comentário

  1. Mariana Costa

    Acho o trabalho dela com a ONG sensacional, principalmente porque ela transformou a Daspu em uma marca firme, conhecida e com um conceito muito além da moda.
    Uma das poucas mulheres da atualidade que trabalharam na “profissão mais antiga do mundo” e sem medo de falar quem ela é e o que ela faz.

    Parabéns pelo post, Rodrigo!

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