FESTIVAL DO RIO 2012 – A difícil arte de fazer escolhas

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Chega um momento na vida em que é preciso fazer escolhas. E esse momento chega todo ano no fim de setembro, fazendo muita gente boa arrancar os cabelos, roer as unhas, afogar-se em café.

Todo ano o Festival do Rio derrama na cidade produções consagradas e premiadas, até mesmo pérolas independentes garimpadas em países em guerra civil. O Festival, assim como o cinema, é a maior diversão. Suas centenas de filmes de inúmeras nacionalidades são a visão do paraíso para os cinéfilos. Fazer a lista, porém, é padecer nele!

Leitor impávido, eu lhe pergunto: Como escolher entre tantas produções? E como casá-las com os raros espaços vazios da sua agenda e com o seu orçamento?

Nunca é fácil fazer uma escolha. E duas, dez, quinze, trinta escolhas são alucinadamente mais difíceis. Tudo começa com uma inofensiva notícia no jornal, por volta do meio do ano, anunciando a data do festival. É quando começam os primeiros sintomas de paranoia.

Ao longo do ano, acompanhar a cobertura de cada festival internacional de cinema faz você arregalar um pouco mais os olhos. Para o novo fenômeno coreano premiado pela crítica em Veneza, para a produção independente aclamada pelo público em Sundance. E logo começa a especular se sua aposta para vencer a disputa de melhor filme no festival de Gramado virá para o Rio.

Quando, enfim, vaza na Internet a seleção preliminar de filmes do Festival do Rio, sua urticária explode, pois, a um mês do evento, embora seu bolso coce, ansioso para alimentar o caixa do Festival, a verdade é que nem os cambistas sabem onde e quando os ingressos serão vendidos.

Contudo, a febre da selva o atropela no instante em que é dada a largada da mostra de filmes, com a liberação pela Internet e pela central de ingressos da venda de passaportes e ingressos avulsos, pois você, cinéfilo que se preze, não pode simplesmente comprá-los. Antes de tudo precisa dramatizar a situação, incorporar o abismo que há entre a generosa e caótica oferta de filmes e as suas escolhas pessoais.

É o estágio final, o estado de choque, quando suas inocentes preferências de filmes são confrontadas com a realidade das salas de cinema distantes duas horas do seu trabalho, das sessões noturnas cujos horários ultrapassam, em muito, o último ônibus para sua casa, e, principalmente dos filmes cujos negativos esbarraram em questões alfandegárias ao tentarem entrar em solo brasileiro.

Sabemos que um cinéfilo é, antes de tudo, forte. O mesmo não se pode dizer dos seus nervos, quando, após meia-hora na fila, o balconista de cabelo branco/loiro/preto moicano lhe comunica que a fita escolhida está presa na aduana, e pede-lhe para escolher outro filme para o horário, que… provavelmente também está na mesma situação. Porém, não desanime. Às vezes dá pra conseguir ingressos para a sua terceira ou quarta escolha.

Mas estou exagerando. Com o passar dos dias a situação costuma se normalizar. quinta, por exemplo, a Internet saiu do ar na Central de Ingressos, e voltou, minutos depois. Coisa de Wi-Fi de país em desenvolvimento. De cinco opções, consegui adquirir três ingressos. Todos para sexta, cujas impressões serão devidamente postadas neste mesmo bat-site.

Aliás, as dicas para escolher os filmes também ficarão para a próxima postagem, pois já há parágrafos demais aqui, e, ora bolas, estamos na Internet, não num bestseller de ficção norte-americano.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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