Top X – Minhas 10 piores músicas dos Beatles.

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Aproveitando o anúncio do lançamento do livro Here, There and Everywhere – Minha Vida Gravando os Beatles, de nosso colaborador Alê Pardini (o post está aqui) resolvi lançar mais um Top X, dessa vez tratando de músicas dos Beatles. Sendo um Beatlemaníaco inveterado, ficou muito difícil escolher só as 10 melhores músicas de um universo de centenas de composições maravilhosas. Na verdade, me soava injusto pra cacete escolher 10 e deixar outras várias de fora. E, como me é muito, mas muito mais fácil, enumerar as ruins (dá pra contar nos dedos), eis elas:

10 – Tomorrow Never Knows

TX -Tomorrow Never Knows

Uma das primeiras tentativas experimentais de John Lennon. Como tal, só é válida pela iniciativa. Lançada no Álbum Revolver, de 1966, a música tem melodia repetitiva e sem sentido, escorada em 2 ou 3 acordes, com uma letra que tenta descrever uma viagem transcendental, ou, em interpretação alternativa, uma dose generosa de LSD. Só se salvam os arranjos gravados em sintetizador e tocados de trás pra frente ao longo de toda a música, que criam um clima etéreo e indescritível.

9 – You Like Me Too Much

TX - You Like Me Too Much
Composição de George Harrison, foi lançada no Álbum Help! de 1965. Canção monótona e infantil, com letra mais simplória que as já usuais simples canções de amor da dupla Lennon-McCartney, a música só vale para mostrar a imaturidade criativa e vocal de Harrison, e sua evolução assombrosa como compositor. Ao contrário de Lennon e McCartney, que demonstraram qualidade ascendente e constante ao longo de toda a obra, Harrison teve um salto de qualidade quase grotesco, quando comparamos You Like Me Too Much com canções como Something, Here Comes The Sun, e toda sua obra pós-Beatles.

8 – Why Don’t We Do It On The Road?

TX - Why Dont We Do It On The Road

Paul McCartney é meu ídolo total no mundo da música. Dito isto, tenho que reforçar que Why Don’t We Do It On The Road é maçante pra cacete. Embalado pelo clima de experimentalismo e transcendentalismo provocados por John Lennon e George Harrison, Paul McCartney, pra não ficar pra trás, resolveu ser também um menino “taradinho” e levado. Não funcionou. Tentando fugir do seu comum, compôs uma canção torta e bate-estacas: a música é artificialmente sexualizada, numa conotação rasteira que se resume ao seu título, que é repetido como letra, à exaustão, pela música inteira, numa levada de blues de laboratório.

7 – Honey Don’t

TX-Honey Dont

Lançada em single e também encartada no Álbum Beatles For Sale, de 1964 (que tem um belo acabamento, aliás), a música é um cover de Carl Perkins, gravado por Ringo Starr. Péssima interpretação, que não acrescenta nada de novo. Arranjo repetitivo, guitarra inexpressiva do sempre competente George Harrison, e ainda traz a voz de taquara requengela do baterista: inconsistente, que falha miseravelmente no refrão, deixando passar uma ligeira rouquidão, de voz pequena que não chega à altura certa mesmo em notas básicas.

6 – Octopus´s Garden

TX - Octopuss Garden

De novo, Ringo Starr. Cara, não sei o que dava na cabeça do Paul McCartney, mas ele cismou que Ringo cantava, e nos forçou a ouvir pérolas como a nota final de Starr em With a Little Help From My Friends (o cara quase estoura os pulmões e a garganta pra dar aquele fechamento da música), inúmeros covers e esta maravilha da criatividade infanto-juvenil, que é Octopus’s Garden. Canção tola, lançada no disco Abbey Road, em 1969. Conta das belezas de se desfrutar das diversões no fundo do mar, e mais parece canção rejeitada de filme da Disney; a música é idiota em vários sentidos: arranjos xumbregas, com os outros 3 beatles fazendo um corinho em falsete antologicamente bobo ao fundo, efeitos “submarinos” completamente irritantes, que se intercalam no solo instrumental no meio da música.

5 – Run For Your Life

TX - Run For Your Life

Lançada em 1965, no Álbum Rubber Soul, a música é tão ruim que foi execrada pelo próprio compositor. Em entrevista de 1973, Lennon disse que preferia não ter composto Run For Your Life, inclusive, deixou claro que se arrependia amargamente de ter publicado tal música, apesar de George Harrison ter declarado que aquela era uma de suas canções favoritas do disco. Os arranjos são péssimos; a guitarra principal aparenta estar desafinada e tem um solo sem criatividade alguma. O beatle disse ter se inspirado em uma música de Elvis Presley, mas acabou criando algo que refletia um período pessoal de misoginia. O mesmo tema seria revisitado por Lennon muito mais tarde, na linda Jealous Guy.

4 – Wild Honey Pie

TX - Wild Honey Pie
Foi publicada no Álbum Branco, de 1968. Uma das raras músicas do Paul McCartney que odeio com todo o meu coração. Como Lennon e Harrison (mas principalmente Lennon, em função de seu relacionamento com Yoko Ono) entraram em fases experimentais, tentando esticar as fronteiras da composição musical, McCartney, em sua eterna competição com Lennon, resolveu responder com a sua “experimental” Wild Honey Pie, que é uma miscelânea caótica e gratuita, sem nenhuma ideia central e falha de motivação. Não tem letras, mas também não tem intuito. Daí se percebe a capacidade “experimental” do sempre comercial (e genial e maravilhoso) Paul McCartney: uma capacidade extrema, que dura exatamente 53 segundos.

3 – Yellow Submarine

TX - Yellow Submarine

Publicada em single e em disco homônimo, de 1968, a canção tornou-se icônica: passou a ser uma das principais identidades visuais dos Beatles, além de servir de pretexto para a criação do primeiro e único longa-metragem animado do grupo. Ao contrário das minhas menções anteriores, dessa vez Ringo Starr não estraga a música com sua interpretação. Conhecedor das inúmeras e imensas limitações vocais de Ringo, Paul McCartney compôs uma canção tão simples e low profile que permitiu até a Ringo Starr um interpretação fácil. A música tem um refrão-chiclete fácil e contagiante. Por isso mesmo, permanece ainda como uma das mais populares da banda, com uma levada infantil, porém indefectivelmente original. Meu problema com essa música é mais pessoal que outra coisa: ela me é extremamente repetitiva. Praticamente se remete ao refrão e à linha melódica inicial, que são repetidos ad nauseam.

2 – Long, Long, Long.

TX - Long Long Long

A única ressalva a essa música de George Harrison é que no mesmo disco (o duplo Álbum Branco), o cara mandou nada mais nada menos que While My Guitar Gently Weeps, uma das composições mais lindas não só do álbum duplo inteiro quanto da própria carreira do “beatle calado”. Long, Long, Long é isso mesmo que o título diz: longa, longa, longa. Tediosa. Gravada num volume mais baixo que as outras canções do disco, com os vocais de Harrison tênues e o arranjo quase sumido, de tão baixo. É uma música que não diz a que veio e se arrasta.

1 – Revolution #9

TX - Revolution 9

Iniciativa experimental controvertida e polêmica de John Lennon, esta faixa 1 do lado B do segundo disco do Álbum Branco causa reações inusitadas. Vários críticos exaltam o caráter efetivamente experimental da canção, que contou com efeitos sonoros de fitas em loop, música reversa, e ainda técnicas de pane no estéreo e fading. Demonstra a crescente influência da música moderna de compositores como John Cage e, ainda, a perceptível influência conceitual vanguardista que Yoko Ono começava a empreender junto a Lennon. Paul McCartney e George Harrison tentaram de todos os modos não incluí-la no Álbum Branco e perderam, no jogo de forças, para John Lennon e o erudito engenheiro e produtor do grupo, George Martin. A “música” é um caos de microfonia, cacos, sons cotidianos como sirenes, com a expressão “number nine… Number nine…” sendo reproduzida, em loop, durante todos os seus 8 minutos de duração. A “canção” também apresenta trechos de composições de Beethoven, Schumann e da música A Day in The Life, dos próprios Beatles.
Por mais que eu respeite o caráter experimental e efetivamente influente que esta composição veio a ter na cultura pop de maneira geral (Charles Manson, o psicopata assassino da atriz Sharon Tate, entendeu esta composição e Helter Skelter de McCartney como mensagens divinas e apocalípticas), não há estômago que me faça ouvir novamente a mais longa ladainha que os Beatles já produziram em sua história.

Até mais, pessoal!

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 22 comentários

  1. Ale Pardini

    …muuuuito bom, rsrs, concordo 99,9% kkkkkk, apenas um detalhe, a primeira composição de george Harisson a aparecer em disco, dos Beatles, foi “don’t bother me” que foi lançado no disco “with the Beatles” o segundo da discografia oficial inglesa, saiu em 23/11/1963, o help, eh a trilha sonora do segundo filme dos Beatles, homônimo ao disco, lançado em meados de 1965, na discografia oficial inglesa, eh o quinto, forte abraço!!!!

    1. Você tem razão total! Erro meu! Me esqueci da Don’t Bother Me! Já retifiquei o post e tirei a informação equivocada. Obrigado pela lembrança! De qualquer jeito, isso só reitera a irregularidade artística do George Harrison, já que Don’t Bother Me é razoável, mas You Like Me Too Much, posterior, é de doer…. Ninguém imaginaria que esse cara comporia coisas tão lindas depois.

      Abração!

  2. JJota

    Poxa, eu gosto de Yellow Submarine tanto quanto odeio a “versão” que o Mulheres Negras fez pra ela…

        1. Harvey_o_Adevogado

          para mim, de amarelo, só tem o terno do figura. Yellow Submarine é legal. Aliás, adoro os “Beagles”! Tenho todas as músicas no pendrive do carro.

    1. Concordo em gênero, número e grau. Acho que o Lennon se perdeu, depois que acabou a fase experimentalista dele (que já não era lá essas coisas). Continuou sendo um grande ativista, mas um artista menor… Já o McCartney, virou um mega artista e um inútil político… HAHAHHAH Mas dane-se. Ninguém faz músicas tão bem quanto o Genio McCartney…

      1. $9217641

        Acho que eles eram uma dupla que se completavam. Um era disciplinado enquanto que o outro era rebelde. Mas depois da separação se ouviu que McCartney é melhor que Lennon.

        1. Pois é, cara. Tem outra coisa: a dupla nunca iria durar muito tempo mesmo… McCartey, ao mesmo tempo em que é muito disciplinado, é dominador, coisa a que Lennon sempre foi avesso. Parece que houve brigas homéricas entre eles…. Harrison ficava puto porque era obrigado a trabalhar por horas nas trocentas músicas que Lennon-McCartney faziam e, quando era a vez de se dedicarem às músicas dele, o povo fazia tudo meio de qualquer jeito… Devia ser uma convivência difícil.

          McCartney é muito mais completo, musicalmente falando, que Lennon… Quando John Lennon saiu da fase experimental/revolta, e do auto-exílio por conta do nascimento do filho com a Yoko, lançou o LP Double Fantasy, que trazia coisas extremamente convencionais (e olha que é um dos melhores albuns dele)… McCartney, por outro lado, já flertou com todos os gêneros: compôs música clássica e fez até discos com músicas eletrônicas, estilo house e tudo mais…

  3. MaxRicardi

    cara, muito bem. essas músicas são muito merdas mesmo

    1. Com certeza. Dessas 10, só umas 4 eu me dei chance de ouvir mais vezes: Tomorrow never Knows (achei que eu que tava sendo burro, e ouvindo de maneira errada), Why Don’t We Do It In The Road (queria entender qual era a da música), Long, Long, Long (cheguei a regravá-la em outra mídia, mais alta, pra tentar descobrir quem era ruim: a música ou meu ouvido) e Yellow Submarine (Essa música é igual a um parasita chato, fica grudada em todas as coletâneas existentes dos Beatles, e ainda foi lançada em vários álbuns oficiais, acaba sendo imposível não ouvi-la mais de uma vez).

  4. Ânderson do Molejo

    Quando comecei a ler, só pensei “tomara tenha a ‘Revolution 9’ e a ‘Wild Honey Pie’, pelo amor de Deus”! Que bom que tinha! Bela lista!

    E só pra constar: no Live at the BBC tem uma versão da “Honey Don’t” que quem canta é o John – o que torna a música bem menos desagradável.

    1. Eu ouvi essa versão do Honey Don’t. Mesmo ruim, tem um vocal passional do John que dá de 10 a 0 em qualquer coisa que o Ringo tenha feito a vida inteira….

      Obrigado! Não sabia que ia encontrar tantas pessoas com a mesma noção das músicas ruins dos Beatls que eu… hehehe! Pelo visto, assim como no geral, nas ruins todo mundo entende que as músicas são mais ou menos as mesmas… HEHEHEHEH

  5. Doutor Estranho

    Apesar de curtir todas de uma maneira diferente eu até concordo com a lista, a não ser por Octops’s Garden. Acho que ela é uma das melhores do Abbey Road porque ela nos causa uma imersão maior do que várias outras músicas do álbum. Ela é a única música que nos da a sensação de leveza que os Beatles possuíam, e num período de oscilações de gênero tão grande eu acho que ela é uma grande válvula de escalpe, necessária, de um álbum tão diferente como o Abbey Road.

  6. Roberto Ferrante

    Vc gosta de “Dear Prudence”?
    Na minha opinião é a música mais boba e chata deles. Foi feita pra filha de uma amiga do lennon… a letra é muito boba… Mas isso não significa que a música é ruim. Enfim. Acho boba.

  7. Roberto Ferrante

    Vc gosta de “Dear Prudence”?
    Na minha opinião é a música mais boba e chata deles. Foi feita pra irmã de uma amiga do lennon… a letra é muito boba… Mas isso não significa que a música é ruim. Enfim. Acho boba.

  8. Random

    Você é fan dos Beatles na casa do caralho, você e mais um bosta que acha que o paul é o dono da banda, desde quando alguém do mundo vai achar yellow submarine uma música ruim. Se você acha essas músicas ruins é porque nunca escutou musicas de qualquer outra banda

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