Antes e Depois Filmes – Powder

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Aproveitando o sucesso (?) da série Antes e Depois sobre jogos, decidi agora acrescentar filmes também. Nada mais justo, pois a ideia original surgiu a partir do filme O Iluminado (veja aqui o post original)…

Para você que não sabe, a série Antes e Depois compara as impressões originais de uma obra (jogo ou filme) com as novas impressões atuais. O objetivo é perceber as mudanças de opinião sobre uma mesma obra em função da mudança de contexto social e intelectual. Em suma, um filme assistido há muito tempo causaria o mesmo impacto se assistido hoje?

Para começar, escolhi o filme Powder

 

O que era

Não me lembro do enredo do filme, apenas me recordo de envolver inteligência e poderes. O personagem principal é um jovem super inteligente que, talvez por isso, possuía alguns poderes. Em função de ser diferente, sofria preconceitos (bullying normal de americano idiota).

Se não me engano, Fenômeno (com John Travolta) possui o mesmo estilo de Powder – pessoa simples que se diferencia devido à capacidade cerebral elevada impactando na vida das pessoas comuns. Clássica trajetória do herói, estrutura mitológica que dificilmente falha no quesito diversão…

O que é

Untitled-2Powder é um drama com 111 min, de 1995, escrito e dirigido por Victor Salva. O elenco principal é formado por Sean Patrick Flanery, Mary Steenburgen, Lance Henriksen e Jeff Goldblum.

Após a morte de um idoso, que se acreditava morar sozinho, o xerife da pequena cidade descobre o neto do falecido morando no porão da casa. A psicóloga da cidade leva Jeremy para um orfanato, mas o jovem não consegue se adaptar, pois sofre preconceito por ser muito diferente – além de apresentar a pele totalmente branca e sem pelos, ainda possui uma inteligência extraordinária e poderes paranormais.

O que passou a ser

A sensação de tempo é muito diferente. A impressão que tive desta vez foi que os eventos aconteceram rápido demais, não deu tempo de me conectar emocionalmente com os personagens ou com a trama. Senti falta de um maior detalhamento dos personagens, um aprofundamento biográfico. Claro que as atuações deixam muito a desejar…

Ao contrário do que me lembrava, a inteligência superior de Jeremy não é colocada à prova e seus poderes não são detalhados ou Powder 10explicados minimamente (há apenas o flashback de sua mãe, ainda grávida, tomando o raio na cabeça). Além disso, as cenas de bullying são tão mal construídas que acabam por não significar muito no enredo.

A impressão que fica é a de um filme infantil, uma tentativa rasa de seguir a estrutura clássica de narrativa cinematográfica – apesar de todas as etapas estarem presentes, não são bem trabalhadas. Fenômeno é muito melhor…

Volta aqui a questão do tempo. A identificação emocional (para a imersão) está diretamente ligada ao aprofundamento da narrativa. O detalhamento da informação serve tanto para a criação de verossimilhança quanto para nos convencer daquela realidade. Talvez, a impressão de ser infantil ocorra devido a esta falta de conteúdo narrativo, a esta “pressa” sobre a exposição dos eventos.

Provavelmente, só terei certeza assistindo aos próximos títulos da série Antes e Depois Filmes, mas fica aí a impressão inicial.

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

Este post tem 5 comentários

  1. Confesso que gostei do filme quando o assisti pela primeira vez. Não sei qual seria a minha reação se visse o filme hoje!!! 🙂

  2. toddy

    Não conhecia esse filme e essa imagem tá parecendo com a do elektro do novo filme do omi- araia! hhauhauhahaua

  3. GuilhermeCunha

    Discordo totalmente. Não acho realmente que seja preciso detalhar tudo. Ainda mais porque, como o Professor vivido pelo Jeff Goldblum procura deixar claro, nenhuma das pessoas da cidade tinha capacidade intelectual pra entender os poderes do Jeremy e esses poderes dele não são o ponto fundamental da história do filme e sim a rejeição que ele sofre por ser diferente.

    Em Fenômeno acontece a mesma coisa quando o próprio personagem do Travolta fala que preferia acreditar que os poderes dele vieram de uma forma de câncer e não de um raio extraterrestre.
    Outro exemplo parecido acontece em À Espera de um Milagre, vc nunca sabe quem é ou de onde veio o John Cofeey e isso não atrapalha o filme.

    Na verdade eu achei que esse post ia ser sobre a questão da pedofilia, mas deixa pra lá… KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    1. Gustavo Audi

      Mesmo não sendo o foco, se tivessem trabalhado melhor a questão dos poderes, seria muito mais legal…

      Na minha opinião, a falta do detalhamento, neste filme específico, causou o esvaziamento das cenas, pois as coisas aconteciam de forma muito vazia. Não tive tempo de gostar ou desgostar de nenhum personagem.

      Entretanto, o detalhamento a que me refiro não precisa ser direto, através de conteúdo narrado, mas deve estar presente mesmo que indiretamente. Em A Espera de um Milagre, apesar de nada ser dito, temos como pensar sobre a origem e propósito de John Coffey. São técnicas do roteiro e da direção – coisa que não existe em Powder. Além disso, a construção dos personagens de a Espera de um Milagre são infinitamente superiores…

      Qual cena de pedofilia? É a cena que o professor pega na mão do Jeremy?

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